ONÍRICO,
por João Maria Ludugero.
Vertigem...
Hoje tive um sonho
estranho num labirinto
desses do tipo pesadelo,
de se lutar com desmantelo
debater consigo mesmo,
de pelejar com toda força
de só querer acordar, de súbito.
Só Deus sabe como viajei
assim sem rumo
fui bater no cafundó de Judas,
Onde Maria perdeu o mapa e o dote
E, por pouco, quase não acertei
o caminho de volta.
Isso depois de me valer de todos os credos,
de rezar a varejo, só pra sair inteiro
do tal beco sem saída.
Prendi a respiração,
o ar ficou rarefeito
E foi aí que o vento fez a curva,
entrei na rota do redemoinho
acordei desnudo no chão batido.
Acho que até dormi nos espojadouros,
entrei na baixa da égua
e saí no lombo de uma vaca atolada,
Só de botas sete-léguas
E com a mão no bolso pelo avesso.
E acredite, não estou de lero,
Acordado, continuei a sonhar.
E, apesar de alguns sonhos que me doem,
outros me chegam bem-aventurados,
E insistem em tomar pé, sem querer se ir.
Se tanto me dói que os sonhos passem,
De certo é porque cada instante
em mim é verdadeiro, autêntico,
ao buscar um bem definitivo viver,
onde as coisas do Amor se eternizem,
assim juntamente com as cicatrizes
que a vida me tatuou no peito.
E ainda costumo alertar àqueles
que têm medo de sonhar:
o pior da vida é perder os sonhos de vista
– em todos os reais sentidos,
O mais sagrado da vida
ainda é botar fé no sonho
e nele acreditar acordado.
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