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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

ORGULHO RENOVARZEADO


AUTOR: João Maria Ludugero.


Os dias passam apressados, as horas
Passam depressa, a vida passa depressa demais...
A Cada dia que passa, eu passo por ti, e percebo,
De passagem, que teimas em me dizer:
Hoje renasci, hoje nasci de novo!

Mas como renasceste, se o mundo
Não é novo para ti, apesar das coisas novas
Que foram atiradas na tua janela entreaberta,
Na tua tela delimitada, na tua cela de sonhos
De menina que virou mulher, mas ainda insiste
Em acreditar na força de suas compridas tranças,
Mesmo ciente de que aquelas não passam de um aplique?



Se a chuva que cai no céu da minha Várzea
Tornou-se um Vapor que respinga seus cristais,
Se esse Vapor considerado tão vital
Nem sequer ainda te batizou, como renasceste,
Conta-me aqui, dá-me a certeza, pois que não mentes?

Oh, minha Garota-desejo, menina varzeana,
Vamos pois viver um viver puro, nítido, real,
Vamos pois afastar de nós toda tristeza, agora,
Vamos pois desatar todos os nós que possam ser desatados,
Sem corte, sem cobranças, sem esporas, sem demora,
sem choques, porque o ontem já passou:
Se foste mesquinha? foste boa menina?

Isso agora não vem muito ao caso, pouco importa,
Não tem deveras a merecida importância, de fato,
Que venha o esquecimento!
E que fique somente dessa Várzea de ontem
A essência, o que ficou lapidado, de pronto,
Do ouro íntimo do que amei e sofri,
Do que vivi, palmilhando pelos caminhos
Das esperanças novas, e daquelas que renovei votos,
Ao acreditar no novo tempo, aprendi muito,
no despertar desse menino tão varzeano,
Do despertar dessa Várzea que sonhamos,
Da Várzea que queremos para nós e para nossos filhos,
De uma Várzea acordada na certeza de que melhores dias virão!


Agora, a cada instante, ao bem e à alegria,
Eu suplico em minhas preces, o meu intento.
Tudo isso será propício, advindo do devido equilíbrio
Tão necessário e tão essencial à razão da nossa existência.
Meu decidido afã: ser vertente da água da bondade
Ser um rio bonito, preservar a beleza do lugar, ser o rio Joca
Matar a sede das bocas ávidas, sedentas bocas,
Fertilizar o chão que me dá chão, bendito solo,
Abraçar meu irmão, cuidar de tudo ao meu redor,
Ser belo, seja por dentro e por fora,
Ser minha própria Paz - a paz dos outros varzeanos,
Seu regozijo - meu regozijo, minha riqueza multiplicada
Ao dividor meu sonhar - meu sonho acordado!

Meu cristalino pranto de felicidade, eu choro é de contente,
Porque também se chora de alegria, de felicidade, sabia?
E essa alegria alheia é maior quando começa a pulsar em nós,
A partir do interior da gente, de quantos corações palpitem
Nos orbes infinitos, nos cuidados que teremos a cada dia que passa
Criando e acreditando nessa nova Várzea!

Então, logo haverás de dizer, com toda razão:
Hoje renasci, ao acordar para um novo tempo!
Hoje eu sou um novo Varzeano, com muito orgulho,
Porque amo demais esse lugar, esse chão tão fértil,
Tão abençoado por São Pedro Apóstolo!
E tenho dito: Amo muito tudo isso, minha Várzea!
E quero que todos saibam disso, a todo instante, a cada dia!

20 Nov 2009
CARO AMIGO DIOGO RIBEIRO, PARABÉNS!

Direto de Brasília-DF, aos 19 de novembro de 2009.
CARO AMIGO DIOGO RIBEIRO,
PARABÉNS PELA SUA APROVAÇÃO NO EXAME DE ORDEM DA OAB-RN!
Ao felicitá-lo pela vitória alcançada em sua aprovação no Exame de Ordem da OAB-RN, faço votos para que os novos desafios que lhe aguardam no exercício da Advocacia sejam enfrentados com coragem e determinação, na crença de que podemos contribuir para um mundo melhor, onde haja Paz e Justiça.
Tenho a certeza de que virtudes não lhe faltam para o bom combate, que o seu senso de Justiça o conduzirá com êxito pelos novos caminhos da Justiça e do Direito.
Saiba que fiquei muito feliz com a boa notícia, e não poderia deixar passar em branco, portanto, venho lhe apresentar minhas congratulações por mais esta conquista em sua vida; e que, ao lutar pelo Direito, enfrente com brilhantismo os novos desafios que lhe aguardam.
Que Deus siga iluminando sua vida nesta nova fase que se inicia, com muito sucesso, saúde, vitórias e sabedoria ao fazer uso desta nova e honrada identidade, que o fez e o fará tão diferente de muitos outros (Dos 1.067 bacharéis em Direito do Rio Grande do Norte, inscritos no Exame da OAB, apenas 132 foram aprovados, ou seja, somente 12,4% dos candidatos, e, dentre esse reduzido número está Você, que se sobressaiu com merecido êxito)!
PARABÉNS A VOCÊ, MAIS UM PALADINO DA JUSTIÇA!
MUITAS FELICIDADES, HOJE E SEMPRE!
ESTES SÃO MEUS SINCEROS VOTOS, EXTENSIVOS AOS SEUS DIGNÍSSIMOS FAMILIARES.

Abraços do Amigo
João Maria Ludugero da Silva,Advogado-OAB-DF nº 13.231,
Poeta e Escritor Varzeano, com muito orgulho!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

UM AMOR DE VÁRZEA

UM AMOR DE VÁRZEA



Autor: João Maria Ludugero.



Lá na minha Várzea
A cada dia que nasce
O sol traz sempre uma boa nova,
Traz uma esperança renovada.
O sol traz sempre traz uma Nova Esperança:
A de que um amor sem precedentes.


E esse Amor chega,assim, maiúsculo,
Vem ao nosso encontro, de súbito,
Mesmo que seja ali, cara a cara,
Diante dos nossos olhos,
Diante da praça pública,
No centro da praça do Encontro.


Um dia, sem que estejamos preparados,
O Amor se aloja no nosso peito, relicário.
E justamente nesse dia, de fato,
Tomamos banho de sol e de lua,
Ou se a chuva cair,
Que venha a chuva, a cheia, a enchente,
Cúmplices, dividiremos o guarda-chuva.


Ali andamos de mãos dadas,
Pelas margens do Calango, sem medo da vida,
A imaginar nós, dois em um, de direito,
Cantamos com o vento, sem hora,
Acolhemos as ondas do Amor,
Contemplamos a paisagem varzeana
Ao sabor da natureza viva!
É tão bom se apaixonar.
É tão bom ir andar ali, andarilho,
E acabar por voar, açude a fora,
Bem no interior, no cerne,
Bem no coração da minha Várzea das Acácias!

DE SOBEJO, UM POEMA SEM PEJO

DE SOBEJO, UM POEMA SEM PEJO



Autor: João Maria Ludugero.


Quero olhar para ti, quero porque quero
Desnudar-me, por inteiro, completamente.
Despir-me, sem nenhuma obrigação
Sem ninguém pra desejar que eu seja feliz
Sem nenhum almejar nada em troca,
Sem nenhuma jura, nenhuma fúria,
Sem promessa alguma, nem falcatrua,
Sem cobranças nem compromissos.


Mas dispa-me depressa, a olho nu.
Certifica-te de que nada em mim excede.
Nada em mim expira-te,
Nada em ti me sobra.
Tira-me toda veste, todo pano.
Quero não sentir nenhum pudor,
Quero ser todo porvir.


Porque o que mais me importa agora
É que eu seja simplesmente eu todo nu
Que eu veja o todo, eu comigo, eu consigo.
Dispa-me das minhas vergonhas, sem lenços
Sem pejo sem medo de ser criança,
Sem receio de agarrar teus seios com as mãos
Quero ter essa mulher madura, sem lágrimas,
Quero tecer pensamentos óbvios,
Quero ter cios e ócios singulares,
Quero insistir em não ser apenas os ossos do ofício.


Tira de mim esse abandono que só me dá rugas, de súbito,
Tira-me essa sensação de que há sempre só partida para os meus amores.
Dispa-me dessa fome, dessa sede que tanto me revela, sóbrio ou louco,
Dessa insegurança, dessa timidez que não me faz mais lúcido,
Eu preciso ser despido ao sol, ao calor do entardecer,
E não ter medo de ter asas coladas, que cedem ao Vapor,
Sinceramente, sem ceras nem fugas que me atiram ao abismo,
Preciso de amparo, mas não tenho medo de voar
Não tenho medo de espelhos nem de sombras,
Preciso de chão, mas não temo o movediço,
Preciso estar onde esteja o sol, careço de luz...
Preciso estar ciente do que me tiras, sem embargos,
Dos excessos ou carências desnuda-me, agora, às claras,
Dispa-me logo dessa mágoa que finjo não sentir, poeta que sou,
Por que hoje quero estar assim, desabitado de agouros ou de cismas.
Desnuda-me porque quando me tiras tudo
É que me enches ainda mais.


Deixa-me simplesmente inteiro, sem tirar nem pôr,
Docemente desguarnecido, apenas vestido de luz,
E só me vista de novo dessa beleza que trazes contigo,
Alheia a quaisquer esquadros, à mancheia,
Com tuas mãos em concha, sobejamente
Assim como um parêntese no meio do dia, sol a pino
Feito planta na fotossíntese, relaxadamente sóbrio,
Oxigenadamente afoito, querendo andar e voar
Na tarde amena da minha cidade da felicidade,
Minha Várzea das Acácias, minha Cidade da Cultura!

O CALANGO É TESTEMUNHA

O CALANGO É TESTEMUNHA


Autor: João Maria Ludugero.



Todas as manhãs, todas as tardes- Homens, mulheres e um magote de crianças
Saem para fazer a caminhada que se tornou rotina, um hábito.
O açude do Calango é testemunha,
O açude do Calango pode dizer -,Eles levam o corpo para passear,
Aproveitam para conversar,
Botar os assuntos em dia,
Falar da vida que Deus nos deu
Somente para relaxar o espírito,
Cansar as pernas pra depois descansar.


Ali na minha Várzea há Sol, verde e vento Que bate nos cabelos a desalinhar
A trança das meninas com caras de contente,A fazer valer a simplicidade das coisas,
Que resulta em fazer Nuca abrir seu sorriso mais bonito.

E assim a vida vai passando, passando, diga-se,
Passo a passo, no suor a encharcar as nossas camisas
De tal sorte as pessoas vão e vêm, de passagem,
Nos desvãos de toda manhã vestidas de luz,
Na brisa da tarde que se derrete em serenoNum alaranjado crepúsculo
Que tinge toda a natureza varzeana
E no final não sobra apenas teu rosto na tela...Vejo todas as estampas de flores pintadas com as cores
Que emanam paz e vivacidade inerentes àquele lugar.


Trago à tona teu rosto, mesmo que de longe,
Que ameniza a saudade, Teu rosto repleto de encanto e beleza
Estupidamente pálido e vazio, sombrio,
Porque não me esperaste para a caminhada contigo,
E assim fiquei a ver os patos, eu comigo, apenas,
A nadar nas águas verdes do Calango.


Observo teu rosto multiplicado na indiferença que passa E se perde lentamente na miragem verde-musgo do açude,
E logo ali percebo ansioso que agora estou no caminho certo
E espero renovar minhas forças, revigorar energias, eu consigo,
Desacelerar o passo, aceitar o que pode ser mudado,Embora isso seja parte da minha rotina, pressinto novidades,
Sim, eu tenho companhia, estou rodeado de um magote
De amigos que estão a buscar o mesmo que eu:
Simplesmente viver a vida ao sabor da nossa Várzea,
Caminhando, preservando o que há de mais belo,
Sem expirar a poesia que se vê sob o céu de São Pedro!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

BURUNDANGAS

BURUNDANGAS


Autor: João Maria Ludugero.


Perco-me na burundanga da mente,

Tento-me arrumar na sua confusão
Troco os pés pelas mãos, confuso,
Disparo palavras soltas, sem nexo
Atiro Seixos nas águas do Calango
Jogo-me afoito no espelho do açude
Quase me afogo em águas rasas,
E só acordo quando percebo, de resto
Que o que me ofusca são miragens!


A todo instante, passa um filme
Na minha memória, no âmago,
Sei que estou sendo filmado,
Eu sei de cor e salteado
Que devo retomar minha vida,
Porque as cores que me roubaste
Podem ser reavivadas, recuperadas.
Sei que depois de cair na arapuca, me debati,
Mas acabei por deixar-me apanhar,
Cai no teu laço, mas tenho alma de fênix,
Tanto assim que posso renascer das cinzas...



Eu quero empreender um projeto novo,
Reviver apenas o que valer o tino
Na nova manhã da minha Várzea,
Porque cansei de andar às escuras,
Quero me encontrar onde o sol está,
Renascendo para mim, e para todos,
Depois do breu da escuridão da noite.


Hoje acredito na força do meu braço,
Sem desprezar os sonhos possíveis,
De mil pensamentos cruzados

Nesse caminhar de mistérios, no interior,
Alguns desvendados, outros, ainda obscuros,
Na luz difusa que abre clareira na minha Vargem,
Preciso acreditar nos dias futuros, tudo a partir de agora.
Quero ter objetivos bem definidos, escoar as dúvidas,
Saber bem onde piso, aprender o caminho das pedras;


Careço de metas marcadas, bem delineadas;
Preciso ultrapassar inesperados paredões,
Seja testando a persistência que me é inerente,
Seja renovando a força e a paciência, com garra,
Até serem ultrapassadas todas as barreiras
Que o tempo cuidou de erguer, entre eu e você, menina-desejo!


Eu sigo o caminho da utopia,
Soldado em constante desafio

De lutar, vencer e viver...
Ficar prostrado diante do leite derramado,
Perder a direção, se alienar no rumo, desativar as bússolas,

Pode até acontecer de se cegar diante das coisas feitas,
Pode-se até cair de novo, no alçapão, na cilada,
Pode-se até achar no fundo do fojo, na armadilha,

Mas é preciso não desistir, e desatar os nós, um a um,
Pois é válida a lição que temos a aprender com a lágrima,
Vale a pena perseverar, sobreviver!



Posso até me perder no labirinto da mente,
Mas certamente haverei de encontrar, de fato,
O ponto de saída final, porque delimitei o terreno
Retornarei e, para grata surpresa de muitos, de súbito,

Terei muitas flores pelo caminho,
Quando de volta pra casa, de esperanças renovadas,
Pois as sementes que atirei às margens do caminho,
Com certeza, germinarão todas pelo vão do Arisco,
Pelo Itapacurá afora, e, de tal sorte,
Serei de novo o dono do meu primaveril jardim
Que embeleza ainda mais os ermos caminhos do Vapor,
Que torna cada vez mais viva a minha Várzea das Acácias.


E não importa mais saber quanto tempo terei

Para lá chegar, pois isso já é fato, inconteste,
Uma vez que ali mora a minha felicidade,
Ali na terra de Geraldo Anacleto, seu Bita,
Que já se foi, mas lá de cima, suplica aos santos
Que proteja essa seara sagrada de Ângelo Bezerrra!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

RISOLITA, MULHER-CORAGEM, SIM, SENHORA!
Autor: Ludugero, 08/05/2009.
.
Eu sou poeta - nasci para ser poeta
tenho mil e uma palavras, e mais se preciso for
mesmo assim, muitas vezes, confesso
não sei por onde onde começar
tenho mil e um sonhos e uma plantação de outros
e várias vezes não sei o que se pode sonhar
tenho quimeras, ilusões, devaneios e sementes.
Eu sou poeta - disso eu tenho certeza!
Eu tenho força, desde cedo,
desde a hora em que acordo
eu tenho a alma infinda de ansiedade
eu tenho sempre mais um anseio
posso dormir nas estrelas e acordar na lua
posso fazer do sol o meu recreio
e brincar com seus raios até no meio do gado bravo
como se fossem um feixe de lenha lá dos Seixos
ou brincar com seus raios em qualquer rua lá da minha Várzea
ou lá na beira do Calango, açude de muitas lembranças.
Eu vivo a vida com todos os sentidos,
fazendo de todos um só para amar
e ter Amor pelo simples viver
e viver só por um simples olhar
e num simples olhar ver a alma engrandecer...
Eu sou poeta. Alguém duvida?
Eu não tenho dúvida!
Eu conheço uma mulher-coragem
Eu conheço esta grande mãe chamada Risolita
Eu conheço esta paraibana que veio de Araçagi
aos 20 de novembro de 1967,
para cuidar de terras neste solo potiguar.
Uma senhora naturalizada varzeana,
uma proprietária de terras do infinito da beleza
uma cidadã chamada de
Risolita Ribeiro Ferreira.
Sem ela a definição do que é belo ficaria 'viúva',
pois é uma criatura de beleza ímpar,
um espelho de exemplar grandeza
grande mãe de Rosa, da graciosa Nena,
da alegre Riselda, da bela Neta
de meiga Lena e da amiga Rosimere Queiroz.
Senhora de seriedade, braço firme e forte!
Risolita, de força indomável
grande mãe de Reginaldo (nosso 'Ré')
de Nô, do inesquecível Naldo
(que foram morar lá em Cima);
Mãe de Rosalvo "Xinxa", do Zé Hernandes e
do nosso querido 'Ramo' (Ramonilson).
Risolita, nunca é demais repetir
Não é rasgação de seda,
não é chover no molhado,
Senhora de pulso forte, de laços
de uma grande família.
Risolita, mulher-coragem, de fibra,
fogo que atenua o gelo
da dor na hora da dor,
sabendo ser doce e amável
na medida exata, sensata
a alimentar-se de tamanha fé
em São Pedro apóstolo!
Risolita, senhora de dotes e certeza
do esplendor alcançado da vitória
de estar aqui na aridez do agreste,
sem nunca ter perdido a batalha da vida!
Risolita, mãe e rainha,
do riso e da dor
que fez do coração a sua muralha, seu escudo
e tem como única arma todo o seu Amor.
Além de carregar a coragem no peito,
é dona de bondade, bravura e humildade
Senhora paraibana, mulher de verdade
Sim, senhor! Sim Senhora!
Somos testemunhas dessa realidade.
E este poeta varzeano
acaba de fazer esta mais justa homenagem
A esta grande mulher, mãe, avó e bisavó
que nos deu de presente
um Calango, um açude de muitas memórias,
Não tenho mais palavras...
Obrigado, Deus, por ter criado pessoas
feito Dona Risolita!
Justiça seja dita,
feita e ponto!

AOS CACOS

AOS CACOS


Autor: João Maria Ludugero.


Observando eu as borboletas amarelas
Atrás da luz natural da tela do crepúsculo
Que se pinta com as cores da tarde,
Ali no paredão do açude do Calango,Percorro um punhado de lembranças,
Mergulho no intuito de atravessar
De uma margem à outra as águas verdes do açude,
Mesmo sabendo que estas não me podem afogarMas procuro desprender-me ds mágoas
Que aquela moça me atirou ao peito, sem pesar,
Sem pensar nas sequelas, nas dores que adviriam
Que se infiltrariam na minha alma de menino varzeano.
Ela veio dançando afoita, entrou sem bater a porta,
E como uma louca no devaneio, extasiada, Colou sua boca na minha boca, deixou-me confuso, inebriado,
Mordeu-me a língua, calou-me, fiquei sem verbo, sem palavras.
E ainda assim, ela não se deu por satisfeita
E tirou-me o céu com um beijo.


E eu só sei que resultei assim nesse menino travesso, aturdido,
Estonteado, perturbado, atordoado, atônito, assombrado, pasmado.
E o que posso mais dizer de mim,
Depois da cilada que aquele olhar de tarântula me pregou?
Só sei que fiquei sem chão,
E com o coração nas mãos,
Movediço ali nas areias finas do rio Joca.


E o pesadelo de mim não se afastou,
Apesar de toda reza e oração desvelada,
Nem mesmo quando acordei, ele continuou aceso.
Naquele turbilhão de fantasia, num brilho de pedra falsa,
E eu fiquei descalço a trilhar pelos Seixos
Como que a procurar lucidez em cada canto, em cada retiro,
Senti-me perdido ao te achar no meu caminho, garota-desejo,Porque não passaste de uma miragem a tremular pelo desvão do Vapor
E das lagoas compridas, parecendo uma Iara, mãe d'água varzeana, E que, apesar de toda precaução,
Por pouco não me fez alma penada!

Eu que sempre preferi a claridade às trevas,
Não escapei aos teus encantos...Criei asas e voei, mas toda beleza
Que demonstravas era de vidro,E agora estou eu aqui a juntar meus pedacinhos!

UM PASSEIO PELA VÁRZEA DAS COISAS SIMPLES

UM PASSEIO PELA VÁRZEA DAS COISAS SIMPLES


Autor: João Maria Ludugero.


Várzea, minha Várzea,
Quem me dera eu estar agora
A me aventurar, enveredar-me pela tua mata agreste
Visitar o Vapor de Zuquinha,
Esticar as pernas até o sítio de Zé Canindé,
Fazer uma breve caminhada até ao Maracujá,
Cruzar trilhas e mata-burros,
Apreciar a natureza de cada recanto!


Quem me dera eu me encontrar
Respirando teus ares mais puros,
Quem me dera estar a me banhar
Nos teus retiros, relaxar a alma,
Beber na palma da mão,
Diretamente da fonte do arisco de Virgílio
A mais límpida água doce de tuas vertentes,
Apreciar isso tudo e muito mais,
Sem moderação, sem medo de ser feliz!


Quem me dera, nesse instante, sem pressa,
Fazer jorrar nos lajedos, nos Seixos e Gravatás
Toda beleza que há nas águas barradas, represadas ali,
Que matam a sede do gado nos angicos, nos riachos do mel,
Nos campos e tabuleiros que fazem a vida resistir, prevalecer
por entre cactos, xique-xiques, preás e macambiras.


Quem me dera, deitar à sombra de um verde juazeiro
E apreciar o canto do galo de campina, do sabiá
A quebrar o silêncio da tarde amena,
Numa sinfonia dos deuses, num paraíso tão natural,
Quem me dera ali poder ficar e admirar os pássaros,
Observar com primor os canários de chão, os inhambus
Todos os dias poder contemplar de perto
Os ninhos de anus-brancos e pretos...
Ninhos feitos de gravetos, a acomodar seus ovos no topo dos arbustos.
Seriam os ovos brancos pintados de azuis,
Ou seriam os ovos azuis pintados de branco?


Isso pouco importa, diante das coisas mais simples
E bonitas que só existem no meu lugar, isso é inconteste!
Lá na minha terra de dona Altair, mãe do Rosivaldo,
Minha terra que tem gosto de feliz cidade,
Minha pequena Várzea, meu pedaço de chão
Tão gigante no meu coração de varzeano
Que não nega suas raízes de filho do agreste!

ESPOJADOUROS (POEMA DE AMOR E DE SOMBRAS)

ESPOJADOUROS (POEMA DE AMOR E DE SOMBRAS)


Autor: João Maria Ludugero.



Eu me aventuro ao desbravamento
Eu sigo a mata verde, adentro o caminho do roçado,
Eu persigo trilhas, levanto e finco bandeiras,
Eu me apanho pensando na minha pequena cidade
Da felicidade, minha Várzea de Ângelo Bezerra,
Meu rincão potiguar, minha seara de São Pedro!


Eu me viro pelo avesso, arregaço as mangas,
Eu dobro e desdobro a barra do tempo, em malabarismos,
Eu me acalmo no alvoroço da esquina da rua da matança,
Eu não tenho medo de pólvora nem estampido da rua nova,
Eu sou varzeano, sacudo a poeira e das pedras faço um castelo
E começo de novo, a partir do zero, sem temer às cinzas do Cruzeiro,
Nem aos arames, se preciso for, com todo esmero,
Eu me enveredo pela mata agreste, não me desmantelo,
Apenas atravesso a Vargem bueiros a fora, sem trégua,
Eu sigo o caminho que me leva aos Seixos, léguas e léguas,
Sou detentor de esperanças novas e renovo as velhas!



Eu sei de cor cada endereço, cada beco,
Eu não tenho medo de encruzilhada,
Eu trago nas veias o sangue nobre dos Ludugeros
Com todo orgulho, fiquei sabendo que meu avó era da estirpe
Dos homens de coragem lá do agreste,
Daqueles que não medem esforço, nem distância
Que debulham o milho seco, à mão,
Que pegam touro bravo, no laço,
Que não dão murro em ponta de faca,
Mas podem dar nó em pingo d'água,
Que apanham algodão sob o sol a pino,
Que não têm medo de bicho-papão,
Que papam é o bicho e o figo, se for preciso,
Que não têm medo de lobisomem!


Lobisomem - homem que, segundo a crendice popular varzeana,
Dentre tantas outras, espojava-se, fazia-se cair na terra,
Estendia-se e rebolava-se ao chão, no pó,
Na poeira aquecida onde se espojam os animais...
Vindo a se transformar em lobo e a vagueiar nas noites
De sexta-feira pelas estradas, até encontrar quem,
ferindo-o, o desencantasse... ou por ele se apaixonasse.


Teria sido o meu avó, o Sr. José Ludugero, dessa linhagem?
Nem mito nem lenda, eu acredito mesmo é no sangue e na força
Que corre em minhas veias, que bombeia
O meu coração genuinamente varzeano,
Assim já me fazia acreditar dona Dalila da Conceição,
Minha avó paterna, que, empunhando seu terço
De contas azuis, sua principal arma,
Seu Rosário, essa senhora dominava qualquer lobo ou homem,
Que com fé santa, garra e coragem,
Não se pode negar, ela as tinha de sobra!


Sem desprezar a lenda, apraz-me a história, e conto além,
Como bom varzeano, tento cruzar a nado o rio Joca, cheio
E consigo nele me banhar, como um príncipe,
Que despe seu corpo, disposto ao calor de 36 graus,
Sob o Vapor vital ao som de canários
E bem-te-vis, nele me desnudo, despojado
De fadigas, relaxo os sentidos ao som de pintassilgos
Que afagam meu espírito altivo, numa cantiga canora
Que me faz pássaro alado a flutuar acima de mulungus
Ao som de silêncios e sussurros,
Que me transportam à margem do Calango,
Que fazem meu pensamento se elevar ao castelo dos sonhos,
Enquanto mergulho afoito, e nado no açude do teu corpo,
Só pra não me afogar em tuas lembranças,
Minha Várzea, meu amor!


Quanto à menina-desejo,
De que me importa o seu esquecimento, agora,
Por que carregar esse fardo esse peso, esse desamor
Se já pacifiquei no relicário do meu peito,
Essa dor que se alojou, que veio habitar em mim
E chegou sem pedir licença, entrou tocando cítaras
Com cara de anjo, deixando-me com sintomas
De um menino amedrontado
Do qual tiraram o doce da vida?


Chega de chorar o leite derramdo, de fato!
Da minha janela, eu já ouço teu gemido,
Da minha janela vejo os males do mundo, de passagem,
Mas não mais me assombro com tuas ruínas, oh, menina!
Apesar da minha vida comum, da rotina,
Hoje eu prefiro a simplicidade das coisas da vida,
Não espero mais que me atires tuas tranças,
Não quero mais essa vida de náufrago numa trilha deserta,
Que anda à-toa, que nada, nada e morre no paredão do açude,
A sangrar suas iras, suas mágoas, no raso,
Entre saudades que não valem a pena, oh, menina!


Porque não mais importam teus afagos,
Não mais quero teus beijos apanhados,
Não quero mais essa sua artimanha
Esse querer me bater, só pra assoprar depois.
Chega disso, não quero mais ficar na tua sombra, a esperar por migalhas!
Teus ruídos, teus cheiros se evaporaram, perderam a cor
E a ferrugem tomou conta do seu sorriso apagado...
E pensando bem, já foste tarde!
De uma vez por todas, graças a Deus,
Foste embora juntamente com o carro encantado
E levaste contigo uma mulher que chora, pra sempre,
Na lenda que um dia se fez lá pras bandas do Vapor de Zuquinha!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

VÁRZEA: A NATUREZA VIVA!
Autor: João Maria Ludugero.
.
Quando o sol nascer,
Quando contemplarmos o crepúsculo,
Na brisa do vento
Que balança as frondes
Das duas palmeiras de São Pedro Apóstolo,
Nos dias de secas e
Nos dias de chuvas,
De cheias, de enchentes,
No calor do verão agreste,
Ao nascer dos juncos e dos mata-pastos
Ali no paredão do açude do Maracujá,
Ao se abrirem os brotos nos ariscos de água doce
Na safra de pitombas ali no Itapacurá
E a primavera der o ar da graça,
Quando olharmos o céu estrelado e a lua
Quando olharmos o açude do Calango,
Nas feiras-livres e nos almoços de domingo,
Nas caminhadas da tarde amena...
Em todos esses momentos
Nós nos veremos neles, juntos,
Minha Várzea amada,
Minha Cidade da Cultura,
Minha terra de Joaninha Mulato,
Minha terra de Pasqualino Gomes Teixeira,
Meu Riacho do Mel,
Minha terra prometida!

22
Nov
2009

VÁRZEA: ÁGUAS QUE MOVEM A SAUDADE...



VÁRZEA: ÁGUAS QUE MOVEM A SAUDADE...
Autor: João Maria Ludugero.

Nunca é tarde
Para revirar o baú
dos sonhos acordados.
Careço de mais sonhos,
Quiçá de um arco na íris do meu olhar
Um que seja capaz de me lançar
Aos quatro cantos da minha Várzea,
De me fazer chorar de alegria,
Ao me debulhar em lágrimas
Ao lembrar da minha gente,
Ao me inundar nessas águas
Que nunca se evaporaram de vez
Da minha vida, da minha alma.

Meu acreditar é fervoroso,
Inquieta-me essa coisa de revirar gavetas,
Mexer nas lembranças, recordar.
Gosto de mergulhar nesses riachos
Que me levam Vargem a fora,
Gosto de parecer riacho a correr,
A formar um rio de água salobra,
Um rio chamado Joca...

São tantas águas a escorrer,
A escoar Vapor a fora, na tarde amena,
A dar mais encanto ao lugar,
A inundar os juncos, a fertilizar a roça, o roçado.

Benditas águas advindas do rio, dos riachos
Do sangradouro do Calango, meu açude
De tantos lembranças,
De tontos risos,
De tantas saudades
Que me deixam troncho...

19
Nov
2009

UM DIA, UM ADEUS!



UM DIA, UM ADEUS!
AUTOR: João Maria Ludugero.

Amanhecendo,
O sol chegou e já ilumina toda praça do Encontro.
No canto da sala de estar, ali na casa
Situada na rua Cel. Felipe Jorge,
Eu vi o rosto de Seu Odilon a imaginar
O imenso vão deixado pela ausência de Dona Maria,
Que partiu, mas nunca disse adeus!

Havia tantas cores na terra de Ângelo Bezerra,
Agora são gris, são cinzas os crepúsculos
Que acalentam a tarde amena, de saudades.

Havia um certo Vapor de Zuquinha,
Hoje há vital mormaço
Que toma conta da Vargem,
Uma nuvem dançando e cantando
No entorno de teu olhar, além dos juncos
Muito além do paredão do açude do Calango.

Onde antes avistava porteiras e estrada de chão
Presencio cercas de arames a farpar meu coração.
Cadê a vivacidade das cercas,
cadê a natureza viva,
Cadê o canto dos bem-te-vis?

Ali a gente podia ver também libélulas,
A gente contava estrelas
E até se via exposto nelas
A brilhar num céu de profundo azul.
Agora há uma ausência entrecortada,
A tua ausência, oh, Dona Maria Dalva!

Noite entredormida, canto de pássaros noturnos,
Entre um escuro e outra sombra da noite,
Ainda guardo teu rosto, de resto,
Assim como quem guarda um diamante!

Guardo no relicário os sentimentos, as lembranças.
Conservando, transmutando em mim, teu olhar,
Passo a arrombar todas as celas, todas as algemas,
No intuito de libertar meu coração-antropófago
De mim mesmo, como sê-lo?

Não me perdi, achei-me perdido em tua sina de
Ser, brotar, crescer e se dar.
Mas e agora, o que devo fazer, se fostes embora
E não deixaste cópia da chave do relicário?

As recordações persistem, insistem
Esquecidas e perdidas no alforje de nosso tempo.
Mas as pedras restantes, ah! as restantes...
Lançadas ao espaço, são Seixos lapidados
Foram parar no fundo do açude.
Todas estão imersas nas profundezas
Do Calango, acesas lembranças.

Do voo rasante, atirei os diamantes, digo os Seixos
Na lâmina das águas, e as espirais fizeram arte real, círculos.
De passagem, brota, fica, prevalece lentamente o significado
Da saudade de ti, minha Várzea!

Logo, nasceu, assim, essa dor
Que me corrói por dentro e por fora
A toda hora, dor essa a que chamaram de saudade...
E no meu peito, dentro dele, está guardado um diamante
E acredito que ficará para sempre...
Porque será eterno o diamante da saudade.

18
Nov
2009

SIMPLICIDADE TEM NOME PRÓPRIO: VÁRZEA!



SIMPLICIDADE TEM NOME PRÓPRIO: VÁRZEA!
Autor: João Maria Ludugero.

Meu lugar tem casas simples.
Meu lugar tem casas caiadas.
Meu lugar tem um açude bonito
Que a todos encanta: o Calango.
Meu lugar é todo cheio de carisma
Que envolve sobremaneira
toda a verve poética
Deste varzeano
Que ora se rende, de pronto,
Aos vertentes enlevos,
Aos ruídos e vapores
Que correm, por dentro e por fora,
Da beleza que circunda a alma
E não se expira nunca,
Que está no cerne,
Bem no interior, acolá
Na carne do coração da gente.

Meu lugar se chama Várzea
Suas casas são claras, animadas,
Seus quintais têm jardim em flor e hibiscos.
Suas casas têm janelas abertas
E gente sentada na praça do encontro
Aos ventos
Aos serenos
Ao sol da tarde amena
Que a todos ilumina.

Minha cidade tem alegria, de fato,
Minha cidade tem mel e travos, também,
Mas, acima de tudo,
Tem felicidade de sobra.
Ah, isso tem, sim senhor!
Eu sou testemunha ocular
Do belo que circula
Pelas quatro bocas
Pelos becos, pelos vãos
Que atravessam toda Brasiliano Coelho.

Minha Cidade tem esperanças
Que se renovam todos os dias.
Foi lá que plantei minha vida,
E ali tenho raízes profundas,
Desde os meandros do rio Joca
Aos esquadros,
Nas entrelinhas
Nas conversas, nos versos
Da minha poesia
E nas soleiras
Das portas sem travas
Da minha Várzea das Acácias!

17
Nov
2009

ALGUÉM ME DISSE


ALGUÉM ME DISSE
Autor: João Maria Ludugero.
.
Estou aqui em Brasília, meio tonto,
Estou no Planalto Central do País,
Estou em pleno cerrado,
Vejo-me nessa cela, deserto,
E por onde será que anda minha menina?
Digo menina no sentido de falar, corrijo, pois,
Por onde andará minha Varzeaninha?
Dentro de mim, com certeza!
.
Ao buscar o Amor, perdi-me.
Acho que te achei aturdida,
Atordoada, estonteante;
Perturbada, a me confundir.
Espantada, a me surpreender;
Assombrada, querendo me intimidar.
Amedrontada, a deslumbrar-se.
.
Me achei dentro de mim, e fora também...
No exato momento em que te encontrei
Nesse rio Joca, Nesse Calango cheio,
Nessa cela do peito a transbordar de saudades.
.
Peguei a sela, montei meu cavalo, estribado!
Fiquei a procurar no meio da natureza agreste,
Por todos os quatro cantos dos Seixos,
Aquela criatura nativa, com cheiro de mato.
Achei a mulher amada, mulher varzeana,
Eu que sempre estive selado, sentado ao teu lado,
E nunca havia te achado, nem iria te achar!
.
Sou menino varzeano, calaveiro importuno,
Que não vê a oportunidade
De ficar frente a frente, cara a cara,
Ofegante a esperar tal oportunidade...
E nesse instante preciso, afogarei
Dentro e fora de mim toda mágoa.
Sou cavalheiro, mas não disse a que vim.
Mas não temo, nunca temi!
Eu vim te ver, viver você, minha Varzeaninha!
.
Agora acho que me encontrei...
Acho coisa nenhuma, tenho certeza!
A espera foi deveras afogada nas águas
Do açude do Calango!
Tirei a sela, lavei a poldra.
Maldita espera, arre égua!
Bendita menina-moça-mulher,
Minha Varzeaninha, poço de doçura,
Aquela que me fez afogar nessas águas,
Nessa cela a que chamam de coração,
Simplesmente com toda força do Amor!
Isso sim, é que o se leva da vida:
A vida que a gente leva!
Alguém já me disse isso...

15
Nov
2009

VÁRZEA: UM SONHO ACORDADO!


VÁRZEA: UM SONHO ACORDADO!
Autor: João Maria Ludugero.

De manhãzinha,
Eu acordei bem cedo,
Antes mesmo da chegada
Dos latões de leite "in natura"
Oriundos lá da Lagoa Comprida,
Quando o cheiro de pão quentinho
exala aos quatro cantos
da Cidade da Felicidade.

Acordei
Ainda com os primeiros
Raios de sol
A clarear a barra do horizonte.
Digo acordei
no modo de dizer,
Pois em verdade
Passei a noite em claro,
Sem pregar o olho.
Eu corri a vista,
Em cada travessa
Em cada beco, em cada rua
Em cada praça de encontro
Não consegui dormir
Um instante sequer,
Varei a madrugada
Em pensamentos,
Em vivas lembranças,
A divagar pelos corredores
Da minha saudade,
A vagar pelas tuas bocas,
Minha amada Várzea
Das Acácias!
Acordei...
E acordado, continuo a sonhar
Sonhos possíveis,
A partir de ti,
Minha Cidade da Cultura.
A partir de ti, acordei!

14
Nov
2009

ABC goleia Brasiliense no Frasqueirão pela Série B, veja classificação



Fonte/foto: DN Online

ABC goleia Brasiliense no Frasqueirão pela Série B, veja classificação
.
Diante de um Frasqueirão praticamente vazio, com apenas 510 testemunhas, o ABC goleou o Brasiliense pelo placar de 6 a 2 na tarde deste sábado, pela 36ª rodada da Série B. O dono do jogo foi o atacante Júnior Negão, com três gols. Os outros tentos natalense foram marcados por Gabriel e João Paulo (2), enquanto Fábio Júnior e Júlio César descontaram para os candagos. Por ironia do destino, o placar ajudou o rival América, uma vez que não deixou o "Amarelão" do Distrito Federal desgarrar. O ABC é 19º colcoado com 35 pontos e na próxima rodada pega o Campinense.

Veja os resultados e a classificação da Série B 2009

Encerrados

Portuguesa-SP 1 x 1 Duque de Caxias-RJ
Paraná-PR 3 x 0 Campinense-PB
Vasco da Gama-RJ 2 x 1 América-RN
ABC-RN 6 x 2 Brasiliense-DF
São Caetano-SP 0 x 0 Juventude-RS
Figueirense-SC 2 x 1 Bragantino-SP
Vila Nova-GO 2 x 1 Fortaleza-CE

Paralisado falta de luz

Ceará-CE 1 x 1 Guarani-SP

20h30

Ipatinga-MG x Atlético-GO

Classificação

1 Vasco da Gama-RJ 76
2 Guarani-SP 66 *
3 Ceará-CE 64 *
4 Atlético-GO 62 *
5 Figueirense-SC 60
6 Portuguesa-SP 58
7 Ponte Preta-SP 52
8 Paraná-PR 51
9 Bragantino-SP 50
10 Vila Nova-GO 48
11 São Caetano-SP 48
12 Duque de Caxias-RJ 48
13 Bahia-BA 45
14 Juventude-RS 44
15 América-RN 42
16 Brasiliense-DF 42
17 Ipatinga-MG 42 *
18 Fortaleza-CE 37
19 ABC-RN 35
20 Campinense-PB 33

* Menos um jogo

14
Nov
2009

VÁRZEA: SOL, ÁGUA FRESCA E UMA PITADA DE MUITO SABOR...



VÁRZEA: SOL, ÁGUA FRESCA E UMA PITADA DE MUITO SABOR...
Autor: João Maria Ludugero.

Incrivelmente feliz, lá estou
Deitado na rede de algodão cru
Ou seria numa rede de sisal, pouco importa,
Só sei que me sinto ali, relaxado,
A espreguiçar-me no alpendre
Da antiga casa do Vapor
De seu Zuquinha...

Observo a paisagem varzeana, ao longe,
Vejo, por inteiro, a minha cidade da cultura
Ouço tua voz, menina nativa, mulher varzeana,
Deito-me no teu colo aconchegante,
Dispo-me de toda e qualquer tristeza,
E mergulho nesse santuário da paz infinda!

Piso na areia fina ali na margem do rio Joca;
Retrato a simplicidade do pé na areia, descalço,
Descanso a mente, o espírito e o corpo voa,
Relaxo o todo, passo a passo, à toda parte,
Reacendo os ânimos, alongo-me, deveras,
Busco a energia necessária, em cada recanto,
Em cada refúgio, em cada Retiro de seu Olival
Atiro-me, sem medo de nenhum pesadelo,
Uma vez que me sinto em casa.

E a combinação é perfeita
Seja para afastar todo estresse,
Sem contar com o festival
De sabores irresistíveis
Que só há naquele lugar.
Seja da velha e boa comida caseira,
Dos puros ingredientes da cozinha varzeana,
E dali já se perfaz em motivo
Tanto suficiente para atrair
E aguçar todo tipo de paladar, de fato.

Seja da carne-de-sol às tapiocas, que delícia!
Passando por frutas como umbu, cajá, manga e siriguela,
Entre tantas opções que enchem os olhos da gente
e aguça até mesmo ao paladar mais exigente...
Isso tudo acontece na minha Várzea das Acácias.

Ela tem uma variedade de petiscos, sem igual,
Ela possui grande leva de frutos coloridos,
Cheiros, aromas e ingredientes picantes:
Uma verdadeira festa para os sentidos,
Um verdadeiro pitéu exposto em farta mesa.

Isto sim é que dá gosto de viver, de sentir,
De amar essas coisas por mais simples
que se nos apresentem, de súbito,
Porque a vida é feita disso,
De toda simplicidade
De tanta beleza que limpa a vista,
Que nos faz sentir donos do mundo!

Várzea é de um encanto que a tantos cativa,
Recanto de paz verdadeira, genuína, legítima,
Que retumba, que ecoa aos quatro cantos...
Assim é a minha Várzea de Antonio Coelho,
Assim é a minha Várzea de Otacília Marreiros,
Assim é a minha Várzea de dona Santina de Ocino,
Assim é a minha Várzea de tanta boa-gente,
Assim é a minha terra da felicidade!

13
Nov
2009

O CHAMADO



O CHAMADO
Autor: João Maria Ludugero

Brasília, adeus eu já me vou embora,
Várzea está me chamando pra lá, desde logo, desde ontem.
Meu amigo Picica me convida pra ir ao Itapacurá...
Nas férias não sei onde vou estar,
Certamente, estarei lá, perto das barbas
De São Pedro Apóstolo...
Acho que em algum Retiro ou Arisco
Vou pescar no rio de Nozinho,
Amigos, quero vê-los, em breve
Revê-los... até a saudade matar!

De ficar sozinho aqui eu tenho receio. Não quero isso.
Só de pensar em ouvir o cantar mavioso
Dos pintassilgos me bate aquele enorme sossego,
Suspiro e digo que é cedo, ainda pra sair de lá...
De lá do meu chão, aonde canta o sabiá,
Cedo pra temer o fim do que ainda almejo,
Nunca é tarde para ir morar lá!

Quero ir aos campos da minha Várzea,
Quero repartir ou quebrar uma melancia madura no roçado
Quero colher maxixe, melão e quiabo no quintal
Quero chupar manga no pé, me lambuzar todo
Quero matar a vontade de me embriagar
De licor de jenipapo e salivar na tamarineira...

Quero saborear pitangas
E nadar no açude do Maracujá
Quero jogar uma pelada na Vargem do Cel. José Lúcio
Quero me lambuzar no Riacho do Mel,
Observar o gado no curral,
Seja comendo frutas maduras,
Seja bebendo garapa ou fazendo nada,
Pra ser exato, deitado numa rede de algodão
A contemplar o mais lindo pôr-de-sol do agreste,
Visto lá do açude Calango...

Eis a cidade que está no meu roteiro,
A minha pequena Várzea das Acácias.
Terezinha de Seu Nenê Tomaz de Lima,
Pode ir preparando os inhames e os carás;
Victor, Joyce, Tomazinho e Quincas Anacleto,
Meus caros amigos, também quero revê-los!

Adianto o meu forte abraço para Lila e sua irmã;
Aos pais delas, o Djalma Cruz e a Edileusa Cunha,
A eles também segue meu sincero apreço.
Quero degustar uma boa coalhada
Lá no seu Tida, pai do Beto de Rita,
Abraçar minha gente, bater papo
Com dona Penha e seu Olival,
Quero não me preocupar com as horas,
Quero perder a noção do tempo
Sentado ali na Praça do Encontro;
Vou até tirar o relógio do pulso,
Chega de cronômetros!
Vou desatar os nós, afrouxar as gravatas...
Quero comer feijão com arroz feito um príncipe
Pois saiba que gosto de coisas básicas...
Eu quero apenas adiantar minha viagem pra lá.
Quero depressa sair daqui!

Várzea me chama, estou certo disso!
Eu almejo simplesmente um lugar simples,
De coisas simples e bonitas...
Quero abraçar minha gente simples, hospitaleira.
Me vejo deitado numa rede de algodão no alpendre
Ali na casa de Seu Odilon, soldado do bem e da paz,
Na sede da minha cidade da felicidade, bem ali no centro,
Acolá na rua Cel. Felipe Jorge, esqueci o número, não precisa!
Aguarde-me, pois, minha Várzea de Gabriela Maurício de Pontes,
Vejo-te em breve!

09
Nov
2009

VÁRZEA ENVOLVIDA EM CHEIROS E LAVANDAS



VÁRZEA ENVOLVIDA EM CHEIROS E LAVANDAS
Autor: João Maria Ludugero.

Eu preciso me banhar no açude
Eu preciso mergulhar no Calango
Senão o que faço com teu cheiro
Que não arreda o meu corpo
Que não se desprende do meu espírito
Que ainda está em mim, na rua da pedra
No emaranhado da rua do arame
Na ramas da fazenda Marisa, nos maracujás
Nas poças das águas de chuva represadas nos lajedos
Nos Seixos, nas Vertentes dos Ariscos,
Nas lagoas grandes e compridas da minha saudade...

Saudade que parece esticar o couro da gente
Na rua do curtume, num varal na rua da matança,
No sal e na lágrima que encharca a alma da gente
E descamba bueiros abaixo,
Escoando nossas lágrimas Vargem afora
E nesse ínterim, lembro-me de dona Zidora a bater
Sua trouxa de roupa nas cacimbas do rio,
A estender lençóis brancos no quaradouro
Ali nas areias brancas do rio Joca.

E a saudade não quer sair, prevalece,
E a lágrima insiste em rolar no meu rosto
E eu não estou disposto a ficar quieto,
Eu gosto de remexer nos cheiros e ruídos de outrora.

Daí me pego a indagar, o pensamento voa
Eu me vejo a ruminar, a querer dar sentido ao que me atordoa,
O que é que faço com teus beijos, menina nativa, me diga,
Se teus lábios ainda permanecem nos meus, colados.
Na minha boca ressecada, a brisa passa sem pressa,
E eu não disfarço, ainda preciso sentir o gosto do céu, na tua boca...

E aquela trança nos teus cabelos, como esquecê-la, de pronto
Se teu cheiro de alfazema, de lavanda ainda sonda meu corpo,
Como uma onda que vai e vem, assim pressinto teu rosto a sorrir,
E uma fita de cetim a prender teus fios, teu cabelo dourado.

Tudo isso me marca, num açude de lembranças saudáveis
E estimulantes, num banho de aromas e essências
Que só existem na minha pequena Várzea das Acácias...

Oh, menina varzeana, o que é que faço sem teus olhos
Pequenos e brilhantes nas tardes fagueiras do Vapor,
O que é que eu faço sem tua boca de carmim,
Deliciosamente encarnada, morna, nunca insossa,
Céu da morada da minha língua, que se perdeu na mudez
De outras bocas que não me levaram a nada?

A gente aprendia a sonhar junto, e tanto acreditava.
Tecia a alegria e a bondade, sem medo de ser feliz.
E agora o que é que eu faço com esta solidão tão antiga
Que me persegue e me deixa tão indefeso,
Toda tarde quando o sol se vai?

Queria cessar esse pranto agora!
Desatar esta dor para ela ir embora, de vez.
Sabe, eu só te queria pra sempre, menina nativa,
Pra gente, quando velhinho, brincar nem que fosse
de contar histórias de vidas bem vividas, verídicas,
pra um magote de meninos e meninas,
Quiçá nossos netinhos varzeanos?

07
Nov
2009

TUA BOCA TEM GOSTO DE CÉU



TUA BOCA TEM GOSTO DE CÉU
Autor: João Maria Ludugero.

Menina varzeana, menina nativa,
Filha da terra de Ângelo Bezerra.
Menina dos olhos de jabuticaba,
Se for para morrer, quero que seja no teu abraço;
Se for para morrer, quero que seja no céu da tua boca,
Ardendo na febre do teu beijo...

Tua língua roça meu desejo, meu corpo
És toda feitiço quando falas, tempero.
E quando beijas, sinto-me a levitar,
Parece até que me transporto
Em vida, direto ao paraíso!

Tua boca é feito vulcão que me incendeia
Portal da saliva, entrada do céu da boca
Que me queima por dentro e por fora,
Dias inteiros e noites em claro.

Tua boca é moenda
Que me arrebata a lucidez, o tino;
Ritual para o destino que une meus versos
Ternura que algema minha alma,
Que põe fogo na cela do meu coração
E atira a chave fora, de súbito.
Que o diga São Pedro apóstolo,
Conhecedor que é de toda sorte de chaves
Que me proteja, meu santo,
Das agruras da vida e da sorte!

Mas, se é para ficar longe de ti, assim espero,
Prefiro mil vezes perder a chave do cofre
E deixar a carne do meu coração
Sangrar até à morte, sem pedir socorro...
O que esperar da vida, se não tiver teu beijo?

05
Nov
2009

DA COR DA ESPERANÇA



DA COR DA ESPERANÇA
Autor: João Maria Ludugero.

Hoje acordei esperançoso
Acordei com o soar das horas verdes...
Observei além das duas imperiais palmeiras verdejantes
Escutei o relógio da igreja-matriz de São Pedro apóstolo
A badalar por esperanças novas,
A suplicar por dias melhores,
Já nem sei se espero.

Eu vi o revoar de andorinhas
Eu vi o revoar de pardais
Enquanto a esperança bate, e rebate
Eu vi as flores na praça do encontro,
Eu vi a frondosa algarobeira, viçosa;
Eu vi as flores nos jardins varzeanos,
Eu vi as flores na Vargem, e seus juncos.

Novas esperanças são sempre bem-vindas.
Amanhã, quem sabe, elas descerão
Pela rua da pedra, pela rua do arame
Chegarão ainda cedo ao portão...
Antes tarde do que nunca!

Espero que uma delas atravesse
A Brasiliano Coelho de Oliveira, e siga sua missão,
Pouse no muro do Educandário Pe. João Maria
e me leve bem para dentro de ti,
Para o interior da minha Várzea das Acácias!

04
Nov
2009

POEMA DA ENQUETE: JÁ FOI ESCOLHIDA A GATA VARZEANA DO ANO! E A VENCEDORA É...



POEMA DA ENQUETE: JÁ FOI ESCOLHIDA A GATA VARZEANA DO ANO!
E A VENCEDORA É...
Autor: João Maria Ludugero.

Eu mereço, eu careço, eu necessito,
Não esmoreço, sob o Vapor vital amanheço,
Eu caminho lado a lado com a boniteza
Eu limpo a vista, não estou sozinho nessa
Eu quero estar perto da dona da doçura
Eu quero cuidar de agora em diante
De viver cada detalhe e o prumo
Eu quero a limpidez da correnteza
De perceber quem Deus fez assim
Tão bonita numa forma varzeana,
Aos moldes da dona dos olhos
Do belo que agora vejo, precisamente.

Eu tenho necessidade de você,
Minha gata, doce Rapunzel, eu reflito
Princesa ou rainha, pouco importa,
Nessa enquete de momento, participo,
Necessito dar imediata opinião!

Então, desde logo, voto, em todas!
Como esconder minha preferência,
Se sou testemunha ocular, com orgulho,
da tua beleza, de fato, tua pele tão fascinante,
Seja pela bendita retina, oh, menina-moça!
Seja pela íris do meu olhar afoito de cavalheiro?

Eu vislumbro todas as cores, ao ensejo,
Eu contemplo o arco em flor na tua testa,
Uma vez que tua trança perfeita no cabelo
Há muito já me fez a cabeça!

Prazeroso, de cabeça erguida, extasio-me.
Atiro-me feito náufrago, atento, lúcido
Sujeito-me, entro de cabeça, me jogo
A suplicar boca-a-boca o teu beijo, louco,
Numa operação de salvação,
Ou de perder a cabeça, sem medo!

Menina nativa, mulher varzeana,
Dona do meu sonho acordado...
Assim eu sonho, de verdade, anoiteço,
E ainda canto, entoo uma canção
Que fala de amor e de admiração,
Que não cabe em esquadros nem molduras
Nesse poema, pois me faltam adjetivos.

Assim eu me inspiro, não me expiro,
Eu viro e reviro a cabeça, não me azucrino,
E nessas coisas eu tenho prazer de viver, à beça,
Meu bem-me-quer, não mal-me-queiras!
Mesmo que em algumas vezes seja sem querer,
Sempre-viva, faça-me intensamente, a seu tempo,
Valer a pena viver a vida, sem esse negócio
De querer ser insosso, morno ou até insípido.

Feliz do meu olhar que pode ver você,
Assim de tamanha beleza, e acreditar
Todos os dias, mês a mês, ano a ano,
Nesse prisma de toda cor, sob a luz do sol,
Prezada menina-gata-de-endoidecer,
Dona desses versos cristalinos,
Que ora se revelam tão simples, tão belos
Só por causa de você,
Menina-mulher-varzeana!

02
Nov
2009

ALÉM DAS BELDROEGAS DO CALANGO



ALÉM DAS BELDROEGAS DO CALANGO
Autor: João Maria Ludugero.

Eu gostaria de achar-me no Vapor
Em alguma casa de farinha, ou curral
E seus velhos cheiros e aromas
Que ultrapassam todas as fronteiras
Do tempo, e num adeus, me diriam:
"És nostálgico e tolo!"

Em assim sendo, meus rastos
Já não teriam dono, alheias pegadas
Percorreriam as redondezas do Calango,
Até se encontrarem com firmeza na Vargem,
Eu a correr descalço pelos campos de juncos
Da minha Várzea das Acácias.

Mas esconder-me entre as amarelas borboletas
E fartas folhas dos marmeleiros do agreste
Entristeceria as verdes esperanças novas,
Sob o desabotoar das tenras beldroegas
Que insistem em nascer no paredão do açude.

Logo, o que me faz contente é amanhecer
E percorrer o caminho do sol, com todo fervor
Até poder me encontrar no mais pacífico retiro,
A verter meus versos e conversar com minha gente
Sentado ali na estradinha de terra que dá para o Angico.
Eta, vida boa, eta vida simples, eta feliz cidade!

31
Out
2009

VÁRZEA: PURA ESSÊNCIA



VÁRZEA: PURA ESSÊNCIA
AUTOR: João Maria Ludugero.

Ela exala hospitalidade aos quatro cantos,
Ela exala acolhimento afetuoso, meiguice
Ela cheira a contentamento, alegria.
Ela tem gosto de coisas da terra.
Ela tem cheiro de frutas maduras.
Ela tem em cada rosto a marca do sorriso.
Ela tem calor humano de sobra,
Ela dá apetite à euforia,
Ela nos limpa a vista...
Ela é a menina do "pitéu" varzeano,
Ela é a menina dos olhos da cultura,
Dona de beleza ímpar!

Várzea é uma salada
De adjetivos benéficos.
Ela é encarnada no carisma,
Nela se misturam natureza e simplicidade;
Ela dá avidez, cheiro e sabor às coisas
Boas da vida, ela alia sentido a sentimentos.
Dá gosto morar ali,
Apetece a alma da gente.

Várzea é sinônimo de Amor.
Nela eu vejo afeto à beça
Nela eu toco a vida, avante.
Nela sentimentos são descobertos
E eles têm cor, razão de ser
E a mais pura essência!

30
Out
2009

GUARDIÃO DA SAUDADE



GUARDIÃO DA SAUDADE
Autor: João Ludugero.

É gratificante andar à toa
Pelas ruas da minha Várzea.
É bom sonhar com a lua, acordado
Para que a realidade não venha atrapalhar
É bom andar na chuva,
É bom poder se molhar
Ao atravessar o rio Joca, a nado,
Para que o sal da água salobra
Possa não adocicar a lágrima da saudade,
Mas amenizar o soro que insiste
Em se debulhar no rosto da gente.

É bom perambular pelas ruas simples,
É bom conversar com sua gente simples
É bom observar o seu casario, suas travessas
É bom cruzar as quatro bocas, suas ruas novas
É bom andar pelos inúmeros becos de antigamente,
Para saber que minha morada
É nenhum outro lugar
Que não seja ali na seara de Ângelo Bezerra.

É bom estar em tua companhia, minha Várzea,
Para saber onde meu pranto levar, a que ombro,
Em que lenço devo me enxugar, sem receio,
Toda vez que eu me sinta sozinho.

Não é nada fácil compreender a vida,
Quando dela não se tem esperanças novas.
É fácil programar partida, ainda cedo, eu digo,
Quando a alma está despedaçada, por um fio.

Eu estou aqui de pires na mão, me acho,
Feito gato que mia, de barriga cheia,
Sei que é fácil não querer comida
Quando a fome já foi saciada, acredito,
Sei que é fácil achar a saída, de fato,
Quando a porta não está tramelada.

Todo mundo aspira a um amor de verdade,
Mas muitos preferem se acomodar na mentira.
É certo morrer de saudade, o que de fato acontece,
Mas o obscuro está em se atirar longe da mira.

Meu coração-alvo ainda não cicatrizado,
Anda pelo jardim, passeia pelo bosque da tarde amena,
De tantas lembranças, de tantas folhas caídas
Das folhas mortas do último outono varzeano,
Adubando o solo para outros sobreviventes.
Hoje nada mais sou,
Declaro em alto e bom tom,
Senão um mero guardião da saudade.

Menina varzeana, menina do rio Joca,
Eu que só queria a tua coragem,
Aquela aflorada em teus poros,
E o manso carinho das horas,
O que hoje me faz falta.
E agora, doutor, como fica
a minha situação, o que isso significa?

Agora segue os meus respeitos,
Dos mais sinceros, me resigno,
Já não sei se te espero, quieto,
Talvez até canso em um canto...
Mas o teu encanto, este,
Certamente, também vai passar!
Se é que ainda não passou, haja vista
Que acabo de ver um fantasma
Que acabou de passar por mim
Ali na beira do rio da Cruz...

29
Out
2009

OLHOS DE BOI



OLHOS DE BOI
Autor: João Maria Ludugero.

Não tenho do que reclamar,
De varar a noite a dentro
Amanhecendo na minha Várzea,
Perseguido por dois sóis, teus olhos,
A arrumar a minha confusão
A iluminar sombras e obscuros.

Teus olhos meus olhos acendem
Mesmo sem nada dizer
Minha boca sem nada ver
Minha vida nada silenciosa
Amanhecendo em solo varzeano
Num alvorecer de ruídos e aromas
Sob o canto mavioso de passarinhos,
De pintassilgos, de canários e sabiás.

Teus olhos pudesse eu tê-los às mãos
Seriam faróis de tudo,
Seriam feito dois olhos de boi ofuscados
No meio da estrada de terra
Indo para o sítio do Umbu,
A me incendiar o medo e a solidão atroz
Pudesse eu me vingar de tanta beleza
Te amaria mais ainda, vicejante,
Lentamente, minha Várzea das Acácias,
Para não perder de vista, além do teu Vapor
Além do evanescente crepúsculo da minha razão,
Tuas veredas, teus ariscos de água doce
Tua magia em bem viver a vida, simplesmente!

Bem sei que teus olhos,
Entronizados por Deus,
Hoje me ordenam a luz do dia, me guiam,
E tudo passa a ter mais brilho pelas ruas
Pelos becos, atravessando passo a passo
Toda a Brasiliano Coelho de Oliveira,
Entre cadeiras nas calçadas
E uma conversa fiada,
Numa forma tão hospitaleira
De se levantar o astral desse lugar
Que existe ali no interior do Rio Grande do Norte.

Teus olhos varzeanos têm o silêncio
Do açude do Calango, margeado por verdes
Beldroegas sobre as pedras, juncos
E colibris sobre o paredão da minha saudade.

Sinto que os anjos estão sorrindo...
São teus olhos-trombetas que anunciam
o vento das manhãs, a brisa que assola
Bons ventos nus que sopram
Em plena cidade da felicidade,
Em plena seara de São Pedro apóstolo.

Teus olhos me extasiam, me encantam
Porque são o que são, de fato, dois sóis,
E sempre me dizem alguma coisa, não me cegam,
Me esquentam os versos, me falam, con-verso,
Me incendeiam a solidão, de imediato,
E queimam minha alma, ao vivo,
Num purgatório que não me deixa a salvo,
Nem quero, pois também nunca fui santo...
Eu quero é mais arder no incêndio desse Amor!

28
Out
2009

VÁRZEA: O INTERIOR DE TODA BELEZA QUE EXISTE EM NÓS



VÁRZEA: O INTERIOR DE TODA BELEZA QUE EXISTE EM NÓS
Autor: João Maria Ludugero.

Escrevo o que meu coração sente
Escrevo o que meu coração dita
Faz bastante sentido cada verso
Vestir o sentimento a contento
De palavras, de palavras.

A escrita escorre, esboroa,
Nos meus versos simples;
O significado é o cerne
O significado que na carne ecoa,
No músculo que treme
No que faz sentido, no âmago,
O sangue percorre toda veia e pulsa,
Lateja o que é de verdade, o que é o ser
E não se expira em mim o que é belo, nunca.

Nem mesmo a dor que a saudade dita me faz
Triste, quando o sol se deita no colo da minha Várzea
Ao cair da tarde, porque não sei poupar
Meu coração de Amores,
Ali na beira do açude
Do Calango eu me derramo
A escrita escorre, eu con-verso com as letras
A palavra se forma, escapa, mas não se escoa...

Não se esgota no meu peito
Tuas lembranças boas,
Minha doce Várzea, meu rincão
Minha terra dos Tomaz de Lima
Minha terra dos Anacletos
Minha terra dos Belos
Minha terra dos Paulinos
Minha terra dos Marreiros
Minha terra dos Ariscos, dos Seixos
Minha terra de São Pedro Apóstolo!

Minha Várzea das Acácias,
Minha Cidade da Cultura,
Terra da Felicidade
Faz sentido te amar tanto assim...
Meus versos são todos feitos
de sentimento e poesia...
Como não sê-los,
Se tudo em mim vibra
Se tudo em nós pulsa?

27
Out
2009

CANTIGA



CANTIGA
Autor: João Ludugero.

Cantar ou calar?
Se grito ou calo,
Se nado no açude,
Eu Calango na minha alma.

O que falar?
A fala me cala. Fico sisudo.
O silêncio fala alto, ecoa.
E muito diz aos quatro ventos:
Eu sou varzeano, sou sensato,
Existo e insisto em ser feliz,
Não entrego os pontos, antes do fim.

Eu me enrosco, engasgo, eu canto.
Tolo me entalo, não nego, eu te devoro.
Envergo a voz, me deleito, sem egoísmo,
Eu berro aos prantos, circunspecto,
Quero porque quero seu peito.

Pra longe de mim todos os quebrantos,
O rio Joca lava minha alma, riachos afora.
No rio eu nado, eu me desnudo, relaxo.
Nada calmo, não me iludo, me entrego,
Quero morrer de Amor, eu juro,
Só se for em teus braços!

26
Out
2009

VÁRZEA: CHEIRO DE MATO E LEMBRANÇAS



VÁRZEA: CHEIRO DE MATO E LEMBRANÇAS
Autor: João Ludugero.

Meu Calango,
Somente nele há uma memória indissolúvel
Que guarda desejos e outros segredos
Que guarda abraços, prazeres e
Tantas lembranças
Que o tempo não conseguiu apagar.

Recordações
Que me acordam no meio da noite
E esperam o dia vir, o porvir, o agito da vida
Com seu cheiro de mato verde e passarinho
Com seus Vapores que se adensam na alma
E fazem a saudade se incrustar no cerne
A cortar a carne do coração da gente
Toda tarde quando o sol se vai.

Gosto de passear na tarde amena
Gosto de pisar na Vargem, molhar meus pés
Botar meus pés nas águas da memória
Fazer registro dos momentos passageiros de outrora
Do brilho dos teus olhos castanhos
Dos prazeres repartidos ali, na margem do açude
Do filme que passa na retina dos olhos meus, hialino cristal

Bela vista, que limpa os ares
Da minha Várzea das Acácias,
Gosto de me refazer as energias,
Gosto de revigorar os ânimos
Mergulhar nas águas cristalinas
Dos ariscos e vertentes
Da minha terra prometida,
Minha Várzea de Ana do Rego,
Minha Várzea de dona Penha de Seu Olival,
Minha Várzea de dona Alba Albanita Guimarães de Oliveira,
Minha Várzea de tantos pioneiros, de tanta gente inesquecível!