MEMÓRIAS DA NOSSA VÁRZEA-RN (II),
por João Maria Ludugero.
Da minha Várzea eu vejo o Céu
As Estrelas, a Lua, o Sol, a Chuva e o Estio.
Da minha Várzea eu vejo os pardais e outros passarinhos,
As duas palmeiras de São Pedro Apóstolo, o Jardim, a Igreja e as Pessoas.
Durante o dia da minha Várzea eu vejo pessoas passando apressadas,
Ou descansando no banco da Praça do Encontro.
Da minha Várzea vejo estudantes
Indo e vindo à Escola Dom Joaquim de Almeida,
Ao Educandário Pe. João Maria ou à Escola Plácido Tomaz de Lima...
Vejo mulheres de todas as idades indo à igreja-Matriz de São Pedro,
Da minha Várzea vejo gente comendo tapiocas, beijus, coalhadas,
Além de puxa-puxas, pipocas, cocadas, bolo-preto e quebra-queixos,
Também vejo gente esperando por alguém que nunca chega
Ou que ficou no tempo de outrora
Ou na lenda da Mulher que Chora
Que tomou o rumo das quatro bocas
E ninguém mais descobriu desde o Vapor o seu paradeiro...
Da minha Várzea vejo casais adolescentes deitados
No banco da praça do encontro onde fincaram homenagem
Ao inesquecível Cleberval Florêncio...
Vislumbro o amor da nossa velha infância à juventude
Próximo à antiga e reverdecida algarobeira,
Sem esquecer dos nossos velhos entes queridos que já se foram
Ou continuam perseverantes à margem do tempo,
Preenchendo a nossa longa história varzeana...
Pela minha Várzea vejo o amor maduro
Com a mão boba abrindo seus botões,
Acariciando o encanto de ser amado
A correr dentro e alto no tempo,
A bater pernas pelos becos e ruas
Num amor escondido a céu aberto...
Da minha Várzea vejo famílias brincando com seus filhos,
Passeando com os cães de qualquer raça,
Balançando o rabinho de alegria.
Da minha Várzea vejo criaturas
De todas as bandas procurando suas presas
Por uma noite menos solitária;
Da minha Várzea eu vejo essa vida astuta,
Essa tal vida a ganhar o mundo a cada dia,
Dentro das soldas, brotes, tapiocas, sequilhos e outras regalias...
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