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sábado, 30 de novembro de 2013

RIO DE CONTENTAMENTO, por João Maria Ludugero

Muitas vezes

eu tenho a impressão 
de que algumas alegrias
chegam como ondas de um rio 
que vêm de dentro,
que começam no coração,
brincam de sol e de lua,
causando bem-estar ao corpo,
sentido nos ossos e olhos e,
instantaneamente,
levando clarão para a boca,
brilho para o rosto todo,
com duração para o resto
da vida inteirinha.
E essas ondas vêm à superfície, à tona,
e se a lida mostra algum obstáculo,
o rio responde, transmuda, muda
flui para o alto, dentro e ao redor,
mesmo que não seja visto, de certo,
ele simplesmente nunca se esgota. 
Ora estou disposto 
e livre para entrar nesse rio,
consentir-me a remar 
a nau que me leva
a escancarar meu riso 
de contente!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

HÁ MAR NA CANÇÃO DA TARDE AMENA, por João Maria Ludugero

HÁ MAR NA CANÇÃO DA TARDE AMENA,
por João Maria Ludugero,

Daí fico a manjar em namoro à beleza do mar
Onde encosto a cabeça em órbitas profundas.
Traspassam-me bons ares 
Como se a rosa dos ventos
Atravessasse minha lida.
Reconheço-me no verde-musgo, 
Onde as mãos afagam-no. 
Ambos vicejamos à luz da tarde amena;
Ambos fincamo-nos à natureza esplêndida
Para realçar a longa vida que nos cabe.
Daí fico a manjar esse fosforescer....
Folhas que reverdecem em minha esperança,
Vastidão que alaranja o ânimo de correr dentro 
Enaltecendo a língua ao céu da boca que se en/canta 
Dentro de um poema que fascina a essência da minha vida.

LUDUGERO POR INTEIRO, por João Maria Ludugero

LUDUGERO POR INTEIRO,
João Maria Ludugero.

Quem foi que disse,
Só de cubar a lida, 
Que amores pela metade me satisfazem, 
Que meias amizades me convencem, arre!
Um quase sorrir não me contenta, 
Uma sobra de paz não me tranquiliza,
Estar próximo não diz que cheguei, 
Se foi por um triz não me consola.
Eu não me acho em pedaços à-toa, 
Não almejo meias esperanças, 
Nem ser feliz Inteiro
Não quero meias palavras, 
Não suporto meios termos, 
Não espero meias verdades
Se for pra ser, assim almejo,
Que seja por inteiro de eira ao todo,
Eu sou João Maria Ludugero,
Depois de tantas luas
Depois de tantos sóis,
Tudo o que tenho me basta, proclamo.
E o que não tenho, 
Disso não mais reclamo a varejo,
É justo porque não me faz falta!

AGORA, JÁ! por João Maria Ludugero



AGORA, JÁ!
João Maria Ludugero.

Não só de manjar
Eu passo a cubar as horas da lida.
O agora vive me presenteando 
Com momentos tão bonitos...
Em dádivas e tantas regalias,
Eu só tenho a agradecer
Eu já não quero saber 
Do que não foi, 
Nem do que vai ser.
Vivo só as horas que são!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

LUDUGERAÇÃO, por João Maria Ludugero

LUDUGERAÇÃO,
por João Maria Ludugero.

Mas quem é que sabe da magia, 
E do mistério, dos bem-quistos segredos 
Que os teus olhos escondem, oh Ludugero?
Quem sabe a aurora que por eles adentra 
Esbanjando em autênticas alegrias de ouros e pratas
Em suaves solenes cantigas disparadas da alma?
Há caprichos nos teus olhos arteiros, garoto
Astuto levado menino medonho em folguedos,
Em nuances sempre sonhadas em radiantes acordes.
Teus olhos entretidos e afoitos não se espantam,
Mas inundam-te a íris, multicolorindo tua vida
Até às margens, e transbordam a correr dentro
Numa gota que condensa mil cores em aromas
Das flores que bailam ao sabor de ventos uivantes… 
Ludugero é rio a desaguar sob olhares risonhos. 
Mas que raiz, que facho de luz intenso
Sustentam tuas belas miragens, oh menino?
Acobertas-te sob o sol amar-elo da lida.
Com auréolas em todo o teu corpo partes adiante,
Contagiado pelo teu ansioso coração passarinheiro…
Espaireces-se em mistérios que nem ouso desvendar. 
Repito a contento, como acordes de um sonho,
Iluminados assim, advindos do céu da tua boca!

LUDUGERÁVEL POETA, SONHADOR EM ACORDES, João Maria Ludugero

LUDUGERÁVEL POETA, SONHADOR EM ACORDES,
João Maria Ludugero.

Eu sei que traço uma poesia fortemente engajada na trilha da alma varzeana. 
Talvez o estio em abundância, a leva da lida varzeana alimentem, dia-após-dia, a prontidão dos fios da meada dos versos de João Maria Ludugero. 

Porque há em evidência nos meus textos a tangência do fôlego de esperança que só os poetas e adivinhos pressentem ao afastar o medo da cuca, sem carecer de ser cabotino nos meandros de sua poesia. 

Porque num mundo de aprendizado é preciso cuidar das palavras como se, no seu ventre, elas trouxessem o núcleo prenunciador de uma outra seara. 

Assim, quase tudo em minha escrita quer voar. Minha gente, pessoas jovens, adultas e grisalhas, os lajedos de pedras ao limo, o fogo, a casa situada pela Várzea das Acácias. Porque meus versos sugerem um ritual de iniciação ao belo, uma reaprendizagem do fascínio. 

Isto posto, reafirmo de pronto e o arteiro poema confirma: sonhar é uma imitação do voo liberto, sem gaiolas, fojos ou arapucas...

Só o verso alcança a harmonia que supera os contrários - a condição de sermos terra e a aspiração do eterno etéreo. O poeta vai e a pedra lhe concede a inspiração. Toca no fogo e lhe empresta a ideia da febre da água, como que visando amenização.

De tal sorte, sobrepuja a magia de quem recusa a condição terrestre, ilusão da eternidade, pois, de certo, as aves e os sonhos não envelhecem. É feliz a idade nova que se achega além das asas da penumbra.

Sou, pois tradutor de uma caligrafia que só a pluma da asa pode redigir, reinventa as imensas paisagens do seu torrão, a geografia da ternura que só os pássaros sabem percorrer. E, de nesse diapasão, voo até fora da asa, sem temer assombração.

Pois, a correr dentro e alto em regalias metafóricas, João Maria Ludugero não escreve apenas sobre aves por ter um coração passarinheiro. Escreve em pássaros, a esvoaçar, dentro e alto com o poema alegrando o coração, contenta o ambiente por onde passa. Daí as trevas se dissipam, o choro dá lugar ao riso, a angústia à esperança, a dúvida à confiança absoluta. E por aí, adiante se aventura com sua temperança em escrever seus versos e textos a ganhar o mundo, com sua alma de menino medonho...destemido e levado da breca.

Isso é o mais importante, o que realmente tem valor, o cenário para a verdadeira
felicidade não delimitada ao voo das palavras que se agregam consentidas a voar pelo vão do interior de uma aconchegante escrita. E assim catapulta seus poemas, a abrir celas, porteiras e cancelas... de sentinela ao voo, indo além do horizonte!

SAUDADES EM ACORDES DE SONHOS, por João Maria Ludugero

SAUDADES EM ACORDES DE SONHOS,
por João Maria Ludugero.

Não me desassossego quando a perfeição desse teu voo
Roça a Várzea que me envolve. Mas, afinal, o que sentes agora?
Há sempre a saudade nestas coisas da vida,
Mesmo a mais silenciosa, e, nesta lida de incessantes procelas,
Olhares ultrapassam a linha do horizonte da minha Várzea.

A cada retorno aumenta a distância entre as margens estanques,
Paradeiros que se esbugalham além do apogeu do estio,
Enquanto me descanso do outro que me habita,
Regressam ecos de recordações, alguma morte derradeira,
O que procuras pelas memórias já tão gastas, oh, coração partido?
Perguntar-me-ias por entre cirros que tapam a sombra
Da algarobeira da praça do encontro.

Saberei sempre voltar a colher cajus ou cajás,
Um balaio de mangas no Itapacurá
Pelo vão dos ariscos ou dos Seixos,
Ou próximo aos lajedos e lagoas compridas,
Acolhendo meus passos em volta,
Em mais um crepúsculo que se esgota,
Sorrateiro, silencioso, nostálgico…

E, mesmo que a viagem prossiga depois,
Ou, que a manhã esconda a Estrela Dalva,
Digo-te, sem nenhum medo da cuca atroz
Que o silêncio que me habita ainda está acordado
Por estes agrestes por onde eu me acho a reverdecer
Além mais, dentro e alto, nesta seara de Ângelo Bezerra,
Muito bem dentro do horizonte da minha Várzea amada!


terça-feira, 26 de novembro de 2013

VERSOS DESNUDOS, por João Maria Ludugero

VERSOS DESNUDOS, por João Maria Ludugero 

Sem medo da cuca 
Com todo o ânimo 
Mantenho a serenidade 
Não deixo meus sonhos contidos 
Vou desabrochando minhas verdades 
No vasto mar dos momentos vividos. 
Assim encontro forças pra viver 
O que lateja em meu coração desnudo 
Procurando descoberto me envolver 
Dentro e alto em acordes de sonhos 
Na meada das linhas da minha inspiração.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

OÁSIS-MEIO-ME! por João Maria Ludugero

OÁSIS-MEIO-ME! 
por João Maria Ludugero.

E no silêncio da tarde amena
Enlevam-me as boas lembranças
Que ainda me ninam... 
Que me contam os segredos do interior
Falando-me do rio Joca e do aconchego
Sem alardes, sem medo da cuca, além
Acompanhado dos acordes do vento
Que sopra a correr dentro e alto
Sem mais trazer notícia ou alento
Falando-me da Várzea de outrora 
E de algo assim ainda muito presente
Da metáfora do distante e do próximo
Do oásis ao meio do deserto 
Do (in)quieto adeus que me deste 
Quando tua ida me deixou tristonho 
Assim embalado na tua saudade
Que sinto doer com todo afinco
Mais ao ensejo do entardecer 
Quando o sol alaranja meu coração partido,
Sem ao menos se despedir dos meus sonhos
Quando, mesmo ao fosforescente lusco-fusco, 
Ainda me vejo aos acordes da Estrela Dalva!

domingo, 24 de novembro de 2013

GRAVATÁ, por João Maria Ludugero

GRAVATÁ,
João Maria Ludugero. 

Não é só de manjar, 
Mas lhes asseguro, 
Sou quase sem caule 
Da família das bromélias, 
Sou primo do abacaxi, 
Resistente e de vida longa; 
Minhas folhas são duras, 
Verdes, com a base ou 
As extremidades vermelhas 
Produzo uma fibra usada na confecção de cordas, 
Tapetes, barbantes e mantas para selas. 
Minhas flores têm cálice branco 
E pétalas roxas a enfeitar os Seixos 
Lá da Várzea de Joaninha Mulato! 
Meu fruto é de extasiante amarelo 
Cheio de sementes e de um sabor adocicado, 
Convidativo, mas que corta a língua a gosto... 
João Ludugero comeu muito da minha fruta 
Que apetece até pela exótica essência 
Apesar de que o céu da boca dilacero!

BIOGRAFIA, João Maria Ludugero



BIOGRAFIA,
João Maria Ludugero


Assim é a minha biografia: 
Eu sou nascente do olhar poeta, aprendiz
Navegante na peleja dos rios da vida a alvorecer, 
Sou pássaro imerso nas águas deste cotidiano, atento.
Tenho amigos, muitos amigos, depois de tantas luas,
Amigos que já se foram para o andar de cima,
Amigos que partiram, amigos que chegaram com o sol,
Outros que quebraram o semblante contra o tempo, 
Outros que geraram gerânios nos canteiros do jardim; 
Eu sou João Maria Ludugero, menino medonho;
João maduro que odeia o que acha fácil, 
Que não gosta do que se obtém sem dificuldade, 
Pois João Ludugero gosta das funduras, dentro e alto 
(e sabe que o mar aonde o rio desemboca é feito de abismos abissais); 
Ludugero procura-se achar contente, na meada do fio
E sobrevoa adiante na luz do vento sobre no mar!

POETA JOÃO MARIA LUDUGERO, DOADOR DE CORAÇÃO - EU SOU RIO A DESAGUAR EM RENOVADAS ESPERANÇAS, por João Maria Ludugero.


POETA JOÃO MARIA LUDUGERO, 
DOADOR DE CORAÇÃO
- EU SOU RIO A DESAGUAR 
EM RENOVADAS ESPERANÇAS
por João Maria Ludugero.

Há gente que fica pra sempre
na história da história da gente...
E a esta gente darei tudo o que possuo:
veias, vasos e capilares, tudo a seu tempo,
com suor, sangue e minha riqueza a céu aberto:
EU
e comigo doarei um coração
recauchutado, refeito,
mandando às favas as gravatas
e até os public-relations,
bem-quero apostar no presente único
do ex-cara velho,
que faz poesia como quem carece
mais que água e pão.
Assim aprendo a crescer
e a me multiplicar em letras.
Sim, peças a mim, estou pronto
a tecer o meu ser.
Sou poeta... noite, lua, dia, sol,
mente sã em terra nua;
Feliz, eu sou rio a desaguar em novas esperanças...
Escrever é o meu tesouro de diamantes.
Tomai, bebei em comemoração, este é meu corpo desnudo...
nele posso ser só o que eu quiser!

INÍCIO DE DOMINGO EM VÁRZEA-RN, por João Maria Ludugero

INÍCIO DE DOMINGO EM VÁRZEA-RN,
por João Maria Ludugero.

Início de domingo,
Não se pede cachimbo;
Ouve-se o bem-te-vizinho,
Ali no pé de graviola de Seu Odilon Ludugero;
Come-se tapioca, beiju e caldo de cana-caiana...
E vamos às estripulias na ribanceira do rio Joca!
Esqueçam de cortar/aparar os pelos da venta...
Nem radares captam meus acordes de sonhos!
Acolham-me no berço da Várzea das Acácias,
Pois a primavera bem se achega ávida
Dentro e alto sem medo da cuca, além
Do meu coração de passarinho!

sábado, 23 de novembro de 2013

POETA JOÃO MARIA LUDUGERO, O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO! por João Maria Ludugero

joão maria poeta
POETA JOÃO MARIA LUDUGERO, O HOMEM MAIS FELIZ DO MUNDO!
por João Maria Ludugero.

Em João Maria Ludugero, há um fio condutor: 
Na poesia, no ensaio e no cenário real da vida.
Chama-se Liberdade. É um militante apaixonado da Liberdade;
Como tal e como a outros, este poeta potiguar é adepto 
Em ter liberto o seu coração passarinheiro, 
Que, até fora das asas, delas sempre se serve e nelas confia.
Que não abandona a vasta rota, a um passo da infinita labuta. 
Vai de viagem, com bilhete de ida e volta. 
É tendente a ter ideias que o aprumam, 
Pelas alvissareiras bermas da lida.
A Arte, a Literatura, a Poesia, ficam sempre. São motivos de Vida.
Que me era dado fazer, em possuir assim uma alma tão grande?
Eu sou poeta e escrever me faz sentir o homem mais feliz do mundo!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

LUDUGERÁVEL JASMINEIRO, por João Maria Ludugero

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LUDUGERÁVEL JASMINEIRO,
por João Maria Ludugero.

Tu me destes um pé de de jasmim,
Das mais belas flores que um dia pude ter...
Renovei-as no nicho da minha esperança,
Para que continues, nelas, a viver...

Tu me destes flores de jasmim,
Coloquei-as no alpendre da minha janela...
E alegrei-me de sentinela de uma vez por todas
Feito um afoito menino levado da breca
E não consigo mais sorrir sem olhar para elas...

Tu me destes flores de jasmim,
Plantei-as no canteiro da alma de flor...
Quando as vejo, tudo me enfeitiça desde o interior
E sempre que as toco, elas me dão calma...

Bonitas flores de jasmim, 
Guardei-as espairecido a contento,
Singelas e brancas, como o teu ser...
E seja lá o que aconteça no porvir,
Elas reinarão, sempre, em meu Ludugerável viver
Haja vista meu radiante coração de colibri!

AFIAMBRADO POEMA CANIBAL, por João Maria Ludugero

AFIAMBRADO POEMA CANIBAL,
por João Maria Ludugero.

Só de manjar,
Olho por olho,
Dente por dente
Olho no umbigo
Sebo na barriga
Pitéu voraz na pele
Em carne e osso
No poder da língua afiambrada
A descambar do curtume insosso
É pro seu bico a carne viva
De cubar o encharcada víscera
Este é o nosso costume
A consumação à torta e à direita
De todos os lados a correr dentro
Eiras, cabos, rabos e orelhas
Beiras, línguas afiadas no céu da boca
Das pessoas a quem escolhemos amar.
Tabu da carne: intumescida na tábua
Genitália, músculos, mamilos
Escroto, a vulva em arestas
As solas dos pés descalços
As palmas das mãos eretas,
Fígado e coração deliciosos.

Nesse diapasão, entre perdas e danos,
Acha-se que o canibalismo seria uma bênção.
Quando se passa a usar maxilares
Vorazes quebra-queixos encarnados,
Veias vertentes, aortas e capilares, 
Em volta do pescoço ou pomos 
Ouvir suas vértebras em ponta de agulha,
Osso por osso, adereços sem regalias
Dançando no meu pulso de fascinação
Seus dedos num cinto de castigo
Em torno do cabresto de Vênus 
Num vigoroso abraço íntimo.
Prato do dia: coração a passarinho!
Sobre o peito suado um pingente
Uma trança do seu cabelo em transe.
Noites eu dormirei embalando 
Seu esqueleto afiando a gosto o intuito
Os dentes no seu máxime riso desdentado.
Aos domingos, missa e comunhão, sem espanto
Aí então colocarei suas relíquias aos bofes 
Num nicho para repousar
Depois do quebranto. Zás!

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

VIA COSTEIRA, por João Maria Ludugero

VIA COSTEIRA, por João Maria Ludugero

O mar respira em Natal,
Um pulmão que não é meu
Ouço inchar-se no litoral,
Vasto se derrama na areia,
Devolvendo-se, por inteiro, sem regra,
De todos os lados, de cabo a rabo,
Esbugalhando-se na via costeira
Num perigoso acesso: — Nós
Não temos história e, ainda
Que tivéssemos, nada é nosso
Nesta cidade do sol, de números,
Cifras ao meio, senhas sem milagre,
Nada é nosso, muito menos tudo
Neste corpo que se banha insosso
Em inenarráveis promessas ao desvão
E se encanta com as sílabas dispostas
No ofuscante azul que reforça o oceano, 
Sou feito rio a desaguar em profundo murmúrio vertente 
Que espera seu arremedo aos berros e beiras
Com eterna paciência na careca do morro
Da bonita e colossal Ponta Negra!

BANHO DE RIO, por João Maria Ludugero


BANHO DE RIO,
por João Maria Ludugero.

Que maravilha mergulhar num rio
Ir dentro do rio a nadar, a brincar na lida,
A observar o mundo que nos circunda 
A começar com as águas que se vão 
E nos fazem seguir na total brincadeira 
De que somos únicos, mas não sozinhos; 
Uma agitação a correr dentro e alto
Que leva à tomada de consciência
De nós e da natureza que nos inspira a vivê-la.
Natureza esta que precisa ser preservada e o
Sentido da proteção das águas dos rios e do verde 
Deve ser implantado e, comigo foi assim, 
Ao mergulhar minha vida, desde sempre, 
A partir da velha infância no rio Joca, 
Bem lá na Várzea das Acácias!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

FELIZ IDADE POR VIR, por João Maria Ludugero


FELIZ IDADE POR VIR, 
por João Maria Ludugero. 

É consabido de pleno e elevado instinto 
Ao solene carrego do aprumado porvir: 
Fruta boa não se angustia 
Por estar viçosa em amadurecer! 
Fruta sempre reverdecida 
É manga de cera ou de plástico! 
Fruta boa é carne ávida da vida real: 
Na fome da semente, 
Desfaz-se contente 
Mesmo que se torne madura 
Fora do/ente!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

DONA MARIA DALVA: MINHA MÃE-ESTRELA AMADA, por João Maria Ludugero

DONA MARIA DALVA: MINHA MÃE-ESTRELA AMADA,
por João Maria Ludugero.

Mãe, és a alma mais amada
que tanto neste mundo viveu
Ouve a voz do teu filho João
A te chamar pelo tempo ao desvão
Para provar que não te esqueço,
Linda estrela do meu coração!


Caminho entretido na vida, 
E a alma minha entrelaçada
A esperar com resignação
O momento certo do nosso reencontro.
Eu sei Mãe, nunca iremos esquecê-la,
Só lamento tua partida ao céu,
Mas sei que é momentânea nossa separação
Porque um dia nos reencontraremos
Numa outra vida,
Num outro plano!


O amor puro e verdadeiro
Não se perde no vazio da lida.
Diante da promessa de nosso bom Deus
Sei que está longe de vivermos essa eternidade
Mas é para ti que escrevo essa poesia
Ao quebrar um pote de fantasias
Doces momentos se abrem pra sempre
Contigo em meu pensamento,
Apesar do meu coração partido!


Fico nessa vida,
Rio de alegria...e choro...
E brota escondida lágrima de tristeza
Dos olhos meus que ainda brilham,
Apesar do corpo inerte 
Assim tão cheio de saudades
Do teu abraço de mãe estrelada
Tu que eu nesse mundo tanto queria,
Lembras dos carinhos deste filho teu!
Alinhada fica essa poesia
E uma rosa a dizer adeus!

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

SINUCA, por João Maria Ludugero


SINUCA,
por João Maria Ludugero.

Salão de sinuca
De seu Otávio Gomes de Moura,
De seu Lula Florêncio, pai do Silva,
Várzea das Acácias a correr dentro
Pelo beco de seu Antonio Duaca
Preto bate branco e pardo
Bota na linha com afinco o cabra,
Embola enrola esfola a lida,
Assola embirra esbarra tudo,
Escarra a giz em miolo da memória,
Cuca maluca labuta luta dis-
Puta do assaz capeta,
Taco contra taco no saco
No balacobaco do Picica,
Aos sopapos, eiras e beiras
Num magote de moleques
Levados da breca 
Numa noite coice 
Nuca sem medo da cuca
Bate que bate no breque
Bola contra bola ao retoque
Rebate as caraminholas 
Na cabeça do cabra
Pelos becos pelas ruas 
Pelos açoites pelos panos
Pela noite a dentro rola
A assanhar os pelos da venta
Bola contra bola 
Enrosca na birosca do craúna,
Rola a carapuça sem chibata, 
Escapole pelas quatro bocas
O último tostão da aposta cabotina, 
Preto bate branco à torta e à direita
Bate preto em terno furdúncio,
Chance tapa coice na chapa
Açoite estala no breu da noite
É bola que rola, não é tito ou bala 
Que dispara e estala pela vida
Desfia desafia afia a fila que desfila
Do xerém à macaxeira, 
Porfia em pormenores
A cria o taco o troco a vala
Sufoco pelas barbas atrozes
Cara contra cara afoita até
Encarar a face dentro e fora 
Caça à contra graça dos rapazes,
Arregaça antes da esfola
Encara bate e cala a escuta
Escancara na hora a bola e a língua
No embalo radiante da caçapa…

SEARA VARZEANA, por João Maria Ludugero


Cavalo de nuvem
SEARA VARZEANA, por João Maria Ludugero.

Ao entrelaçar das mãos, na ênfase do aceno,
Alados sonhos em iluminados acordes 
Dispostos em asas de passarinhos, preces, poemas…
Ao azul do céu a partir das asas soltas ao vento,
Desenvoltas, em nós, à crina de um alazão.

E as andanças ao léu, arautos da paz, emblemas.
Em riacho do mel ou num divagar airoso 
Em açude verde-musgoso sereno.
Ao céu o corpo, a alma, o coração pleno,
O gesto, a tom da voz em cantigas, 
O hálito das beldroegas e fedegosos.

Verso alado fora da asa, espairece de contente. 
Lua de seda já disposta na tarde amena
A fosforescer o rosto do menino varzeano
A trilhar o vão dos nenúfares, penugens, carícias de novembro
E o beijo do colibri afoito que explode 
Em ervas-doces, hortelã, rebuçado.

Ao interior da Várzea desce o céu 
Habitado por pássaros, por ninhos e outras folhagens
A reverdecer a crina do agreste potiguar.
Enquanto de sentinela na torre da igreja azul
A mão de São Pedro Apóstolo lavra um leito de luz purpurina.
Do amor, o mais terno, o mais nobre, o ‘varzeamado’.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

EU SOU JOÃO MARIA LUDUGERO: O POETA MAIS RICO DO MUNDO


EU SOU JOÃO MARIA LUDUGERO:
O POETA MAIS RICO DO MUNDO

Não é só de manjar, 
Eu sou João Maria Ludugero,
Poeta, menino medonho 
E arteiro em acordes 
De sonhos renovados...
Eu me acho inteiro, rico,
Ponderado em dádivas:
Se nada tivesse, teria tudo 
Se ainda me restasse 
A capacidade de sentir, criar e amar.
Escrever me completa com gosto,
Fazer versos me fascina, 
Seja com peso ou sem rima,
Passo aos quilates, contemplativo,
Sem carecer ser cabotino,
A converter a matéria-prima 
Em obra repleta de essência
Que aromatiza a alma em flor, 
Sou tal qual um astuto colibri 
Atravessando meu coração passarinheiro.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

O COLIBRI E A FLOR-SERPENTE, Por João Maria Ludugero

O COLIBRI E A FLOR-SERPENTE,
Por João Maria Ludugero.


Azula que azuleja a flor de lis...
Linhas soltas pelas cancelas abertas
Da cantiga do bem-te-vizinho
Que não se ouve em nenhuma rádio
E fora dos arredores da Várzea
Não quer chegar
Ao fim

Verde lume que vaga, perfuma e diz
Na seda da tez do colibri astuto
Em semblante de poesia
Dentro da tarde amena
Que me nina; que o
Corpo dos versos
Se refaz incontido
No avesso desse
Bico; serpente
Mais de uma vez

E assim, genuinamente persiste
Pela cor indefectível
Da pétala da flor reverdecida,
Mas que insiste a adejar
Em letras de paixão
Onde se esboroa
E chega a cair a coroa da alma

Até mesmo no chão
Há emoção compartilhada
Pelo rastejo de palavras
E no espairecimento
Da ilusão com afinco

Não dá para resistir
E os versos ficam por aqui;
Nu recôncavo aberto
Das mãos tenazes,
Rumo ao coração
Por todas as vidas

Vai agrisalhando os sonhos
Na cor fendida ao estágio
De uma dor amor/tecida
Ludibriando o acaso
Em acordes sonhados,
Como se pecado fosse o cio
O Amor sem estio não se esvai,
Que não mais quer se apagar nas linhas
Desenhadas de uma flor
Nascida ao cunho do giz
Mas se emoldura,
Continua a azular
Toda a flor de lis.
Mas, ao juízo da verde cobra,
Ressalte-se o bote ao vão da meretriz.
E, agora, como deixar o coração partido?