POEMA EM-BANANA-DO, por João Maria Ludugero
Banana
Banana ouro
Banana maçã
Banana prata
Banana nanica
Banana da terra
Banana da casca amarela
Sabor de virgens cunhãs
Sabor de lindas donzelas
Banana da casca dourada
Da notável Carmem Miranda
Desde a americana à brasileira
Da água, do rio, da praia, cascata e raia
De cantiga aos favos de mel e granola
Ganha a moça faceira, ganha a outra
Numa penca de dar gosto de sobra...
Banana atrevida e ávida
Desde a casca manchada
Graúda banana nanica
Banana para as massas
Que engorda e engravida
Que delícia de banana da terra
Fritura, fartura e sabor
Cachaça que refrigera
Feijão, farinha e vapor
Banana para utópicos
Para reis e para súditos no seio do rebuliço
De sólidos, vassalos e bólidos em alpendres
E até daqueles que lhes arrancam as pregas
Eternos e súbitos magotes levados da breca
Desde o escorrego na casca da banana
Banana acadêmica, filão poético
De Rui, Drummond a Guimarães,
Banana de verve cênica em prosa
De auxílio e capitães em polvorosa
Há banana caras e baratas,
Singulares, polpudas, populares e chulas
Sustento das castas em pleno alvoroço
De manga-largas a desvairadas mulas
Banana astuta de dar água na boca
Banana tão assim fálica figura triunfal
De enrustidos adeptos mais afoitos
Consolo das criaturas nefastas
Do maior preconceito abjeto e tal
Banana pacata para o povo
Banana pra toda boa gente
Banana com mel, óleo e ovo
Banana até para o presidente
Banana de todo jeito
Entre as prateleiras e jiraus
Em vãos, caçarolas e peitos
Em camas e até nas cadeiras
Nação que merece banana
Pelo clima, por baixo e por cima
É nação que nunca dá trégua
Brasil que demonstra e ensina a seleção da lida,
Mas onde muitos ainda morrem à míngua
Nesse Brasil de muitas bananas, arre égua!
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