SOLAVANCOS,
por João Maria Ludugero
Aos solavancos, fico de cubar a lida,
Mas não me indagues, duvidosa criatura
— Não careço de sabê-lo — que fim, a mim e a ti,
O Supremo Deus destinou, nem desvairadas previsões procures.
É bem melhor ficar a suportar o que vier, além do bom alvitre.
Que muitos manjares a vida nos dê, que não seja a última dádiva,
Esta, que agora se refaz nos gastos lajedos dos Seixos,
Das cinzas do tempo esbugalhadas ao arisco verde-musgo.
Sejamos sensatos, decantemos a destilada cachaça
Que enquadra à vida breve a longa expectativa.
Nós dizemos, e o invejoso tempo esvoaça atroz,
A correr dentro e alto atrás de muitas respostas,
Recolhendo viço em cada dia-após-dia, acreditando pouco
No que amanhã reverdecerá pelas trilhas dessa estrada
Que tantos pés pisaram dentre tantas outras longas estações...
Nenhum comentário:
Postar um comentário