QUANDO ENCANTA O SABIÁ,
por João Maria Ludugero.
Quando cantas no agreste, ó sabiá,
Fazes vibrar o coração
Deste cabra da peste, ó sabiá,
Teu cantar é emoção, ó sabiá,
Que acalenta meu peito
Que afugenta a dor atroz
Que acaricia minha alma inquieta,
Numa sinfonia tão bela
Que só se compara
A uma feliz saudação
Numa oração de amor,
Sem letras nem palavras,
Sem precisão de orquestra.
O teu cantar mavioso, ó sabiá,
Faz meu ser ficar em festa logo de manhã,
Ávido pra ver o sol que me chama
Pra ver a vida escorrer no riacho
Maravilhar-me, sem medidas,
Ao vir ver a vida que não se esvai,
Quando ouço teu cantar
Ao cair da tarde primaveril,
Quando me ensinas a olhar pro horizonte.
Não tem preço, não se teria como avaliar,
Apreciá-lo, degustando o mel desse riacho
Que tem curso pela vida afora,
Que me manda desbragada a mente,
Sem pejo, ouvir teu canto de sorte,
Antes que a vida me desencarne
De uma vez por todas, de certo,
Antes que teu canto solene
Emudeça meu encanto, ó sabiá!
Quero ouvir encantado
Tua cantiga de amor,
Melodiosa mente, até chegar o dia
De estar com a tal da gota serena
E dizer-te adeus, ó sabiá!
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