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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

JENIPAPO, por João Maria Ludugero

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FRUTOS DO JENIPAPO 
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JENIPAPO, por João Maria Ludugero

Como era doce andar
Pelo quintal da casa 
Da minha Avó Dalila
E se deparar 
Com aquele pedaço 
Da Várzea em flor.
Era um pomar assim
Cheio de goiabeiras,
Mamoeiros, bananeiras
Canas-caianas, 
Pés de pitangas,
Pés de coqueiros
E jabuticabeiras.
Como era bom trepar 
Pra colher frutas de vez 
Ou caindo maduras do pé!
Dá até água na boca 
Só de pensar
Nas carambolas,
Nos maracujás,
Nos tamarindos e nas pitombas.
Lembrar dos umbus-cajás-mangas
Por todos os lados
Com travo e doçura.
Mas quanta falta sinto 
Do meu pé de Jenipapo!
Eu o plantei, vi-o crescer lá no barranco,
Dando frutos encerados da cor da terra,
Caindo entre folhas verdes, 
Esborrachando-se maduros, 
Perfumando o ambiente e o meio
Onde a vida era um bem
De mais valia.
Pluft-plaft!
Hoje ele já não existe mais.
Caiu por terra, meu jenipapeiro,
Aos trancos e sopapos,
Prostrou-se aos golpes do machado.
Depois de velho, 
Virou lenha para a fogueira.
E hoje para matar a saudade
Degusto um bom e velho licor caseiro
Que traz o sabor agridoce 
Do jenipapo. Pluft!

Ou não seria uma imitação sintética,
Um aromatizante artificialmente colorido
Idêntico ao natural podendo variar em aroma e cor
Em função da safra da fruta de origem
Sujeita a conservantes variações flavorizantes?
Mesmo assim, revivo nesse cálice de poesia
Tudo outra vez. Plaft!

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