FLORIPA: DE ANDRAJOS E ANDANÇAS,
por João Maria Ludugero.
Ó rosa, porque trombuda
não percebes além do muro
que ora à rua perambulo
em andrajos em andanças
trazendo a alma nos olhos, qual é a sua?
Num cair de tarde desses à-toa
bem-te-vi numa boa onde moras toda prosa,
por cima do mundo de Floripa.
Pensei em colhê-la só para mim,
mas matutei cá com meus botões,
como furtar o perfume da flor
se amanhã poderei revivê-la
por inteiro a me desabrochar
em seus clarões em forma de essências?
- Mas o futuro vela...
E, fielmente, colhe as horas
mais belas do presente
e delas tece o que fica
além do efêmero!
Pensei um pouco mais alto,
fiz-me girassol a entrar no clima,
despontando além do jardim
querendo acordar ensolarado,
revelando as pegadas e os passos
de um poeta louco de pedra
de se atirar na lua, em néctares
e uivar feito cão doido,
não nego confesso, feroz, furioso e feliz
por saber que tenho uma casinha
como habitat: teu coração.
E, assim, a gente poder ser cúmplice,
a domar a fera que nos traz no laço,
na régua e no compasso,
o amor sem medida nem cortar fita
para desatar nós e cabrestos
que no peito apertam,
de longe ou de perto,
Em Jurerê, Campeche ou no Costão do Santinho
sem carecer encurtar as rédeas,
sem miserar o triunfo que sorri, incerto,
que logo será fumo, será pó,
será cinza, e mais nada...
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