SERIGUELA (POEMA COM ÁGUA NA BOCA),
por João Maria Ludugero
Plantei um pé de seriguela
Lá no quintal da minha modesta casa.
Já vislumbro ele carregadinho de frutos
Começando a amadurecer, tão bonito,
Atraindo sanhaços pro meu jardim.
Mas que riqueza!
Vou poder acordar cedo
Pra adubar a terra,
Cuidar da lida com avidez
Só pra ver de perto brotar, reverdecer
Meu pé de seriguela no maior carrego!
Só de pensar já fico com água na boca.
Quero me fartar, colhendo o dia com gosto
Cheio de frutas verdes, amarelas
E vermelhas, vou me pendurar afoito
Nos galhos, alimentar minhas brincadeiras.
Já descobri que tenho alma de passarinho
E quero lá fincar uma vida inteira, de certo,
Escutando a vida a se morder com os olhos,
Livre e solto nas estripulias de menino
Encantado nessa cantiga regada
Pela polpa amarela da seriguela,
Ao me derramar inteiro
Em suprassumos e néctares
Pelas quatro bocas da minha Várzea!
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