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segunda-feira, 29 de março de 2010

CABRA DAS VÁRZEAS

a minha infância foi boa
dela não sei reclamar
não reclamo
por que fui feliz 
com os passarinhos
percorri a nua Vargem
conheci de perto o Vapor, 
o sítio e seus semi-áridos
caminhos

senti o cheiro do mato
pisei em terra molhada
comi gravatá, cajá-manga 
manga, mangaba
jatobá e jenipapo, 
além de outros frutos 
espalhados
pelas trilhas agrestes
aonde corríamos sem medo,
serelepes, 
eu e outros
cabras da peste

fugia pra tomar banho
Com os amigos, ou sozinho
bem ali na cachoeira dos Damas
bem na cheia do rio Joca,
ou no riacho da Cruz

chupei muito caju
tirado no pé a gosto
ao alcance da mão
arregacei as mangas 
trepei no pé de coco
comi coco catolé
ralado na própria quenga
bebi muita água de coco verde
ali no Maracujá,
terra de muita pitanga,
graviola e tamarindo

andei pelos ariscos
de Virgílio, dos Marreiros
visitei o Itapacurá das pitombas
junto com Picica de Xinene
e Quincas de Pedro Zabé




armei fojo pra preá 
armei arapuca 
armei alçapão 
armei laços
lá com meus anzóis,
pesquei com landuá,
tintim por tintim,
dei de cara com os carás 
enchi meu samburá
lá no rio de Nozinho

autor: João Ludugero

domingo, 28 de março de 2010

MELANCIA

Eu desde menino
aprecio melancia
Minha avó Dalila
gostava tanto
que comia até o branco da casca
Minha princesa Jordana 
teve a quem puxar
e meu filho Igor, idem 
não saiu diferente
também gosta dessa delícia
de se lambuzar 
inteiro
de amor
aos pedaços 

de melancia

essa fruta que me atiça o paladar
tão vermelha e verde me olha
com suas marcas brancas na casca
seriam brancos ou verdes os seus rajados?
ela é mesmo uma dádiva,

de dar água na boca,
ela me deixou livre de pedras
nos rins, tantos cálculos eliminei
que até já perdi a conta...

quem a vê por fora
assim redonda,verde e dura
a vê estranha pois não é a dona

de muitos atrativos,
casca dura, pura influência 

do meio por dentro, vermelha 
como o coração
vermelho melancia, licopeno
núcleo de sementes
espalhadas em mim



quando te vejo, bendito fruto,
logo penso e degusto uma fatia
mentalmente, comparo-a com a vida
cheia de sabores, gostos e cor

é como se a casca fosse
o caminho que vamos

deveras escolhendo, 
batendo na polpa,
a saber se boa
a cada mordida

um novo sentimento,
compartilhado
em cada fatia encarnada
a nos ensinar 

sutilmente
que apesar do amargo

a vida pode se tornar doce
ou ser talhada no paladar
que a gente quiser
do sabor ao cheiro
do vermelho melancia

mas se, de repente, a vida
de relance ou saia justa, 

apronta-nos alguma surpresa, 
ti-ti-ti, ta-ta-tá!
depressa afiamos a faca, 
com afago desafiamos seus gumes 
e oferecemos, em coro, 
pra calar a boca da massa,
adivinha o quê, 

em alto e bom tom?
MELANCIA!


autor: João Ludugero.

sábado, 27 de março de 2010

CARTA DE ALFORRIA

eu cá com meus anzóis
canto este mês de março
que venha abril
arisco
um pouco árido
um tanto seco
entre uma chuva e outra
de verão, 
de súbito

mesmo assim,
observo o céu de anil 
eu atiro tintas na tela
eu invento bichos nas nuvens
eu viajo com elas 
eu acirro os ânimos
eu sopro os cinzas 
e as sombras que insistem
transbordar veias, capilares
e vasos 
que encarnam no coração

num pacto de sangue
efetivado pelo ego 
imposto pelo amor 
que se derrama
que não me expira
que se alastra
que faz a guerra
só pra poder caminhar em paz

Que tu,...oh, minha voz,
tens a força de encantares
de espantar todos males
de abrir cadeados e correntes, 
desencantar alvoroços
de não se deixar ir o sonho 
direto pro brejo
junto com a enxurrada, 
sequelas das últimas nimbos

e sem arredar o pé 
da melodia
teço com palavras 
que versam nervos
que assinam alforria
que conversam,  
sem arrudas ou arrodeios,
com meu coração-cofre de seda,


até mesmo em época de estio
de secas tetas 
e de outras mamatas
até mesmo em  dias 
de vacas magras, 
sem convencê-lo, eu consigo
ouvir escutar teu som possante


e nessas horas de infortúnio
quando se chora o derramado leite,
é aí  que a ti que recorro, convém
meu apelo, minha súplica a ti,
meu destemido saco de pancadas,
meu coração valente, 
meu vigoroso tambor do peito,
tu que és duro na queda,
mas não és de pedra
é da tua natureza saber sentir,
esperar sem apego
o alento
que chega
risonho
quando sopram 
os bons ventos
da liberdade

autor: João Ludugero.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O SÍTIO DO VAPOR


A RODA DO TEMPO

um flamboyant
de flores laranjas-jerimum
no quintal
laranjeiras e limão-galego
flores pelo chão
do pomar-jardim
Capim-santo,
pimentas de cheiro,
erva-cidreira e alecrim.
Um carro encantado
morreu
lá pras redondezas
do Vapor de Zuquinha
ali ó,
havia uma casa
de farinha de mandioca

agora
As ruínas dão as caras
ali onde também havia um curral
ê, boi!
tempo bom de bem-te-vis
e canários de chão
que rumaram
lá pras bandas do rio Joca
tempo bom que se foi
e o galo de campina
de colarinho encarnado
ainda dá as caras
e completa a beleza
que ainda insiste em ficar ali
naquele refúgio encantado
e o carro misterioso
tranvanvan van van...
pegou
no longe o vi ainda
preto cor de breu
e soltando fumaça
pra dentro do túnel de lembranças
pra fora da boca sem dentes
da moenda 
do rodado tempo, 
motor que enferrujou
que emperrou 
a catraca do Vapor. 

Autor: João Ludugero.

terça-feira, 23 de março de 2010

MEU CALANGO, MEU AÇUDE VERDE-MUSGO

MANDINGAS

Quatro bocas de ruas
uma encruzilhada
um alguidar com farofa
outro com sal grosso e ervas
vinte e sete rosas amarelas
um buquê de flores já secas e murchas
vela encarnada sete dias
velas pretas-breu e outras verdes-bala-soft
retrato em branco e preto, 3x4
telegrama com os dizeres:


"Pelo muito que ficou
preciso te ver de novo!"


Bilhete amarelado pelo tempo
lençol branco amassado, encardido,
garrafas de vermute,cachaça
taça do destino quebrado, aguardente
coração de vidro, safra ruim
vestido azul-bala-de-anis
que nunca foi usado,
cheiro de alfazema e alecrim,
copo de leite derramado.


E eu, ainda sapo,
homem acorrentado pelas amarrações
do amor que poderia ter sido semente
pendente roda de fogo
enferrujada pelo tempo,
que usa seus dentes cegos
para cortar os nós
que poderiam ser desatados.
coisa dita, coisa feita, patuá
e ponto.


Autor: João Ludugero, 11/02/2009.

REDES DE ENVOLVER - O OFÍCIO DO PESCADOR E A VIDA DO POETA















O pescador esboça o croqui  da tarrafa, sua malha
ele tece suas linhas, seus nós,
suas crescentes teias
ele faz a rede, as fieiras, 
os rufos e os chumbos
ele tece as tralhas, 
ele embaraça as linhas, o labirinto,
eu faço o poema...


eu desembaraço cabeças e tranças, iscas e anzóis,
ele há muito tempo fazendo-a perfeita, 
fio a fio,
eu aprendendo a meada, 
linha a linha, palavra a palavra
eu me enredo no poema, me prendo, 
enlaço, me lanço no espaço.


de posse da tarrafa,
ele mata a fome da sua gente, seu sustento,
com sua crescente rede de pescados.
meu poema, por sua vez, tem a fome afiada
no novelo das palavras, soltas ao vento,
tem mais fome de sentimento,
de dizer o sentir cabível, ou não,
tendo em vista que não só de pão vive o homem.


porque para se fazer tarrafa
é necessário ter paciência e manha...
mas para fazer poesia
é necessário ter fome,
se inquietar com as palavras, fiá-las

desde a manhã e até depois de o sol se deitar,
com o sentir porque, pensando bem,
conclui-se que para fazer um poema...
rimas não são necessárias,
versos não são necessários,
métricas não são necessárias,
palavras não são necessárias...


Então se carece do quê 
para fazer um poema?
pensamento é necessário, de certo,
paixão é necessária,
sentimento é necessário,
Amor...
sem amor,
nada mais seria necessário!


Autor: João Ludugero, 17/02/2009.

PACTO DE SANGUE

Autor: João Ludugero

Não careço de remédio
Não preciso de bula
Não espero ter cura,
estou lúcido na mira
Estou com sintomas de paixão,
Mas não estou louco feito cão sem dono, de fato
Meu coração precisa de calma, não de cicuta.

Minha flor do maracujá,
venha logo me visitar, sem convite
Venha logo ser minha tábua de salvação
Trazer seu antídoto ao tédio,
Quero mergulhar fundo no teu leito
Quero saltar da ponte, criar asas
No teu beijo me perder de vez,
Só assim juro que vou
aprender a falar tua língua.

Ensina-me a ser mais
que você em nós dois,
Estou quase aprendendo a rezar tua novena
Estou sentindo meu coração no altar,
Salve-me da cruz,
de viver longe dos teus olhos,
Estou deveras perfazendo
o sagrado pacto de amar!

Nunca mais pretendo
pensar em cortar os pulsos,
Não quero parecer impulsivo Romeu
a implorar um último gole de veneno.

domingo, 21 de março de 2010

A TARRAFA E O PESCADOR DE ILUSÕES



Com a fieira ligada ao pulso esquerdo
fiz duchas com a mesma mão,
prendi as chumbadas guarnecidas aos dentes
com todo capricho e força,
passei a mão direita por debaixo das demais
conservei metade delas sobre o antebraço...


Colhida a tarrafa, a rede, o nylon,
dei um balanço no corpo para a esquerda,
descrevi com o braço direito um rápido arco
de círculo horizontal no azul,
o que chamam de panear...
lancei-me no espaço para a direita,
de corpo e alma a céu aberto, desnudo.


Arremessei-me no espaço, lentamente
abracei o rio, recolhi-me na rede
agarrei o mundo que coube inteirinho
nos meus braços. Dono do mundo, fiquei
Assim feito peixe fora d'água
na malha do tempo que se abriu bem
dentro das águas da saudade,
crescente malha.


Agora eu tento tarrafear
com alguma prática, a contento,
atento pra não ficar embaraçado,
pois apreender o ofício é dureza,
Assim como esquecer daquela criatura
demanda muita prática e jogo de cintura.


O rio Joca sabe disso,
o coração é que não sabe se cabe mais sem ti.

ESCAFEDER-SE

Autor: João Ludugero
.
Minha rosa-rosa,
Agora já não sinto teu cheiro
Nem teu passo, nenhum ruído...
Nem teus olhos verdes, nem tua boca
Não sinto mais a tua mão na minha,
Nem a tua língua mais me alcança,
Nem ouço mais o tambor do teu coração
Bater, bater e bater
Disparadamente,tão breve,
a querer meu amor eterno.

Tudo foi jogado às traças,
Tudo foi jogado às favas,
Tudo foi atirado ao vento
E o tempo levou os sintomas,
Pois já não me serve teu chá,
Minha rosa-chá!
.
Minha rosa-espinho, sem alma
Resultado do sangue encarnado
no dedo espetado, de fato desbotou
Minha rosa-flor da minha Várzea,
Esquecer, esquecerei
De ti e de mim, de imediato,
Da solidão de nós dois, enfim!

Palavras que ficaram por dizer,
Momentos por viver, desacatos,
Tudo se desfez no ar, promessas
Em vertentes vapores e vapores!
.
Minha rosa, digo minha ex-rosa,
Já assim tão descolorida, pálida,
Eu te disse adeus, esqueça-me de vez,
Eu suplico, pelo amor de Deus!
Mas a vida continua... a ser
O maior bem que a gente tem!
.
Se ficaram os espinhos,
bem assim o seu significado,
Que bom! pois eles vão me ajudar a fazer
O antídoto para que eu te esqueça
De lembrar em mim, de uma vez por todas,
Elaboradamente!
.
Desapareça, tome um chá
De sumiço ou se-mancol,tanto faz,
Pois não preciso mais viver nada
do que eu não mereça,
Escafeda-se!
CREPUSCULAR


ovo 
do pintassilgo
fecunda o tempo...
o pássaro das horas
mergulhou 
fundo
no açude da memória,
o Calango

fiz um voo 
rasante
da minha velha infância
à maturidade

agora
abro os olhos
para o que sou,
de coração 
alado
para o eterno 
instante
em que irei me deitar,
assim  
como dorme 
o crepúsculo

autor: João Ludugero. 

MEU VARZEÃO

AUTOR: JOAO MARIA LUDUGERO.


É a minha campina cultivada
minha bela vista, meu Vapor,
minha boa vida, meu bem estar
Meus terrenos baixos e planos,
minha roça, meu roçado, meu milharal
que margeia o rio Joca e o riacho da Cruz,
minhas porteiras abertas, minhas cercas vivas
meu chapéu de palha, meus grilos, meus pirilampos
vou para minha vargem, meu varjão,
onde eu pratico minha pelada, meu futebol
amador descalço e nu, com a mão no bolso,
mas me sinto o cara mais rico
do mundo, no meu quintal
onde chupo manga no pé, que dá gosto
onde o sol é amarelo à beça
onde tenho sombra e água fresca
no alpendre onde asso castanha de caju,
no fogaréu com vara a cutucar a chama
no arisco da dona Beatriz, avó do Pedro Sales
onde vou descanso na minha rede de algodão, cru
sob o cafuné da minha inesquecível avó Dalila,
que não largava seu rosário, seu terço, seu credo de contas azuis.
onde me jogo num boa espreguiçadeira, a chupar cana,
a comer coco ralado na quenga com rapadura,
e engolir o bagaço, a ruminar,
remoendo a vida na rede
de pano de tear na casa de dona Suli,
mãe de 'Tinha', de Vilma, de Joana D'arc, de Joca
e do Quincas do Seu Nezinho Anacleto,
pai do Lula e do Silvinha, primos da
'Nal' Marinalva Bandeira, da Paz 'Paizinha'
e da Glória 'Glorinha' de Queiroz,
ali na lateral da matriz do apóstolo São Pedro.
Onde a gente rezava a novena de mãe Claudina 'Culodina',
que pitava seu aceso cachimbo de fumo de rolo,
que espantava o medo de dar à luz a vida varzeana,
nossa senhora do bom parto!
onde a Carminha vem ajudar a cortar o umbigo
e a fazer a criança chorar,
dando vivas ao novo mundo,
fora do útero, materno peito,
magnífico colostro, leite e saúde!
onde tomo banho de rio, a título de sadia recreação,
onde a gente lava a alma sem medo de ser feliz,
sem pressa a comer pipocas e paçoca de pilão,
de carne de sol, farofa d'água e cebola roxa,
feito um príncipe, um menino varzeano, um cabra bom
que não tem receio da rotina, nem dorme no ponto,
nem dá ponto sem nó, desde que não lhe pisem no calo.
onde encontro solução para os problemas da lida,
sob as preces do reverendo padre Armando de Paiva.
desfrutando da simplicidade de um mundo
admiravelmente único: um 'varzeão' que me dá orgulho,
de verdade, onde tenho um punhado de amigos de verdade,
sinceros, sem cera, os quais carrego comigo
no fundo do peito, do lado esquerdo do peito.
dentro do meu dia-a-dia, dentro do meu coração.

Texto do escritor João Maria Ludugero
(23/12/2008)

ISTO É VÁRZEA - 50 ANOS DE AMOR E DE ESPERANÇAS, DE TAPIOCAS, BEIJUS, SEQUILHOS E GRUDES DE GOMA COM COCO, DENTRE OUTRAS IGUARIAS SEM PAR!

ISTO É VÁRZEA - 50 ANOS DE AMOR E DE ESPERANÇAS,
DE TAPIOCAS, BEIJUS, SEQUILHOS E GRUDES DE GOMA COM COCO,
DENTRE OUTRAS IGUARIAS SEM PAR!

Autor: João Maria Ludugero.

Como é bom viajar para lá, sair de férias, curtir toda simplicidade daquele lugar. É gratificante andar pelas ruas, pelas calçadas, pelos becos da minha Várzea. É bom demais da conta acordar bem cedo, sair aos domingos e parar pelas barraquinhas da feira-livre e sentir o gostinho bem varzeano que essas guloseimas portam em si. Melhor ainda quando se está em companhia das melhores, entre irmãos, amigos de infância e outros entes queridos que fazem todos os desejos do filho visitante que retornou à sua Várzea para matar um pouco das saudades!
Sinto-me, deveras um príncipe em seu reinado.

Assim como eu sou um bom observador, e a cada dobra do caminho, a cada rua de paralelepípedos bem delineados na rua da pedra, cada coisa que muda de cenário, ali encontro bem diante de mim, um mundo que é só meu, o meu mundo! São nas pequenas coisas do mundo de ontem, do tempo do sempre, assim como havia guardado na memória desde minha infância, são nestas pequenas ocorrências que reencontro a minha Várzea das Acáciasl e fico bastante feliz ao sentir que ainda está intacta! E eu gosto dela assim, com todas as suas nuanças de simplicidade, de vida simples, sem muitas frescuras de cidade grande. Várzea é assim e eu gosto dela do jeito que é, incondicionalmente, sem tirar nem por, com toda modéstia.

A boa gente varzeana, tão hospitaleira, consegue sorrir apesar de todos os pesares, consegue mostrar cortesia ao visitante de passagem, e também aos filhos que ali retornam para matar as saudades. Essa gente que está sempre se preocupando em fazer o melhor para agradar a todos.

"- Meu filho, deixa eu fazer uma tapioca fresquinha, essa aqui já tem mais de hora... " E com um enorme sorriso nos lábios, a saudosa Dona Zidora misturava a goma com sal e água e acenava para Piedade ir buscar um coco ralado, ingrediente que dará um sabor todo especial a saborosa 'panqueca de origem indígena' que existe no nordeste e já tomou conta do país inteiro, aqui mesmo em Brasília, capital da República, dispomos de várias tapiocarias, mas igual à tapioca varzeana não dá nem mesmo para se cogitar uma coisa dessas. A tapioca à varzeana não tem similar. É mesmo um manjar dos deuses!

A simplicidade e a essência da legitima cultura do varzeano é, sem sombra de dúvida, um destes intactos cartões postais potiguares que com certeza se tornam cada vez mais raros! E não é puxando a sardinha para o meu lado, mas é muito difícil alguém conhecer Várzea e não se apaixonar por aquele lugar. Foi uma vez, vai querer visitá-la sempre. Quer tirar a prova, visite a minha Várzea das Acácias! Ao vivenciar uma experiência como esta, meu coração fica cheio de gratidão e minhas preces sobem ao Supremo Pai do Universo pleiteando o bem estar desta gente tão boa e hospitaleira, minha gente varzeana!

Essa gente conta consigo mesma a cada dia que Deus dá. E Deus dará... é bonito de se ver, é lindo ver o espírito empreendedor do varzeano. Trabalham com paciência de Jó e nunca perdem a esperança, pois esta se renova quase sempre... Lembro-me do magote de meninos, inclusive eu, Picica e o Abimael, desde meninos, vendendo pastéis, pirulitos, doces de banana, goiabada, cocadas e dindin (aquele geladinho com gosto de frutas). Lembro-me, também, das mocinhas vendendo artesanato de sua própria fabricação, Maninho no seu bar fritando peixes e aves, senhoras idosas ainda fazendo tapioca ou até mesmo rendas e Dona Das Neves com seu fuxicos coloridos; dentre outras mães esperando as crianças chegarem da escola,para saírem vendendo pirulitos caseiros ou tijolinhos de doce de leite e doce de banana, ali mesmo na rua do Cruzeiro, defronte à Escola Dom Joaquim de Almeida. E a gente fazia esse "trabalho" com alegria, sem reclamar da vida, pois a gente era feliz e bem sabia disso.

Várzea tem um pouco de tudo e de tudo um pouco. É gostoso passear na feira de domingo, comprar redes, doces de cajus e castanhas, queijos de coalho, manteiga de garrafa, picadinhos de carne de porco, sarapatel, mocotó, buchada de cabrito. Garajaus de rapaduras, de peixes e outros pescados, compotas das mais variadas frutas, frutas dos mais variados sabores.

Minha Várzea é um mundo encantado e especial que em si comporta um universo mais complexo do que se pode imaginar... Sabores da minha Várzea que torço para que tão logo não deixem de existir... Sabores da minha Várzea, da minha terra potiguar, do meu amado Rio Grande do Norte, que devem ser incentivados a existir para sempre!!!

É demais gratificante rever e aprender com os valores da terrinha. Espero que os varzeanos honrem seus costumes, e respeitem essa economia espontânea e esses empreendimentos tão ricos, tão modestos. Espero que neste novo milênio de globalização, ainda exista espaço para as pacatas barraquinhas de tapioca da feira, broas de goma, quitutes e outras iguarias varzeanas... E mais ainda, espero que aquela boa gente continue a sorrir e se preocupar em fazer uma tapioca fresquinha para si, para suas famílias, para sua freguesia visitante, por muito e muito tempo. E que viva o povo varzeano. Viva a minha Cidade da Cultura, Viva a minha Várzea das Acácias, a terra da Felicidade!

VÁRZEA, PARA TE AMAR, NÃO PRECISO DE RIMA!
Autor: Ludugero, 29/07/2009.
.
A poesia sem rima
É poesia do mesmo jeito,
Tem sentir, tem sentido...Eu sinto!
É como o sol que clareia mentes
Dando calor e cor aos ambientes,
É um açude tipo o Calango cheio,
Com sua água que parece verde...
.
É jardim que tem flor de todo tipo,
Flores de fedegoso, de muçambê, canapu
De diferentes estirpes, silvestres ou não!
É namoro com paixão, flor do Maracujá!
É coração cheio de amor agreste,
A se derramar pelas estradas de chão do Trapiá,
Sem precisar de alegoria nenhuma,
Sem carecer de rima
É doce de caju, é doce de goiaba,
É doce de leite, é licor de jenipapo,
É como cabrito novo a pastar na Vargem
Aprendendo a dar pinote, sem jeito,
É casinha branca simples, caiada,
Com água fria no pote, na moringa.
.
Pode a poesia não ter nem a métrica
Nem a rima, pode parecer dia ou noite,
Mas sempre haverá estrelas lá em cima;
O poeta é feito um cantador de viola,
Artista e obra-prima... É Cícero-Cego e sua sanfona!
São versos pirilampos que alumiam a alma da gente,
Mesmo se o poema não tem rima!
É como o rio Joca e um cardume de piabas afoitas
Numa alegria só solta na flor das águas tão límpidas!
.
A poesia tem perfume, tem Vapor e vertentes Amores...
Pode nela faltar rima, mas luz nem carece trazer,
Já viu faltar pisca-pisca na bunda do vaga-lume?
.
A poesia sem rima é poesia do mesmo jeito,
É milho no mesmo sabugo das letras.
É filho que traz sua mãe ao peito, nunca bastardo,
É a mãe que nunca perde o filho, nem mesmo crescido,
É uma jóia de valor, diamante de intenso brilho.
.
A poesia sem rima pode ser assim riacho de mel,
É castanha de caju, é uma bacia de mangas.
É como fazer a farinhada, repleta de tapioca e beiju.
.
Sem a métrica e sem a rima
A poesia assim mesmo se presta ao que SINTO.
Pois não falta o encanto, o cantar
Dos sabiás lá do seu Tida.
Não falta o romantismo das noites enluaradas
Da minha amada Cidade da Cultura,
Minha Várzea das Acácias!
.
A poesia sem rima
É bodega de cachaça, é o Bar do Beto ou do Maninho,
É o a conversa fiada lá na Praça do Encontro,
É a Semana Santa com peixe distribuído de graça,
É a oração de São Pedro, é a missa de Domingo,
É o incenso, o turíbulo e a fumaça.
.
A poesia sem rima
É um pássaro e o seu ninho
É um canário em seu chão!
Pode também ser a mais dura saudade,
Assim como a que agora SINTO,
Saudade da gota serena, a que SINTO da minha Várzea,
Pois sou mais um João longe da sua casa.
Assim sou feito espelho sem reflexo,
Sou um quadro que tem a sua feitura
Na moldura dos meus versos,
Mesmo que não tragam rima!
.
O que importa é o que eu SINTO:
Eu amo muito esta cidade que me dá felicidade,
Todos os dias em que escrevo meus poemas para ti,
É mesmo Amor em palavras o que SINTO
Em forma de coração, que é o molde da poesia!

MERCADINHO PÚBLICO VARZEANO: DIA DE DOMINGO

Era dia de domingo, dia de feira.
Dia das compras, de farinhas e de macaxeiras.
Acordávamos ainda cedo e já partíamos
para as barraquinhas, as bancas da feira, livre.
Íamos eu, meu pai Odilon e a minha mãe Maria.

Era gostoso acordar cedinho, ir ao mercadinho, no centro
Já no caminho, ali na Rua Dom Joaquim de Almeida,
a gente dava de caras com o João Carlinhos de Dona Genira,
Com a sua banca de novidades, frutas e legumes de primeira,
próximo à rua do Cruzeiro, esquina com a rua das pedras,
comprávamos balaios de feijão de corda, feijão verde, debulhado,
Favas, camarão seco e siri, farinha torrada, goma e polvilho.

E vinha gente do todo lugar, das cidades vizinhas,
das redondezas, e tinha até cordel, literatura,
que a gente gostava de ler, passatempo e refrescos.
Além das tantas outras cordas que a gente empunhava:
cordas de caranguejo goiamum, crustáceo azulado,
semelhante ao caranguejo, mas de paladar muito agradável.

Recordo do 'Picica de Xinene' que já cortava as mantas de carne-de-sol,
Auxiliando seu pai, Cícero Paulino, exímio marchante, cabra bom!
Tica do Mel vendia queijo de coalho, assado na grelha, que delícia!
Enquanto isso, Tota de seu Leopoldo atirava sal nas carnes-secas,
ao jirau, no açougue. Cestas e mais cestos,
couros, salmouras e charques, na rua do curtume.
No varal, almas esticadas sob o sol a pino.

Lá se vendia rolinha frita e nhambu, iscas e 'passarinhas',
além de galinha caipira com farofa e cerveja, geladinha
lá no bar do Eduardo, Maninho. Quem não se lembra?

Ah, tinha caçuás, uma espécie de cestos grandes e oblongos,
mais compridos do que largos, ovais, alongado e longos,
feitos de vime, cipós ou de lascas de bambu, com aselhas,
para pendurar às cangalhas e que é utilizado
no transporte de gêneros alimentícios,
para levar galinhas e outras aves ao mercado,
além de garajaus para transportar peixe seco e rapaduras.

Tinha fumo de rolo, tabaco em pó, rapé e espirros. Atchim!!!
E tantas outras bugigangas, anis-estrelado, cravo, canela e alecrim, etc.
Afinal era dia de feira, dia de domingo, pé de cachimbo...
Céu azul de anil, com cheiro de coisas simples, céu varzeano.
Uma cidade, uma saudade que bate na gente... e dói no peito
e não se acaba o mundo, touro valente!

Dia de domingo, dia de feira, tempo de 'Terezinha
do Couro', de sandálias Havaianas, cuscuz, tapiocas e pé no chão,
retratos de um tempo, que perdura até os dias de hoje.
Tempo de lambe-lambes, réstias de cebolas e alhos.

Ah, antes que eu me esqueça,
o mercadinho do passado ficou lá,
lá no passado mesmo, demolido.
Porque tornava feio o centro da cidade.

AUTOR: JOÃO MARIA LUDUGERO
(Em 15/12/2008).

sábado, 20 de março de 2010

DE QUINA PRA VIDA...

AUTOR: JOÃO MARIA LUDUGERO.

Aos magotes, meninos correm
pela Vargem a dentro, vida a fora
Alheios ao destino, seguem
margeando o sonho de sonhar,
percorrendo o caminho dos catolés
que leva ao rio Joca.

Pelo bueiro da estradinha de terra
Que nos conduz ao sítio de Zé Canindé,
A água se esvai além dos juncos e do capim.
E o sol a pino queima a pele do moleque,
Mas não evapora o sorriso do menino.

E os pés de moleque, inquietos, destemidos,
um após outro, correm ligeiros, lúcidos.
Até parece que têm sebo nas canelas,em desatino,
Serelepes meninos bons de bola.

Meu futebol de Várzea não segue a regra,
Minha pelada de pés descalços, contenta
Afoitos meninos que esperam alcançar o céu,
Agarrar estrelas, chutar a gol, com êxito,
E fazer da esperança um golaço, com garra,
Bem ali no meu Varzeão, na minha vargem,
mesmo que seja com bola de meia.

Com os pés na areia, de coração acelerado,
bem que sonham alcançar a lua, de súbito.
A lua, esta esfera bola branca na tarde amena,
é ocular testemunha do sonho acordado.

Corre o menino varzeano, traquinas,
feito tiro certeiro, vargem afora!
pé de moleque, se é doce eu não sei,
mas é arteiro, teimoso e ainda insiste
Por querer ser feliz!

Vai que vai e apronta a tua sina, ensina-me,
Ao tirar os pés do chão e teima, movido de amores,
Dribla a sorte, vai que ela é tua, persista
E acerte um gol pra lua.
Eu acredito nisso, boto fé
e não deixo a vida ao mero escanteio!
De quina pra vida, menino, não desista nunca
e marque de vez o gol da vitória!

BUCHADA DE BODE À VARZEANA

Autor: João Maria Ludugero da Silva.

Era dia de Domingo. Ainda era cedo, mas já se tornara rotineiro, na casa da Dona Zidora, Suetônio acender o forno de barro do quintal, utilizando quengas de coco e sabugos de milho. E a Dona Maria Calixto ajudava a socar a mandioca-mole no enorme pilão. Um cheiro de erva-doce, de melado de cana-de-açúcar e cravo tomavam conta do ar, parecia até que aquele aroma exalava um cheiro bom perfumando toda a rua José Lúcio Ribeiro. A gente podia sentir o aroma a quilômetros dali. Que cheirinho bom! Boas lembranças..

Não longe dali, Seu Pedro Calixto, Seu Pedro Izabel e Quequeca de Oneide, pai de Vânia, já esquartejavam e limpavam o bode pendurado pelos pés. Com uma lâmina afiada, o couro do animal era todo retirado, com enorme precisão cirúrgica e as vísceras jogadas numa bacia de zinco, onde seriam limpas e aferventadas. Bucho já tratado, a partir daí eram os miúdos utilizados para preparar a famosa iguaria: a buchada. Qual a receita?

Xinene Paulino, Mãe de Antonio (Picica) e Lucineide (Piu), ajudava a preparar e costurar os buchos com miúdos e temperos. Enquanto Seu Cícero Paulino, marchante de mão-cheia, degustava uma "passarinha" frita e um bom gole de conhaque Drehar.

Sob a mesa da cozinha ficavam fígados, tripas, bofes, coração, buchos e até os pés do animal, além de linha e agulha. Primeiro se misturavam os miúdos. Acrescentavam-se tantos temperos, tomate, pimentão, cebola, coentro, sal, colorau, vinagre, alho e pimentas de cheiro.

Depois, era só deixar descansar. O acabamento era requintado e demorado.
Dona Wilma Anacleto e Darquinha também chegavam para dar uma mãozinha na feliz receita.

Exigia habilidades manuais e até um jeitinho de estilista para dar forma aos buchinhos, mas nada que Dona Maria de Seu Odilon não soubesse a respeito. Na linha ela dava até duas voltas para ficar resistente e usava as de cor clara para não chamar atenção. Para costurar cada bolinha não demorava muito. Aí entravam Lúcia, Aldenira e Neuma de Seu Odilon ajudavam nesse trabalho, que parecia fácil. Bordas costuradas, o resultado era uma delícia recheada e suculenta. E que buchada!

Francisco, Dedé e Carlinhos de Seu Odilon traziam muitos amigos para uma prosa lá de casa. E quase todos saíam dali com água na boca, ou de barriga cheia. O cheiro da buchada era uma coisa de louco, atiça o paladar e faz bem ao corpo e ao espírito. Comida também é cultura. E para esses cheiros tenho bom olfato, tanto assim que guardei toda essa feitura para lhes aqui oferecer. Que sejam todos bem servidos! E viva a boa comida varzeana!

Lembro-me que Dona Marica de Seu Otávio aconselhava um grande segredo, o de não esquecer de aproveitar os pés do bode limpinhos, tratados (que soltam a gordura que dá um gostinho especial).
Panela tampada, agora, era levada ao fogo, por cerca de uma hora e meia, e depois estava pronta a buchada. Se preparada de véspera, melhor ainda.

Enquanto a gente podia degustar as delícias da gastronomia varzeana, acompanhados de um bom copo de cachaça da terra, ou "Pitú", ou de uma cerveja estupidamente gelada, podia-se ouvir Cícero Cego, sanfoneiro de respeito, a ensaiar uma nova composição no toque de sua sanfona. Ninguém ficava parado. Lembro-me que até o "Nhôr" Belo ensaiava uns passos de dança, e Lúcia de Dona Carmosina e Cleone "forrozeavam" bonito, pisando macio no compasso de um forró danado de bom.

Eta, sanfoneiro porreta esse Cícero Cego, que fazia a sanfona quase falar, num toque de não deixar ninguém parado. Mas que forró mágico aquele, e quanto remolejo que faz a gente recordar, mesmo que seja na dança do tempo, a gente se divertia, não precisava de data, ia chegando, como num passe de mágica, de muitas brincadeiras, e sempre fazendo da vida uma festa.

Quer ingrediente melhor que a alegria daquela gente?
Que povo abençoado é o povo varzeano!
Bendito seja o nosso povo. Bendito o seja sempre.
Que Deus proteja a todos, sem distinção.

sexta-feira, 19 de março de 2010

"DES-MUNICIA-MENTO"

Autor: João Maria Ludugero.

Eu disparo palavras de carinho,
Feito uma clavina ou clavinote,
mas sem nenhuma munição, sem pólvora
Eu miro tua retina, desarmado, sem balas.
Eu atiro setas a indicar o caminho, o alvo
Eu acerto teu coração, na mosca, num pinote,
E,para isso,não preciso de chumbo ou espingarda.

Eu converso, eu faço poesia, eu faço versos.
Eu acordo no meio da noite pensativo.
Digo acordo no modo de falar,não me abalo,
Pois passo a noite em claro, a piscar
Sob o sol do teu olhar, dois sóis,
Sem pregar a pestana, eu insisto,
A chorar de contente, eu pelejo,
Eu continuo a teimar, sem queixas.
Sabia que homem também chora?

Sem disfarçar, como gosto de falar
Eu descubro caminhos desconhecidos,
Finco minha bandeira de sonhos, de amores,
de bobeiras e outras coisas mais.
E ainda assim a gente concorda
Em ir lá pra ver o que será,
Por não achar sonho besteira.

Só pra ti, menina-moça faceira,
Por tudo isso é que venho aqui
Afoito a crescer, por tua causa,
Só pra te entregar de bandeja meu coração.

Já sei que és a dona dos meus olhos,
Por isso rogo a Santa Luzia, é claro,
Que proteja minha visão dia e noite,
Que sejas minha Salomé e eu, são João Baptista,
Que dances para mim, astuta odalisca,
Já não me assusta perder a cabeça!

Quero te dar todo meu Amor e carinho,
com raça, com força e determinação.
Chega de rusgas e ressentimentos,
Chega de me atirar no obscuro, quero me declarar.
Quero descambar no teu abraço, beijar tua boca
E morrer de paixão, minha flor do maracujá,
Entregando-te veias, capilares e coração.
Pouco importaria viver
senão fosse pra morrer de amor!

Tudo em razão de teres me mostrado, de fato,
Com todas as letras, com todas as palavras,
o que é viver a vida de verdade,desmuniciado.
Viver mais e melhor, a um passo
do paraíso do teu nome, sem desatino,
que une versos em poesia,
sem pecado nem juízo.

Tu que me conduzes ao retiro de seu Olival,
Onde mergulho em águas límpidas, cristalinas.
Tu que és da minha Várzea, meu aconchego,
Tu que és a flor da minha Cidade da Cultura e da simplicidade,
Terra tão repleta de Marias,tão cheia de graças!

SUPRASSUMO

AUTOR: JOÃO MARIA LUDUGERO.

Eu permaneço mudo, silencioso,
Envaidecido, a contento, me entrego.
Desbravo teus ariscos caminhos, afoito.
Quiçá na tua boca de beijar me encaixo.
É na tua boca de garapa
que eu me acho, meu riacho do mel.

Eu me perco no céu da tua boca...
Ainda que distante, eu me encontro,
Eu faço a felicidade toda desabar em nós,
Eu me aprumo ao falar tua língua, que grita,
Meus versos ficam mais ricos,
Afastam a ânsia oculta,
Entro em equilíbrio e harmonia.

E é contigo que aprendo a oração
Dos que não sabem rezar,
Dos que só sabem esperar
Dos que só sabem sentir,
Apesar das quebradas rimas.


E assim sigo vivendo, bem aventurado,
Beijando a tua boca que me anima
Doce como água com açúcar,
Pois engenhosa é a tua boca de melaço,
Boca que não me arripuna nem satura.
Macia carne de caju,
Polpa de manga rosa.
Juro que tens o néctar dos deuses,
Dona do suprassumo
Que não provoca gastura
Nem outras coisas insanas.

Boca cheia de se dar, de se doar.
Boca que dá gosto e vivo sabor à vida, dádiva.
Boca que não manga do meu salivar, que me atura
Boca que não me enjoa nunca, nem pudera,
Nem mesmo ao me ouvir falar
de algo que pareça loucura!

quinta-feira, 18 de março de 2010

VÁRZEA, MINHA TERRA, MEU AMOR À PRIMEIRA VISTA

Autor: João Maria Ludugero.

Eu estou a divagar
com meus pensamentos
Eu viajo em minhas lembranças,
Eu observo o mormaço, o vapor vital
Que convida todos os varzeanos
a viver a vida, a bem se envolver, nunca vazios,
de corpo e alma, com toda força, intensamente.

A se saciar em seus fartos peitos de mãe gentil.
Meu riacho do mel, minha terra prometida,
Minha amada cidade da felicidade,
Minha Várzea, meu amor à primeira vista
meu recanto da simplicidade,
Minha mina d'água doce,
Meu arisco, meu rio Joca
Minha doce cacimba cavada no coração
que fertiliza nossos sonhos acordados.

Minha terra de Otacília Marreiros,
Nossa inesquecível 'Cila'.
Terra de Bita Mulato Anacleto
Bendita terra de São Pedro apóstolo
Nesse lugar enterrei meu umbigo
E dele se apoderou meu coração,
Minha flor da paixão, meu maracujá em flor,
Minha Várzea movida de amor, a todo vapor!

quarta-feira, 17 de março de 2010

JOÃO MARIA, ETERNO APRENDIZ DE POETA

JOÃO MARIA, ETERNO APRENDIZ DE POETA
(Eu não queria ser Vereador ou Prefeito, eu queria mesmo era ser escritor).

Acho mesmo é que já nasci com a alma de poeta. Várzea era ainda uma cidade pura, sem as nódoas da falsa civilização, poeira dourada dos grandes centros, que tanta sedução empresta às flores do vício. Assim mesmo, ainda menino, comecei a brincar com as palavras, despreocupado com rima ou métrica, Várzea não me deu trena para medir os meus versos. Justiça dizê-lo, deu-me guarnição e em mim acendeu esse modo de ver a vida não como um deserto, mas como um oásis no meio do deserto. Eu sempre tive sede de ler e escrever. E não adianta muito fugir disso, as idéias brotam, insistem, persistem e proliferam. E, dá no que dá: a gente acaba nesse querer-ser-poeta, que não acaba mais...

Entretanto, continuo crendo que, nos dias correntes, minha alma de poeta nunca me faltou. Eu sempre vivi, vivo e revivo a vida apreciando a força de algo que me dá compasso, uma força estranha, porém sólida o bastante para levar a beleza aonde quer que eu vá, à altura da minha fé apurada, tudo se encaminhando de melhor a melhor, para gáudio íntimo desse varzeano.

Sou um aprendiz de poeta ou seria um poeta-aprendiz? Só sei que gosto de percorrer os lugares e sempre retiro o que há de belo neles, acho que é porque já levo comigo a beleza.

Já dizia o filósofo Emerson: "Se não levarmos a poesia e a beleza conosco, é inútil percorrermos o mundo.
Em nenhum lugar as encontraremos."

Não sei porque gosto do simples e das poucas coisas que eu crio, mas faço a minha existência a partir das coisas simples, renunciando a tudo que me prenda de ter vontade própria, gosto de repassar aos outros minhas idéias, não as acumulando, mas dividindo as coisas boas da vida. Não pratico o mal a nada nem a ninguém.

Desde a infância tenho um desejo contido de triunfar na vida, uma visão que conserva em mim a fé e o credo, como bom potiguar, um varzeano que trouxe do berço a certeza de que a cornucópia da felicidade é possível.

Deus rege a minha indomável vontade de chegar lá, lá aonde só chegam os vencedores. Creio que a riqueza, a fortuna não depende somente do trabalho, pois, se assim fosse, burro jumento seria milionário. Além de ter uma atividade com equilíbrio, segurança, faz-se necessário uma oportunidade. Sabê-la aproveitar e segurá-la com afinco e dedicação, aí está o segredo.

Olha aqui, eu fui vendedor de água-benta, nas missas e procissões de Frei Damião, quando da sua passagem pela cidade. Fui marcador de jogos de sinuca no Salão de Seu Otávio, nos dias de domingo, o que me rendia algum dinheiro para comprar material escolar. Tive as mãos calejadas ao trabalhar, ainda menino, nas frentes de emergência com o Seu Antonio Facão. Ali ganhei um dinheirinho que deu para comprar a minha primeira calça jeans (U.S.T.O.P.).
Eu fui servidor na Biblioteca Municipal Ângelo Bezerra. Era uma raridade aparecer alguém por lá para pegar emprestado algum livro ou até para fazer uma leitura. Eu, sem muito ter o que fazer, não fiquei a tirar a poeira das obras ali existentes, mas fiz uma aposta comigo mesmo: ler toda a biblioteca que estava aos meus pés, digo, à minha frente. Ali muito aprendi, viajei pelo mundo, sem tirar os pés de Várzea.

Eu fui Professor de matemática na Escola D. Joaquim de Almeida (substituí o prof. Antonio Cândido, que se afastara). Além de gostar de matemática, ao lecionar naquele estabelecimento, mais do que alunos eu ganhei amigos. Aliás, ao ensinar muito mais aprendi. Foi uma grande experiência.

Ao ser criada a Agência do Banco Econômico S.A. - Agência 421 - Várzea/RN, nela ingressei mediante concurso, tendo gabaritado toda prova (1º lugar). A vaga era minha. Trabalhei por algum tempo. Ali senti que não era o que eu queria, ficar contando o dinheiro dos outros, atrás de uma mesa, era um serviço que não me empolgava. Larguei tudo e parti para Brasília, com o coração partido.

Hoje sou Advogado em Brasília-DF (OAB-13231). E quem foi que disse que eu parei? Continuo estudando...

Um antigo ditado diz que a fortuna procura os seus. Mas para ser rico não é preciso fazer pacto com o diabo. Nada disso. Eu nasci predestinado para ser João Maria Ludugero da Silva. E quem sou eu? Sou um dos homens mais ricos do mundo. Considero-me um vencedor aos moldes que Deus me deu. Quem foi que disse que não sou rico? Tenho certeza disso, pois tenho saúde suficiente para continuar minha luta, a cavar a minha mina de felicidade.
Não preciso de muito dinheiro não, minha maior herança, a que eu trouxe do berço, que meu pai Odilon me deu é a honestidade, além de toda a minha fé e retidão de caráter. Não poderia ter sido diferente. Teria que vencer.

Oxalá, Deus me inspire para eu poder ainda fazer muito na vida. Estou em Brasília e, apesar de entre mim e Várzea passar esse rio da distância, mesmo assim, não me separei desse abençoado torrão, estou na outra margem, continuo a pensar no seu povo e ainda quero muito contribuir para o erguimento cultural de Várzea. Sei que a gente está aqui de passagem, pois o homem desaparece, mas a sua obra e o seu nome falam mais alto do que os feitos de ascendência pessoal.

Não tenho a pretensão de ser dono de nada, dominar o mundo, não quero isso não, o que desejo é que todas as pessoas vivam com dignidade e vivam bem, respeitando até mesmo a mais humilde existência. Porque a gente nasce para o que é: ser feliz, seja aonde for e do jeito que for, porque a riqueza não está na força do dinheiro, está sim na força da vontade, do querer experienciar, do ser triunfante em sua passagem pelo planeta.

De mãos postas, agradeço a Deus por ter me premiado com a maior das fortunas: meu par de filhos, Igor e Jordana, razão maior do meu viver, que me enchem o lar de venturas.

Sou um ser venturoso, não tenho do que relamar. Quando se chega aos 45 anos, após ter passado por forças adversas e muito fardo pesado, aprendi a ter mais serenidade, em ritmo de razão.

Sem nenhuma soberba, hoje eu posso dizer que cheguei ao átrio do Nirvana, qual um bonzo indo entender-se com Buda. Sem ilusões e ambições, bendigo a dotação que Deus me deu, por ver-me satisfeito, de bem com a vida, como agora, vivendo e revivendo tudo que amei e amo na vida. Obrigado, Deus, pela Mocidade de meus 45 anos! Mocidade com letra maiúscula. A Luz do Supremo Arquiteto me parece lisonjeira e eu vivo e revivo, recordo e acordo cheio de juventude, sem consultar a certidão de idade.

Feliz Cidade de Várzea!
Feliz Cidadão varzeano, João Maria Ludugero da Silva.
Que nunca quis ser vereador nem prefeito, apenas tem orgulho de ser varzeano.
Apenas tem orgulho de ser filho de Seu Odilon e dona Maria Dalva.
Quer maior riqueza? Quer felicidade maior? Seria impossível não ser feliz.
Portanto, proclamo: Eu sou o homem mais feliz do mundo! Anotem isso aí.

Brasília, Capital da República, 14 de novembro de 2008.

SE ACASO EU MORRER DO CORAÇÃO...

Autor: JOÃO MARIA LUDUGERO DA SILVA (17/11/2008)


Se acaso eu morrer do coração...

Ame como se ninguém nunca o houvesse feito sofrer.
Porque amar é algo assim como acordar e ouvir o canto dos passarinhos.
Sem se desencantar com o ritmo do encanto
De quem só saberia dançar tão devagar.
Achar-se sem se perder, nem que seja na caça de um beijo,
Que pode (ou não) dar mais sabor ao amargo da vida.
Sentir-se meio que perdido na casa-abrigo da solidão,
Mas faz bem ao corpo a entrega verde do espinho
Causa dor, mas cicatriza depois de dias de sol.
Seria o amor, uma ferida ou um curativo?
O Amor é o que nos faz arder no fogo da dor,
Somente para expiar nossas culpas e jurar que nunca mais vamos de novo amar.
E num piscar de olhos, aparece alguém-desejo
Que nos faz de novo se lambuzar de mel...
E chorando os ferrões da alma, abelha e zangão
De novo, não! Ah, por que não de novo?
Acho que sim, pois precisamos de asas
E de algo que nos faça de novo quebrar o gelo
E voar, assim com a leveza de uma asa-delta,
Num céu varzeano de setembro ou de outubro, ou seja lá em que mês for.
E, do velho amor, aquele esquecido num recanto do coração
Ou até mesmo perdido dentro de um livro ou num bilhete de papel de pão,
Renasce a poesia daqueles dias que ficaram guardados em papel de balas
Quiçá, a esvoaçar no esquecimento da rua do Educandário Pe. João Maria
Ou seria embaixo do jasmineiro da Escola Dom Joaquim de Almeida?
Será que amar é sempre recomeçar depois das feridas da alma e da vida?
Papel passado, poesia lida, sonho perdido num feriado.
Vamos de novo sofrer e se queimar como se nunca tivéssemos amado?
Eu quero esse incêndio, eu quero essa dor, eu quero sempre
De novo amor de novo amar, repetidamente, eu te amo, Várzea!
Pouco importa se a flor vai novamente perder a cor.
Desbotada a vida pode até ficar, mas prostrada, não!
Amar vale a pena, apesar de se estar de novo
No palco, sonhador e eteno aprendiz de poeta.
Logo, amar faz bem-estar bem,
Amar traz sofrimento e gozo à fera-vida.
Melhor amar que viver a vegetar sonhos, sem nada crescer.
De frente para o mar, a ver navios! Que nada!
Vale a pena sofrer, vale a pena recordar...
Vale a pena se ver de novo de novo amor (de novo!)
Mexa-se. Morda-se. Ame-se. Sofra-se. Colora-se!
Sinta-se, pois é isso que se leva da vida.
Dane-se o que não tem Amor!
Cure-se, amando de novo. É gostoso demais atear fogo no peito
Só para não ver a vida passar em vão.
Em branco, não! Dê adeus ao desamor, viva!
Mas se eu morrer, você saberá: Foi do coração, com certeza.
E daí? Qual o motivo? Não quero nem saber!!!
Não precisa explicar, nem chorar... Hoje eu quero mais é viver!
Se eu morrer, foi de Amar, foi de Amor... Eu te amo, Várzea!
Portanto, arquive-se o E-le-t-r-o-c-a-r-d-i-o-g-r-a-m-a!


Texto de João Maria Ludugero para o VNT Online em 18/11/2008.

ANUNCIAÇÃO (BEBÊ A BORDO)

Autor: João Ludugero.
(Para o(a) filho(a) do Amigo Cleber Pereira Lobo)

A felicidade bateu na porta
O tempo fechado se descortinou
abriu-se um feixe de luz verde bala soft
além do sonho e da fantasia,
Além da utopia veio a realidade incandescente

e você está pra chegar, meu rebento.
Uma nova aurora raiou, amanheceu
acordei viçoso girassol
jorrando luz real aos quatro cantos
desde já antevejo seu sorriso
que mais parece música nata
na terra, no ar, no espaço

Estou eufórico, contente
a me embalar, a me ninar
Só por causa de você
que está para chegar
serás meu céu a me dar chão,
Que sejas menino ou menina
que venhas dar mais cor
ao nosso mundo

Estou feito pássaro feliz,
coruja no ninho
meu passarinho,
me traga a chuva
me faça o verão, minha andorinha

Sua melodia já surge
em meio a flores
que sorriem em qualquer estação
Já virei a página do outono,
as folhas caídas

E o inverno passou
agora não mais sinto frio,
tua chama nos acendeu
perene candeia
és tal qual um enorme violoncelo
de amor, vida e música no ar

somos agora mais
que duas vidas:
três em uma!
És um girassol
a nos guiar à luz do sol
e nos encher de toda graça e alegria
iluminando a nossa casa
lá no Ville de Montagne

você está chegando
em nós para ficar
Bendito filho meu!
Bendita filha minha!
Sejam bem-vindos!
A nossa casa é toda sua!

João Ludugero, em 30/01/2009.

MEU LEGADO

Autor: João Maria Ludugero.


Eu João Maria Ludugero da Silva, escritor varzeano,
quero deixar para meus amados filhos,
Igor Gabriel e Jordana Majella Ludugero dos Santos,
o exemplo de ser humano gentil e alegre,
determinado e otimista, cuja vida se torna,
a cada dia, a forma visível do meu sonho.
Não quero mais que isso: ser um homem simples.
Alguém que gosta de lugares simples assim como Várzea,
de pessoas, comidas e hábitos simples,
de sentimentos simples, mas firmes,
nunca mornos, porém nobres.

Eu sou alguém que observa os movimentos da vida
tentando traduzir, mediante o trabalho, meu sonho
de que também toda minha vida seja simples, soberana.
É essa a forma que encontro de levar a beleza para o mundo.
Como pai e amigo, quero dar o exemplo da força
de saber saborear a vida, de buscar realizar sonhos
sem perder a simplicidade, a integridade, a bússola, o norte.

Eu sou de uma terra onde o povo, além de amar a liberdade,
a simplicidade, cultiva frutas no quintal, flores no jardim,
gosta de conversas na praça e, sob o recanto do luar,
emociona-se com pequenos gestos, sejam de bravura ou
de momentos tangidos pela musicalidade dos acordes do coração,
sobretudo quando emoldurados pelos sentimentos mais nobres da alma humana.
Várzea tem muito a ver com isso. Portanto, é que estou sempre a declarar
meus sentimentos por ela. Ela que merecidamente tornou-se referência
em cultura potiguar, resultado do esforço de pessoas que amam a cidade
e insistem em preservar seus valores e a sua cultura.
Abra mais o seu coração. Preste mais atenção na sua cidade.
Valorize-a. Quem ama, cuida. Sempre que o seu coração bater,
lembre-se de sentir mais amor pela nossa Várzea.
Isso não só faz bem para você, também para as as futuras gerações.

Várzea acredita no seu potencial. Ela acredita que podemos fazer mais por ela.
O desafio está lançado. É um enorme desafio, mas, sim, é possível!
Sonha-se ali com o amanhã. Nós queremos ver o sonho varzeano sonhado a partir de agora;
desejamos que o relógio do tempo marque horas felizes,
prenúncio de um novo tempo de despertar.

Eu, como escritor, procuro eternizar nos meus textos todas aquelas pessoas
que vivem na memória de cada um de nós varzeanos,
registro quantos ali vivem/viveram e iluminam/iluminaram a nossa terra
com suas presenças amigas, seja edificando a esperança nesse chão,
desde o seu alicerce até os dias de hoje, seja elevando a nossa Várzea
a ser mais que um simples ponto no mapa do Brasil.

Consabido que a vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida,
não me custa abrir um arquivo vivo para guardar toda essa gente no escaninho da memória e,
para sempre, nas páginas da vida varzeana. E o faço com enorme vontade de fazer bem feito,
homenageando todas essas pessoas pelo subido valor que representam para a cidade
e para o engrandecimento da sua história.

Sem dúvidas, este é um momento muito feliz da minha caminhada.
Momento de compromisso, mas também de celebração, pois,
ao escrever as "Memórias de um menino varzeano",
escolhi compartilhar minha vida com a história desta gente.
Por isso e tudo o mais, sinto-me lisonjeado e, por que não dizer, até orgulhoso,
por estar a contribuir com a história de vida da nossa gente.
É para mim algo muito gratificante. Acreditem. É tudo verdade.
É a minha vida no papel, é um sonho de verdade, acordado, passado a limpo,
escrito com toda a força do coração e o senso equilibrado que a cabeça me atina.

A todos os varzeanos, por tão gratas e afetuosas atenções, sou sinceramente agradecido,
como grato sou a todos aqueles que direta ou indiretamente me incentivaram
a perseverar na minha luta, nos meus ideais, e me admitiram
em seu honroso convívio, ontem e hoje. Porque, apesar de estar distante dos olhos,
aqui em Brasília, Capital da República, numa outra seara deste imenso país,
continuo no coração da minha querida cidade, Várzea, levando a sua história a todos os lugares
e demonstrando todo o meu amor e consideração pela terra fundada por Ângelo Bezerra.

Sinto-me deveras influenciado pela fé em Deus, pelo Amor e pela Esperança.
Acompanhado pela a paz interior, pela verdade, pela sinceridade, pela liberdade e pela justiça.
Hoje, como ontem, tão indispensáveis ao convívio humano.

Aprendi uma verdade:
Tudo muda: mudam as pessoas, mudam as coisas.
Tudo muda, no decorrer do tempo. É o que é!
Portanto, curta a vida, pois ela é curta demais para ser pequena!


Escritor: João Maria Ludugero
(Em 10 de dezembro de 2008).