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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

enAMORado



















 



enaAMORado
Autor: João Maria Ludugero


Logo chegamos à rua Cel. Felipe Jorge,
Com um vento morno no rosto,
As árvores da rua reverdecidas,
Páginas da vida bem vivida.
Dá gosto de sentir e de ver  
Aquelas pessoas repassando
Toda aquela energia que aflora
Numa alegria contagiante
A ascender pelas janelas a dentro 
E o tempo a vê-los passar
Tão simplesmente
Tão satisfeitos de curtir a vida.


No céu varzeano, nuvens esfiapadas
Uma tarde amena, que se esparrama calorosa, 
aconchegante vivência que se acomoda,
Gente a conversar pelas calçadas. 
Nos bares cerveja gelada,
Música, iscas de peixe e batata frita.
Sentados ali na praça do encontro
Velhos contentes de costas ao tempo
Dão as cartas e jogam damas.


Assistimos aos vai-e-vens
De moças e rapazes,
A levitar em suas fosforescências.
Rostos alegres e mãos dadas,
Tomados de esperança – a mesma
Com a qual se vestem os sonhadores
E as fotografias antigas repletas
Daquela magia saída 
Da forma mais genuína
De um festejo de São João,
De uma sadia quadrilha
Animada pelo mulato Bita.

sábado, 27 de novembro de 2010

MENINO DO RIO JOCA











Autor: João Maria Ludugero

Elevo meu pensamento
Que chega até o horizonte
Da minha pequena Várzea
E vejo à minha frente
Duas palmeiras esvoaçantes
De fronte à igreja azul
Que traz no topo
O príncipe dos apóstolos,
Pedro, a erguer seu olhar
Por toda minha cidade.

E o meu coração menino
Imerso num mar de amor imenso
nunca vai deixar de brincar de rio.
Por isso, tratei de arranjar uma canoa nova.
E fui por aí a cantar, a elaborar meu cântico,
A fazer do desencanto um tanto ou quanto, 
Quiçá um jeito de esboçar o que sinto
Aonde a poesia possa me levar...

E acabo por me achar
Varzeamado aos cântaros!
Logo, que venham muito mais janeiros
Sobre as pernas, e que as pernas os aguentem,
Assim como a cabeça desenha o poema.
E por muito que o tempo 
De mim se apodere
E pesem os dezembos,
Apesar do fardo que eu leve,
Faço com que minha canoa navegue
Na margem esquerda do peito,
Mas não espero que apodreça,
Vou  até o fim, sem trégua,
A brincar de riacho, de ser rio.

Nesse rio careço ainda muito me banhar, 
Lavar a égua, até um dia desfalecer no mar 
De amar, espremido entre meus versos,
A navegar na precisão das horas,
Remando sem temer as pedras do Joca,
Mesmo sabendo que um dia a canoa apodrece.

E daí, se vivi a vida que bem quis,
Sem ter medo de pisar no vão,
Na vau do rio corri, nadei,
segui meu destino às braçadas.
E ainda tenho muito que vivê-lo.
Mas como sabê-lo, se não navegá-lo?

TRANSEUNTES















TRANSEUNTES
Autor: João Maria Ludugero

Meus caros amigos
Varzeanos contemporâneos,
E quando nossos pés
Pisarem estas ruas
Pavimentadas
Daqui a outros anos adiante
Quem deles, qual passante
Lembrará desses homens,
Dessas mãos calejadas
Que quebraram pedras
Que carregaram pedras
Que calejaram as mãos
Que não descansaram
Enquanto não calçaram
Enquanto não vestiram
Nossas ruas nuas
De paralelepípedos?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

nAMORo

nAMORo
Autor: João Maria Ludugero


Chegamos à rua Cel. Felipe Jorge,
Um vento morno no rosto
As árvores da rua reverdecidas,
Dá gosto sentir e ver  
Aquelas pessoas espiando
Nossa alegria contagiante
A ascender pelas janelas a dentro 
E o tempo a vê-los passar
Tão satisfeitos de curtir a vida.


No céu varzeano, nuvens esfiapadas
Uma tarde amena, calorosa, aconchegante,
Gente a conversar pelas calçadas. 
Nos bares cerveja gelada,
Música, iscas de peixe e batata frita.
Sentados na praça do encontro
Velhos contentes jogam damas.
Assistimos aos vai-e-vens
De moças e rapazes, fosforescentes
Rostos alegres e mãos dadas, a levitar 
Tomados de esperança – a mesma
Com a qual se vestem os sonhadores
E as fotografias antigas repletas
Daquela magia saída de um festejo de São João,
De uma sadia quadrilha animada pelo mulato Bita.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

BEM-TE-VI, O PÁSSARO QUE TRAZ A CHUVA

Autor: João Maria Ludugero

Apressei o passo.
Disparei pela rua acima.
Atravessei a Brasiliano Coelho,
Quando, do chão, já subia o mormaço
Dos primeiros pingos
De chuva que molhara meu rosto.

Foi tudo tão de repente,
Antes mesmo que o bem-te-vi
Avisasse que o verão prenunciava chuva
Sem dizer o que viu, inquieto,
Acho que veio trazer a chuva.
Logo presenciei a saudade
disposta se debulhar
No meu rosto, em lágrimas.
Isto porque me lembrei de dona Maria
A recolher as roupas do varal
Ali na esquina da casa rosada,
Ali na rua coronel Felipe Jorge.

Cheguei em casa quase encharcado.
E no compasso mais impreciso,
Veio a saudade ter seu espaço.
Irresignado, chorei.
Teria sido a chuva de verão
Teriam sido as lágrimas
Que lavaram minha face?

Parei por um momento e pude ver
Os alunos das escolas vizinhas, em medo patente,
Mais precisamente os alunos uniformizados
Da Escola Dom Joaquim de Almeida
A cobriram-se de inusitados cadernos,
Pastas, mochilas, camisas, capas
E guarda-chuvas levados ao vento.

E se ouvia o estilhaço
Dos espelhos d’água em pedaços
Pelos pés fugitivos, fardados.
Enquanto isso, ali no Cruzeiro
A reverência de um antigo incenso,
Velas ainda quase inteiras
E outras em derretida parafina.

Foi aí que me lembrei, não por acaso,
Da inesquecível dona Eugênia Bento
Ali na casa azul da esquina,
A acenar chamando suas Marias
Das Graças e da Penha,
Uma vez que a mesa do almoço
Estava posta, que encostassem
As portas da venda.

Dona Bena era assim tão bonita
E trazia no semblante calmo
A tez irmã da própria paz.
Ela tinha bondade demais no coração
Estampado no seu sorriso franco. 
Eu tive a chuva a me trazer lembranças
Da minha amada Várzea das Acácias.
Foi o acesso de riso da natureza
No canto do meu pequeno bem-te-vi,
Que me veio trazer a chuva. 

MEMÓRIAS DA NOSSA VÁRZEA: UM PUNHADO DE SAUDADE

















MEMÓRIAS DA NOSSA VÁRZEA:
UM PUNHADO DE SAUDADE
Autor: João Maria Ludugero

Quem viveu em Várzea, e partiu para longe, carrega a saudade dos cajueiros em flor, o sabor dos cajás, dos umbus e das mangas, sem nunca esquecer do sabor daquele verde feijão de corda, com farinha de mandioca e manteiga-de-garrafa, amassado com a mão; na memória a beleza singela dos festejos juninos, as ruas enfeitadas com bandeirinhas, as fogueiras de São João, as quadrilhas de Seu Bita e da solene procissão do Apóstolo São Pedro; lembra da Escola Dom Joaquim de Almeida, da rua do Cruzeiro, nostálgica na madrugada, dos bailes no Clube Recreativo Varzeano de Manoel de Ocino; recorda do cineminha de Zé Orlando em salas improvisadas, do Q-suco geladinho na venda de Seu Olival; dos salões de sinucas de Seu Lula Florêncio e de Seu Otávio Gomes (hoje Bar do Eduardo "Maninho"); sente ainda o cheiro do pão quentinho na esquina da padaria de Seu Plácido "Nenê" Tomaz; ouve os cânticos evangélicos, pela manhã e à tardinha, oriundos da rua nova, direto da amplificadora do Sargento Xavier; ouve o sino da igreja-matriz a badalar a hora do Angelus (Ave-Maria), e ainda ouve longe o acordeon de Cícero cego a sanfonar a saudade.


Enquanto isso,
Meu Eu-varzeano 
Segue cantando, no presente,
Com amor e devoção,
Fazendo versos simples,
Tramando o fio da minha poesia.
Bem sei que o Vapor
Do tempo partiu,
Levando alguém.
Varzeano que parte,
Parte chorando,
Quem fica, saudades tem…
Amigo, o que a gente não sabia:
- Quem parte, parte chorando sim,
Mas leva muita saudade também.
Ah, Várzea, a nossa rua,
A nossa casa, a nossa história.
Velhos tempos, belos dias!

domingo, 21 de novembro de 2010


HOMENAGEM DO EXMO. SR. PREFEITO MUNICIPAL DE VÁRZEA GETÚLIO LUCIANO RIBEIRO AO ESCRITOR E POETA VARZEANO JOÃO MARIA LUDUGERO (Uma pequena homenagem do teu amigo Getúlio Ribeiro, pelo muito que tens feito pela divulgação da cultura Varzeana, por esse Brasil afora. Um forte abraço. Estamos te esperando).
PREFEITO GETÚLIO RIBEIRO
POETA JOÃO MARIA LUDUGERO















João Maria na história 
É um grande escritor 
Fala das coisas da terra 
De Várzea seu grande amor 
Também lembras Seu Zuquinha 
E do nosso velho Vapor 

Meu colega e companheiro 
Quero lhe homenagear 
Tá voltando à nossa  Várzea
Para nos visitar 
Seja bem-vindo poeta, 
Essa terra é seu lugar 

Sua poesia é fantástica 
Melhor é sua leitura, 
Pois retrata a nossa
Várzea  Seu povo e sua bravura 
Parabéns, oh João Maria, 
Por tão bela literatura 

Esse grande varzeano 
Poeta sensacional 
Possui a maior riqueza 
Pois é intelectual 
Levou a nossa cultura 
Prá capital federal 

João Maria Ludugero 
Homem do coração bom 
Continuo os meus versos 
Para não sair do tom 
O povo tá te esperando 
E teu pai seu Odilon 

Tu falas da nossa terra 
Honras o nosso lugar 
Não esqueces do Angico 
Da Forma e do Trapiá, 
Nova Esperança e Capim Grosso 
Salgado e Itapacurá 

Virás no mês de dezembro 
Comemorar o Natal 
Abraçar os teus amigos 
De uma forma fraternal 
Vem logo nosso poeta, 
Trazendo um bom astral 

Eu sei que estais com saudades 
Desse pedaço de chão, 
Pois vejo na tua poesia 
Uma forte emoção, 
Pois quando falas de Várzea 
Palpitas teu coração

Autor: GETÚLIO LUCIANO RIBEIRO, 
Várzea-RN, 18/11/2010.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A PROCISSÃO

A PROCISSÃO
Autor: João Maria Ludugero


Eu subo apressado a rua grande
Eu desço muito espantado
E quase sem ação, aflito,
Pasmado, estupefacto
Com as idéias confusas,
Atordoado, perturbado, atônito
Eu atravesso a Brasiliano Coelho.


Eu vejo a imagem de São Pedro
No topo da igreja-matriz,
Sem reparar que o Santo está
De costas para a rua do arame.
Mesmo assim, ele olha por todos!


Eu sigo pelos becos
Eu chego à rua da pedra,
Eu entro na barbearia do Arlindo
Eu me vejo forte e belo, não fraquejo
Diante do espelho,
Eu comigo, de frente e verso,
Cara a cara, enfrento-me
Ante a indefinição da imagem,
Em face da dubiedade
Nele refletida.


Num abrir e fechar de olhos,
Num curto espaço de tempo
Num átimo, torno-me velho,
De repente, no preciso instante
Dos fogos de artifício
Em dia de veneração
Chego ao fim da procissão
E acendo as luzes da da minha Várzea.


E agora, onde vou, o que sou
Eu? marcho adiante, crédulo,
Rezo baixinho a São Pedro
Olhando para o topo da igreja,
Vejo o santo apóstolo pescador
Com as chaves nas mãos
Pronto para abrir as portas
Do meu coração de poeta.


E lá vou eu segurando o andor
Transportando a mãe de Deus.
Eu sigo pelas ruas de Várzea,
Atravesso a multidão
E sozinho, sem piedade,
deixo aos pés do altar,
Sob o olhar da Virgem Maria,
A minha velha face.


E a esperança amiga se renova.
E, então, cadê o vigor que era verde?
O vapor desabou em mim?
Nunca se evaporou nossa coragem.


Logo, meu coração antigo e a velha face exposta
Ambos caem de maduros aos pés do santo,
Que, de pronto, abençoa o cortejo.
E assim segue a procissão.
Prossegue a vida numa série de pessoas
que seguem umas atrás das outras.
E assim a vida varzeana continua
Prosseguindo na sua fé santa
Cuidando do andor das horas
No andar dessa minha gente
Que acredita, que luta e
Ainda renova suas esperanças,
Com a certeza de que melhores
Dias virão para a nossa Várzea!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

SAPOS, JIAS E PERERECAS

Autor: João Maria Ludugero

Na minha Várzea
Há um rio salobro
Chamado Joca
Nele há girinos,
Há jias que saltam
Nas brechas
Das cacimbas
Do rio de Nozinho
Ao riacho da cruz

Nos lodos dos seixos
Nos limos das pedras
No escorrego dos lajedos
Nos esconderijos
No vapor das horas
Ouve-se o coachar
No retiro dos sapos:
'Coach, coach'...
E o barulho das águas
No salto das pererecas:
Pro fundo do rio:
Tchibum!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

ESTRELAS
















ESTRELAS
Autor: Igor Gabriel  Majella Ludugero dos Santos
(Meu filho de 14 anos)

Cada um de nós sonha em ser uma ``estrela´´, que seja brilhante, alegre, bonita, mas ninguém consegue ser uma estrela perfeita. Cada um se esforça do seu modo, seja para sustentar a casa e seus filhos, resumindo, para sustentar sua vida.

Nós, às vezes, caímos como estrelas cadentes, mas depois nos erguemos como a lua num final de tarde. Mesmo que alguém diga ou julgue ser capaz de ser uma ``estrela perfeita´´, não conseguirá, pois todos nós somos estrelas imperfeitas, que sempre caem, mas quando se levantam,  brilham mais que uma pequena constelação.

Muitas vezes essas estrelas podem mudar o mundo, trazer paz às guerras, acabar com a fome. Mas, infelizmente, o homem ainda é uma estrela murcha, que cai dura como um meteoro que destrói o que toca.

Por isso, se cada um de nós pelo menos tentar ajudar, nem que seja por um simples gesto de bondade, vamos ser mais do que meteoros, vamos ser astros que irradiam uma luz capaz de mudar nem que seja uma coisa simples, mas vamos ser melhores do que meteoros, imperfeitos, mas  corajosos para mudar.

domingo, 14 de novembro de 2010

VÁRZEA, UMA TERRA AMADA










Autor: Igor Gabriel Majella Ludugero dos Santos
(Meu filho, Estudante, 14 anos)


Várzea, uma cidade bela,
Onde pessoas chamadas 'varzeanos'

Se interagem na rua, seja brincando
De bola, de pique-pega,
De pique-esconde, indo à escola, 
para o trabalho, para a igreja
Ou curtindo a vida.

Só os varzeanos entendem como é
Viver em várzea, uma cidade tão bela e bonita.
Não é possível descrever 
Um lugar tão amado assim
Somente com palavras feitas e bonitas,
Pois só o coração de um varzeano
Entende o que estou falando.
É por isso que eu gosto tanto
Dessa cidade chamada ``VÁRZEA´´,
Porque ela me dá alegria,
Bons amigos, boa vida .

Várzea é uma cidade tão alegre,
De uma gente tão cheia de vida
Que nunca perde as esperanças,
Que nunca se dá por vencida.
Sempre estará no meu coração,
Pois várzea  foi, é e será
Uma terra por mim sempre amada.

sábado, 13 de novembro de 2010

BEM-VINDO A VÁRZEA!

Autor: João Maria Ludugero

Chegou o dia, o que eu mais esperei.
Vou pra minha Várzea
Rever minha gente pacata,
Ver de perto o açude do Calango,
O rio Joca e o Vapor

Vou pedir minha bênção a São Pedro
Agora no topo da igreja, a olhar por todos,
Vou rever minhas professorinhas
Dona Marica, Vilma, Dezilda,
Terezinha Bento e dona Zilda
Vou à feira de domingo comprar
Goma de tapioca, cocada e caldo de cana
Vou me lambuzar nos doces umbus
E cajás lá do riacho do mel,
Vou-me enveredar pelos campos do bem-querer,
Seixos, Maracujá, Itapacurá a dentro,
Quero me 'quilariar' nos ariscos
De água doce, renovar minhas esperanças


Na areia do rio quero me sentar
Na rima da palavra só me lembro
Da igreja azul de São Pedro
E de suas belas palmeiras a imperar
A reverdecer minhas doces lembranças

Por isso faço a mala e vou
Correndo pr'o meu lugar.
Mas que lugar é esse
que vive a me chamar?
Quero me sentir inteiro,
Andar descalço, criar asas,
A sentir o cheiro da terra,
Satisfeito, encher os pulmões
De bons ares e sentar no seu colo
Só pra desfalecer nos braços
Da paz verdadeira.
Que lugar é esse?
Esse lugar existe?
Existe sim, e se chama Várzea.
Seja bem-vindo, sinta-se em casa!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

NÃO CAREÇO DE APLAUSOS

Autor: João Maria Ludugero


Não estou aqui à cata
de aplauso
Não quero
aplauso nem elogio,
não quero beijo.
Quero apenas
que leias, se quiseres,
o que eu rabisco,

a poesia que escrevo

Não quero aplauso
Mas o meu aplauso fica no ar
percorre os quatro cantos,

Desde os Seixos ao Vapor.
Eu mesmo atiro minhas pedras
Nas águas verdes do açude.
Desopilo a mente, o espírito
Sigo a lida, avanço o passo
E mando o meu aplauso
pra quem for merecedor

Eu bato palmas contente,
aplaudo com muito ardor
minha salva vai mais forte
pr'aquele que teve a sorte
de esbarrar no grande amor

Ali na praça do encontro
Nada peço, só agradeço
No centro da minha Várzea,
Minha terra ensolarada
Que eu amo desde o berço! 

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ADOCICANDO A VIDA

Autor: João Maria Ludugero

Várzea, minha Várzea,
Terra de tanta vivacidade
De cantos e encantos
De carro encantado
De mulher que chora
De Vapor que não evapora
Lenda que não se perde
Que subsiste ao tempo dos florais
Tempo de quintais, 
De hortas e de pomares 
De bem viver a vida
Sentindo teus bons ares

É demais gratificante sentir
A paz da tua tarde amena
Que traz a brisa serena
Que vem adocicar rosas e roseiras 
Apoderando-se do verbo
Maravilhar-se, de fato,
Ao tomar posse dos relentos

Ser a plena Várzea, 
Autêntica, genuína e a mais
Verdadeira cidade a cultivar 
Roças e roçados, alimento,
Alento de sua pacata gente
Campo de tantos amores
E flores do campo
lavradas alma adentro!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

RIACHÃO

Autor: João Maria Ludugero

Gostaria de tecer
De engendrar um poema 
Com cheiro de mato verde,
Com cheiro de terra
Com a lucidez do varzeano menino
Que um dia aprendeu a nadar
nas águas salobras do rio de Nozinho
E muito bebeu das águas do açude do Calango.
 
Se sei, ah, eu sei muito bem 
o que isso significa: 
É Amor, puro Amor de verdade, 
É saudade, é riacho que não seca,
É riachão que atravessa
Meu coração sincero, sem tamanho.

Porque gigante é o meu peito,
Que arde e queima por dentro,
E fica sem sair, doido de vontade
De lá sempre estar, satisfeito,
A balançar na rede de algodão,
A sentir o cheiro da casa de farinha
Lá no alpendre do arisco dos Marreiros,
Lá bem do outro lado de lá do rio Joca.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

VELHO VAPOR

















Autor: João Maria Ludugero

Num sopro forte e direto
O vento levanta o pó,
Sacode a poeira da ferrugem
E redige no quadro-negro
Palavras a giz
O tempo apagador
Não mais anula o escrito,
Que eterniza as marcas
Do velho Vapor

As lembranças esbarram
No tempo, antes mesmo
Do ruido do pano da retina
Calar o perfume das horas,
Ainda mais que teus olhos espirram
Encarnados desejos
E o sol entra teimoso
Pelos escombros
A desenhar teu corpo
Num passo que sobressai
Das sombras a desnudar o silêncio 
Que percorre o velho Vapor

Molhamos os pés no rio Joca,
Não nos afundamos no vale
Onde ecoa o amor,
Na nossa Várzea em flor, 
Porque apesar de aspirar o pó,
De levantar a poeira seca
Que entra pelas narinas,
Não fico prostrado no vazio
Do que ficou das ruínas
Do velho Vapor de Seu Zuquinha.