MEMÓRIAS DE UM MENINO VARZEANO,
por João Maria Ludugero
E a gente descia com o sol
pelas trilhas do rio Joca.
Picica ia na frente, devagar com os anzóis,
Xibimba ia com o samburá
agarrado na saia da mãe, dona Lucila de Preta,
e da irmã Vira que conduzia o landuá aos ombros.
De repente, lá estávamos nós
além do riacho da Cruz,
após haver saciado a sede nas minas d’água
das cacimbas de Nozinho.
Era a caminho do rio salobro
que enchíamos a cuia pra se refrescar
e as cabaças de água para beber,
tomando aquele banho de lavar a alma,
desses de ver Deus a olho nu à sua frente.
Cá para nós, diz-se
que água não tem cheiro,
gosto ou cor… ledo engano!
Pois essas águas tinham sim,
acho até que é por isso mesmo
que remexem tanto com as minhas lembranças.
No estio, o Joca ficava mansinho… rasinho…
Descalços pelo vão do rio,
dava até para atravessar a vau
de uma margem à outra andando
pela areia branca, morna e rasa.
E voltávamos para casa mais leves
com a enfileira de graúdos jacundás,
após haver limpado a vista na beira do rio,
onde catávamos doces ingás, canapu,
melancias-da-praia e melões-de-são-caetano.
Tudo isso é teu bb? Nossa, que delicia!!! Casa comigo amor?
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