Seguidores

domingo, 28 de fevereiro de 2010

BEM-TE-QUERO, VÁRZEA!

BEM-TE-QUERO, VÁRZEA!

AUTOR: João Maria Ludugero.


Confesso que sinto saudade
do tempo do candeeiro,
do namoro da praça da matriz,
das brincadeiras de criança
e das morenas de trança.
a despetalar seus bem-quereres.


Cadê as pastorinhas
De seu Joaquim Rosendo
Cadê o cordão azul de areia brilhante
E as lantejoulas do cordão encarnado
Cadê os poetas e seresteiros
Que já não cantam na madrugada,
sendo a lua testemunha entre as palmeiras
de São Pedro apóstolo,
Cadê o violão companheiro de Seu Luciano
Dos Correios, que encantava sua linda Lucila?

Ai que saudade daquele tempo
Das minhas professorinhas Dona Marica Fernandes.
Da Dona Wilma e Dona Dezilda Anacleto
Da abnegada Zilda Roriz de Oliveira,
Das Escolas Dom Joaquim de Almeida,
do Educandário Pe. João Maria
E do festivo salão da Escola São Pedro.

Que saudade do amor sem dinheiro,
do cheiro forte de terra molhada,
da paquera da rua do Cruzeiro,
do bar do Seu Biga, do caldo de cana caiana
E do refresco Q-Suco lá do Seu Olival.

Que saudade do banho de rio,
de acordar cedo e ir pescar no rio de Nozinho.
Isso é muito gratificante. Ter ali vivido, de fato
Faz muito bem ao ego, essa alegria carrego comigo
Castigo? não! ali aprendi a amar as coisas simples
E delas nunca me separei.
Hoje acordo e me olho no espelho
Sinto-me belo, sou varzeano
Desde cedo aprendi a ouvir a voz do coração
E sei que vou partir um dia, mas irei feliz
Porque irei VARZEAMANDO!

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

AVE-CORAÇÃO

AVE-CORAÇÃO

Autor:João Maria Ludugero.


Eu viajo pelo Vapor
Eu passeio na tarde sem pressa
Eu curto a paisagem
Eu me atiro pelos caminhos áridos
Eu vou em busca de um olho d'água
Eu me banho na cacimba cavada na areia
Eu tomo um banho no poço de Nozinho
Eu mergulho no resto do rio Joca
Eu jogo a rede e o landuá no que sobrou do rio
E ainda fisgo carás e algumas aratanhas.


Eu observo aves a cortar o céu
Elas voam alto direto ao meu pensamento
Meu coração-sabiá canta com pena de mim
Ele bate descompassado a entoar uma canção de Amor
Seu tum-tum me arremessa
feito um canário de chão
Que se encontra escondido
entre as ramas do roçado
Que voa vertiginoso
com receio de algum laço feito de crinas de cavalo
a levá-lo à prisão, sancionada a duras penas.

Prefiro ser livre e solto
feito aquele pintassilgo a cantar,
a afastar minha dor, minha saudade.
Prefiro a paisagem aberta, o risco do estilingue
Do que morrer patativa na redoma da gaiola.
Triste sina a do azulão arrancado da sua senda.
Assim é a minha vida, que fica pela metade,
se estou longe longe da minha Várzea.


Hoje sinto o meu coração-galo de campina
A carregar grande dor, mas ninguém tem dó de mim!
Sou passarinho bem distante do meu ninho, triste fardo,
Minha saudade-condor voa alto tão rasante
Que parte rumo ao infinito, apesar dos pesares.

Mas voa que voa alto,
Não voa só meu coração-não-sebito
Plaina levemente, além do rio da Cruz
Suavemente sobre as nuvens azuis
Sobre o tempo, sobre o espaço
carrega suas lembranças,tantas-tantas
Sobre o pó das estradinhas de chão.

Voa livre em meu olhar
Que busca um Itapacurá.
O inquire, flor da paixão-maracujá,
Mas ele nada responde, fruta mordida,
Bicado caju não poupado pelo afoito periquito.

Mas sinto que meu coração-gavião
É pássaro liberto e segue inquieto
Longe vai, busca caminhos e destino.
Nada teme, seu reino é o imenso céu,
Onde apenas o ar o envolve solene,
Depois plaina devagarzinho, meu coração-quero-quero
Bravo coração-tetéu, de volta vem pro seu ninho
Em busca do seu Amor, insubstituível
Em busca da sua amada terra do agreste
Em busca da sua Várzea das Acácias.
Porque lá é a minha casa, meu retiro
Onde a gente vai andar e voa,
Voa sem medo de ser feliz, simplesmente.
É lá aonde eu tenho ariscos de sombra e água fresca!
Que dádiva posso eu querer mais da vida? Me diga!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ATÉ QUANDO DURMO EU FAÇO VERSOS

ATÉ QUANDO DURMO EU FAÇO VERSOS


Autor: João Maria Ludugero.


Da vida, bem sei o que quero
Sei do que gosto
E do que desgosto,
Sei o que me dá gosto
de viver a vida.

Eu sou humano, de carne e osso,
Eu corro e canso, eu acerto.
Talvez até canso em um canto
Mas do teu encanto não me canso
Não me dá cansaço nem enfado
nesse passeio feliz
No teu bosque de lembranças.

Com toda certeza, eu também erro
Eu não morro no teu manso carinho
Eu acordo junto com a coragem aflorada
Em meus poros, veias e capilares.
Se precisar, eu grito, eu berro.

Eu sigo adubando o teu solo,
Sou guardião deste mundo
Eu respeito a tua natureza
Eu me enramo em tua roça,
Eu me enrosco em tuas ramas,
Sou capitão da minha saudade.

Eu persigo um certo Vapor vital,
Que hoje me faz falta.
Eu não me arretiro e durmo,
Desperto e durmo, em claro
Sonho e durmo, acordado,
Desejo e durmo, não exausto,
Sofro e durmo, não desisto.
Conquisto e durmo, aos murros,
Levo foras e durmo, paciente,
Amo e durmo, simplesmente.

Quando as coisas não caminham muito bem,
Eu rezo e durmo, Várzea a dentro,
Quando as coisas estão ótimas,
Eu agradeço, rezo e durmo, de certo.

BICHO SOLTO NA VÁRZEA

BICHO SOLTO NA VÁRZEA

Autor: João Maria Ludugero.

Mugem os bois no pasto do Calango,
Berram os cabritos soltos na Vargem
Fuçando capim e juncos à cata de alimento.

O vento, velho companheiro,
uiva pelas quatro bocas
a bafejar a tarde varzeana.

Meu rugido se corta além do paredão
Do açude, enquanto tudo se derrama
Em ávido e ácido lume, de sobejo
A escoar pelos bueiros
Das estradas de chão
que levam ao sítio de Zé Canindé.

Corro terra-a-dentro:
dou de cara com a saudade,
Atravesso cercas de arames farpados,
Abro um clarão na árida mata,
O sol queima meu rosto sem pena.
Eu percorro longo campo de mata-pasto.
Eu me acho defronte ao carro encantado,
Eu estou dentro da lenda,
Vejo diante de mim a mulher que chora,
E descendo a Brasiliano Coelho de Oliveira
Eu mais pareço um cigano ao trilhar esse chão
Como se fosse o traçado das minhas mãos
como que a ler a própria sorte, ali escrita.

Eu sou filho de Várzea,
Eu tenho um sonho acordado,
prestes a fazer desabar por inteiro
Sobre a cabeça de cada varzeano, de súbito,
A tão sonhada felicidade, de fato.

Porque minha poesia não tem muros,
Minha poesia tem janelas e versos.
Porque minha Várzea me fez assim,
Fez fértil o terreno do meu coração
E nele plantei sementes do bem, do amor e da paz.
Logo, sempre que preciso acho socorro em cada beco.


Assim sendo, não morro
feito semente em solo seco.
Sou filho de Várzea,
sou filho da terra agreste.
Sou filho do semi-árido.
Posso até ser árido, no cerne,
mas tenho um olho d'água em cada arisco.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

CICATRIZES

CICATRIZES

Autor: João Maria Ludugero.


Dentro das minhas lembranças
Eu trago um velho baú cheio
de memórias indissolúveis, arquivo vivo,
que guarda sonhos, pessoas, lugares
que guarda desejos, abraços e prazeres.

Eu acordo no meio da noite
Eu vejo na sala-de-estar
ou no quarto de dormir um sol
que não deixa logo o dia vir,
Ou melhor eu passo a noite em claro.
Eu sonho acordado, de fato,
Iluminado pelo sol amarelo e radiante
Que carrego comigo, dentro do peito.

Um sol que traz a alvorada
Com esperanças renovadas,
A me trazer um amanhecer mais bonito
A me trazer uma mesa farta, de pronto,
A me trazer uma tarde bonita e amena
com seu cheiro de mato e passarinhos.


Há nessas memórias dias felizes
Há também aqueles cinzentos, gris.
Há o registro dos momentos inesquecíveis,
Mas que foram passageiros,
que se foram com o vento.
Há lembranças tantas tantas
do brilho dos olhos teus, vertentes
dos prazeres compartilhados,
das lágrimas de alegria,
da felicidade repartida.

Minha sina é passar isso para o papel,
Fazer simples versos, eu-contente-da-vida
Conversando com meu coração,
Escutando a poesia que brota dele,
Como se fosse feito um talho, um corte
direto no meu peito, que faz bem doer
Pois alivia o corpo e a alma,
Como se desse corte brotasse resina
como aquela que aflora no cajueiro
Como que para aliviar a dor da saudade
Que foi esculpida no tronco de uma árvore,
erupindo como se fôssemos um rio cheio,
Quiçá um Calango, um açude a sangrar
A transbordar tudo que vivemos ali,
Bem ali na nossa Várzea das Acácias!

E essas marcas são como uma tatuagem
gravada em carne viva, a ferro e a fogo,
Que dilacera o coração por dentro, em brasa,
que aprendi a carregar comigo vida a fora,
Por toda minha vida, além dos muros da minha casa,
sem mesmo cogitar de fazer uma plástica.

E assim vou vivendo a vida, sem muitas cobranças.
Agora, mais do que antes, aprendi
a gostar das minhas cicatrizes.
Assim vai o tempo passando, as horas
a bater o sino da igreja.
E eu na peleja a lubrificar portas e dobradiças,
A tanger tudo que seja triste,
a levantar o astral, pois sou varzeano
e habito a terra da felicidade.
SEM ARREDAR O CORAÇÃO DA MINHA VÁRZEA

Autor: João Maria Ludugero.

Imerso em meus pensamentos
Mergulhava nas águas do Calango,
E já me dizia o açude, de súbito,
que eu haveria de partir, galgar outro lugar,
como se dissesse eu ter sede de viagens.

Eu via a leveza das aves,
E isso muito me aprazia.
O canário-de-chão já me dizia
Que eu precisava respirar outros ares.
Mas o ar dali não se detinha no cálice das mãos.

As pedras, os Seixos de arestas polidas, já me diziam,
E eu bem sabia das areias movediças,
nos jardins fora da minha Várzea.
Nos umbrais das esperas,
nas soleiras das portas,
As sementes germinaram,
os frutos maduraram, de cair no chão,
E aquele magote de crianças cresceu.

Já era velha a tarde varzeana,
As andorinhas em bando se dirigiam à torre de São Pedro
E as estradinhas de chão me pegaram os passos,
Foi quando a poeira e o pó foram sacudidos ao vento
Foi quando lágrimas se debulharam no meu rosto.


Eu botei a saudade no embornal, uma a uma,
Abracei minha mãe, pedi a bença a meu pai
Peguei a camioneta do seu Tida e rumei à Nova Cruz
E com o coração despedaçado, segui minha sina
Em busca de uma esperança nova, eu me partir.

Eu vi minha Várzea ficando distante,
Naquela tarde eu vi no céu uma meia-lua inteira,
uma lua de prata presa ao meu peito.
Eu sabia que era chegada a hora
de aprender com o adeus novo ofício
de se lançar vida a fora, de fato,
pela vastidão de outros campos
e o breve breve tempo do Verão.

Mas de uma coisa posso ter certeza:
Eu, feito andorinha só, vim para Brasília.
Eu vim. Eu vi. Eu venci.
Mas sair de Várzea, disso certeza não tenho,
Uma vez que da minha Várzea
nunca arredei o coração,
Nunca me vi ausente dela,
da minha amada cidade da cultura,
Minha Várzea das Acácias!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

SEM ARREDAR O CORAÇÃO DA MINHA VÁRZEA

SEM ARREDAR O CORAÇÃO DA MINHA VÁRZEA

Autor: João Maria Ludugero.

Eu imerso em pensamentos
Nas águas do Calango,
Já me dizia o açude,
que eu haveria de partir,
como se dissesse sede de viagens.

Eu via a leveza das aves,
O canário de chão já me dizia
Que eu precisava respirar outros ares.
Mas o ar dali não se detinha no cálice das mãos.

As pedras, os Seixos
de arestas polidas, já me diziam,
E eu bem sabia das areias movediças,
nos jardins fora da minha Várzea.
Nos umbrais das esperas,
nas soleiras das portas
As sementes germinaram,
os frutos maduraram,
E aquele magote de crianças cresceu.

Já era velha a tarde varzeana,
quando a estrada de chão me pegou os passos,
quando a poeira e o pó foram sacudidos ao vento
quando lágrimas se debulharam no meu rosto
Eu botei a saudade no embornal, uma a uma,
Abracei minha mãe, pedi a bença a meu pai
Peguei a camioneta do seu Tida e rumei à Nova Cruz
E com o coração despedaçado, segui minha sina.

Eu vi minha Várzea ficando distante,
Naquela tarde eu vi no céu uma lua,
uma lua de prata presa ao meu peito.
Eu sabia que era chegada a hora
de aprender com o adeus o ofício
de cantar mundo a fora, de fato,
pela vastidão de outros campos
e o breve breve tempo do Verão.

Mas de uma coisa posso ter certeza:
Eu vim para Brasília. Eu vim. vi e venci.
Mas sair de Várzea, disso certeza não tenho,
Uma vez que da minha Várzea
nunca arredei o coração,
Nunca me vi ausente dela,
da minha amada cidade da cultura,
Minha Várzea das Acácias!

MEMÓRIAS DA CASA VELHA DO VAPOR

MEMÓRIAS DA CASA VELHA DO VAPOR

Autor: João Maria Ludugero.

No outro lado do rio Joca,
Lá no alto aonde a vista podia alcançar
Estava a casa velha, a casa do Vapor,
Ladeada pelo lindo flamboyant
que dava flores alaranjadas na primavera.
Muitos vasos de gerânios nas janelas,
Algumas espreguiçadeiras de panos de tear coloridos
e redes de algodão espalhadas por todo o alpendre.

E no meio da plantação de sisal
podíamos apreciar belos pavões a cortejar suas fêmeas
ou um bando de gansos e patos a matar a sede
Nos veios d'água que circundavam a velha casa.

Não muito longe dali, do outro lado do curral,
A casa de farinha, de onde provinha o cheiro
de beiju da última fornalha.
E quase sempre um magote de menibos
e meninas a sonhar com seus puxa-puxas,
Com seus confeitos de açúcar mascavo
feitos no pé do forno, no fogo de chão entre a lenha e o tição.

E no centro de tudo, a cantiga alegre
das rapadeiras de mandioca
Com seus lenços amarrados na cabeça,
e o suor a escorrer pelo rosto.
E no tempo, o vento a exalar seus cheiros e manipueiras.


No oitão da casa velha, as trepadeiras
a florescer brincos de princesa.
Na cumeeira, andorinhas que sempre voltam
Espreitadas pelo gato dourado de dona Lourdes.
No fogão a lenha, a chaleira de ferro sob as labaredas
E o cheiro de café a tomar conta do desvão da tarde amena.

No alguidar, a goma fresca, o polvilho
Tudo pronto para a tapioca e os beijus.
E em nossa face a vontade de não sair mais dali.
Ali mesmo na terra da simplicidade, nossa Várzea amada.

E agora só nos resta os restos teimosos dessa saudade
Uma vez que derrubaram a casa velha e suas paredes.
E ali nas ruínas o sol sempre volta a aquecer
A fazer respirar suas lagartixas.

Lá dentro do peito, percorre um vazio, persistente,
ou um ranger de portas empenadas pela ferrugem.
Nada de talheres a tilintar na mesa, só o silêncio.
Só o abafar de suspiros de outros tempos,
ou os gritos amordaçados que não tiveram ecos.

Mas ainda se ouve o canto mavioso
do pintassilgo nas algarobeiras.
E tão só o piar do galo de campina,
E nada de correrias de crianças,
nem mesmo a toada das mulheres
a descascar mandiocas na casa de farinha.
Só resta agora a saudade a nos apanhar,
a nos acompanhar vida a fora, pra sempre.

Ali existiu a casa do Vapor do seu Zuquinha.
Dentro das nossas memórias varzeanas
uma casa ainda habitada
a alimentar as ruínas de um tempo bom
que o vento não leva jamais.

SOLTANDO OS BICHOS

SOLTANDO OS BICHOS


Autor: João Maria Ludugero.


Estou no paredão
Não tenho medo algum, da vida
Não tenho receio de perder o chão
Não é movediço o meu lugar
Minha Várzea é movida de Amor à vida.
Ela me fez eterno-aprendiz do Calango
Estou no paredão do açude
Com o vento no rosto
e as mãos despidas,
detenho-me e escuto
um murmúrio de vozes antigas.


Aos meus pés tombam palavras
nunca fatigadas de saberem tantas águas.
Cai a tarde amena, ao passo que o vento beija o açude.
É quando as aves saem da paisagem, sem pressa.
Nesse instante, um manto verde-musgo cobre o espelho d'água
e uma janela no meio do peito se abre sobre o tempo
que somos, porque somos o que somos, filhos de Várzea,
sem negar a raça, com graça e real beleza.
O corpo esse nos sobra e se mostra todo
a esbanjar de natural orgulho
que somos nascidos da mesma laia,
persistentes guardadores
de sonhos acordados, possíveis
Desbravadores da sonhada felicidade, de fato
Senhores das marcas de água ou do nosso rastro,
Ainda deixamos pelo caminho sementes prontas,
Capazes de germinar esperanças adormecidas,
Afinal moramos aqui na terra de Ângelo Bezerra!


Somos varzeanos e não temos tempo
Para cultivar tristeza.
Eu lhes digo e asseguro,
Estou no paredão do açude,
Eu bem me equilibro, bicho solto,
Com a devida coragem e sensatez,
Sou rico, sim senhor,
Sou dono do meu nariz!


Pobre de quem ficar em cima do muro
Aguardando o manjar cair do céu!
Eu sou varzeano, arregaço as mangas,
Começo de novo, dou rasteira no bicho-papão,
Dobro a esquina e, se preciso for,
Dou até nó em pingo d'água. Acredite!


E, faça-me um favor, caro varzeano,
Não fuja da raia, mulher ou homem,
Nunca entregue os pontos, não morra na praia,
Pois temos Vapor de sobra e vital energia,
Somos feijão, e que sejamos gato, lobo ou vovozinha,
Que sejamos até farinha do mesmo saco.
Afinal, já se deparou que somos nós
quem pagamos as nossas contas?


De uma coisa eu tenho certeza,
Nós temos um sonho nas mãos
e aprendemos desde cedo, com garra,
a não levar desaforo pra casa,
A não morrer na praia. Você sabia?


Sejamos patinho feio a virar cisne
Sejamos Calango ou lagartixa ao sol
ou qualquer outro bicho, de fato,
Pois a gente nasce pra ser o que se é.
Se não enfrentarmos a fera-vida, menino ou menina,
Qual seria a razão de você ter nascido;
Vai encarar ou vai ficar debaixo da saia,
A cochichar a vida alheia com o rabo a espichar,
Ou vai viver sentado em cima do próprio rabo,
Tomando conta de migalhas, pro resto da vida?
Pense nisso!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

QUANDO O CORAÇÃO DESPENCA

QUANDO O CORAÇÃO DESPENCA


Autor: João Maria Ludugero.


Eu estive a visitar o rio Joca
Vi o rio seco ali quase abandonado
Um resto de água parada, o que restou do rio
Eu voltei ao passado com meus pensamentos,
Remeti-me a outros verões, divaguei
Feito uma andorinha só no desvão do tempo
Tempo de outrora, tempo de cacimbas
De água potável e banhos de cuia.


Eu vi a tarde derramar sombras
Nas ribanceiras do rio, eu vi os juazeiros
Vi e ouvi os anus-brancos e pretos
A gravetar seus ninhos nas verdes copas
Dos arbustos agrestes espalhados ao largo
Do caminho que leva ao Vapor de Zuquinha.


Vi a imensa areia branca do rio,
Uma praia fluvial onde me deitei
e junto comigo desabaram as lembranças
Do tempo em que éramos crianças e íamos pescar
Ali nas pedras e locas do rio de Nozinho.


Pisei na areia morna, espiando ao redor
Estive inteiro, situado ali no leito seco do rio
E senti o coração apertar, senti a vida pela metade
Bateu uma saudade do tempo em que a gente ficava ali
Zambeteando na beira do rio sem pensar na ilusão do mundo
Sem pressa para o dia encontrar a noite e a gente ver as estrelas.


Eu pisei na areia do rio
E mais ninguém pisou como eu pisei.
Eu senti a brisa gangorrando as frondes
Do coqueiral, o vento alisando as folhas,
os galhos dos marmeleiros, ruídos de preás.
Eu pude sentir o aroma das flores do mato
Meu coração parecendo cair e se espatifar
Meu corpo beirando o rio, minha alma lá no fundo
do poço do rio da Cruz, onde mergulhei fundo
sob o crepúsculo a bafejar suas sombras mais cedo.


De repente, senti no peito uma ausência: a de Dona Neda.
Ela não mais estava ali com seu landuá.
E chegou a noite. E com ela dormiram as lembranças.
E com a noite chegaram os vagalumes e os grilos a trilar
E meu coração parecia cair e se espatifar nas pedras,
os seixos a rolar pela vida se espatifando na desilusão do mundo.


Acordei quando a noite chegou.
E voltando para casa, ainda sonhava
e coloria aquelas coisas sentimentais.
Ia pensando em lavrar meus poemas,
plantar e colher meus versos simples
Não em terreno alheio, mas como bom varzeano
a melhorar de vida, no murro pesado de sonhar acordado
e acreditar na fartura da minha lavoura de poesias.


Amanhã quero acordar cedo e ver o sol varzeano
A despejar seus raios no amanhecer.
Quero ver cores vibrantes e ainda acreditar
que a burrinha da felicidade vai chegar lá só pra ver
A cara da minha gente despencando de contente, de verdade.


Amanhã quero renovar minhas esperanças,
viver o presente sem me lembrar de esquecer
de cultivar minhas raízes.
Quero poder me vestir de sonhos possíveis
e ainda acreditar na força
e na vida do rio Joca.


Quero ver pássaros a voar, voar
Quero ver o rio deixar-me encher
o samburá tomado de carás e outros peixes.
Essas maravilhas que só o Joca tem para oferecer
a este humilde e rico poeta andarilho.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

CANDEIA DE TODAS AS HORAS

CANDEIA DE TODAS AS HORAS


Autor: João Maria Ludugero.


Sinto teu olhar a me acompanhar
Mesmo não estando em tua presença
O teu olhar entra na minha vida
E me cobra coisas que não vivemos
Ele vaga pelo silêncio de agora
Ele só insiste e não quer afastar a ferrugem
Que corrói a catraca das horas.


Já se foi o tempo, bem sabemos.
E ainda assim me persegue o teu olhar
Mas não me lamento nem choro mais o leite derramado
A vida tem dessas cores, é tudo aprendizado
Cada obstáculo, cada pedra, cada espinho
Fez-me acreditar mais em mim, recomeçar
Sem olhar para trás, pois se isso acontece
Deixa marcada uma promessa.


Em sendo assim, chega de saudade!
Vou sacudir a poeira, o pó das coisas de outrora.
Não fica bem chorar o que já foi sepultado
Vez ou outra vou recordar a face tua,
Mas já pálida,ingênua,fria e nua.
Inteiramente fora do alcance da minha mão.
Lembre-se que o vento nos levou pra longe de nós.


Agora há outros olhos sonhadores,olhos de luz
Que me seguem dentro da luz
que ora me alumia, feito dois sóis.
Eu sinto uma realidade à toda prova,concreta,
Que me faz chegar ao céu com os pés no chão
E há tanta luz além das luzes da cidade
Que nunca mais senti medo de escuro, de fato.


Porque tenho comigo uma nova candeia, perene
Que iluminou de vez as minhas esperanças.
Aprendi a perdoar e dei a volta por cima.
Isso me basta, e assim sigo o meu destino,
Sou Varzeano, homem feito, mas com um coração de menino.
Sou feliz.o que mais posso querer da vida?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

E, NUM ESTALAR DE DEDOS...

E,NUM ESTALAR DE DEDOS...

AUTOR: JOÃO MARIA LUDUGERO.


Ainda menino eu gostava de ver o Calango.
Muito me aprazia correr todo seu paredão e ver o céu no açude.
Eu gostava de ver os reflexos do sol no espelho d'água.
Aquele brilho todo não me cegava, nem me deixava a vista inocente doer
As horas soluçavam sob o canto mavioso do bem-te-vi,
E o tempo como um passarinho, um canário a me dar chão
Eu tinha todo o tempo do mundo, eu tinha o tempo nas mãos,
Sequer cogitava pensar que o tempo não se prende,
E que tão de repente, ele nos escapa de sopetão!


É sabido que a gente cresce,
E se o sujeito não abrir o olho,
e deixar a vida passar em branco,
Chega-nos o punhal das horas, e de pronto,
arranca-nos a vez e a voz,
num único e certeiro golpe,
Como que a nos mostrar que cada minuto da vida,
desde o instante em que se nasce, desde o choro primeiro,
já se começa a morrer, de fato,
nunca é mais, é sempre menos, sem dúvida.
Mas muita gente só descobre isso
quando é chegado o crepúsculo, a hora do parto.


E ainda tem gente que vive a vida toda a vegetar,
ou a rezar pela cartilha de outrem, à míngua, feito erva-daninha,
ou feito parasita a correr pela cabeça dos outros feito piolho,
que morre na unha, num estalo.
Mas a quem agradecer pelo eu-não-vivido, pelo eu-não-ter-sido?
De que adianta a boca perfeita se o grito entardecido está de língua presa?


Portanto, vamos soltar o verbo, e ir à luta
Arregaçar as mangas, e viver a vida.
Afinal, quem foi que disse que estamos aqui
de passagem a aguardar o sobejo dos outros?
A vida é nossa. Deus nos deu de presente, de graça.
E agora, vais ficar aí ao vento esperando o manjar cair do céu?
Vamos à luta que a vida é curta demais para ser pequena.
Lembre-se de que nem todo filho é só os da mãe.
Há os filhos de Deus, além dos filhos da outra.
Logo, se das coisas boas da vida se dispôs,
Então depois não reclama!

VÁRZEA E O VAPOR DE UMA SAUDADE

VÁRZEA E O VAPOR DE UMA SAUDADE

Autor: João Maria Ludugero.


Eu gostava de ir ao Vapor de Zuquinha.
Ia lá quase sempre em busca de ovos caipiras
E lá encontrava tantas delícias que poderia aqui
desfiar um rosário de pratos e ainda não terminaria a reza.
Dona Lourdes quase sempre nos esperava com um formoso cuscuz
De milho zarolho e coalhada, café num bule de ágata
com tapiocas quentinhas e beijus de coco na palha da bananeira.


Tudo era tão gostoso
que dava para lamber os beiços.
Mesa farta, broas de milho
e diversas outras iguarias de dar água na boca,
pratos caseiros, com gosto de fogão a lenha.
E sem gosto de fumaça.


Antes do meio-dia, já estava o frango caipira
a borbulhar em panelas de ferro,
com o caldo avermelhado pelo urucum,
pelo colorau e pelo cheiro verde - e,
de vez em quando, se fosse época,
o impagável milho verde,
desde a canjica à pamonha.


Hoje, salivo gratuitamente apenas
com essa poética descrição.
Esse varzeano aqui foi tomado
pelo falta dessas delícias tão varzeanas.
Tanto que precisou escrevinhar essas palavras simples,
para saciar um pouco sua fome de lembranças
E deixar tudo registrado no escaninho das memórias,
uma vez que o casarão do Vapor foi demolido,
Mas quem foi que disse que essa página
não vai ficar na história?


Pode apostar. O Vapor ainda nos faz inspirar
e respirar bons ares até hoje.
Quem duvida dessa dádiva,
a vida quando bem vivida nunca
se apaga tão facilmente, pois o vento
não leva o coração da gente, nem o tempo
apesar da ferrugem rasura
ou apaga da história essas nossas raízes.
Estou certo disso? Acredite,
pois sou varzeano de estirpe!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

VÁRZEA: UM CORAÇÃO VERTENTE DE AMORES

VÁRZEA:UM CORAÇÃO VERTENTE DE AMORES

Autor: João Maria Ludugero.


Sou filho de Várzea
Sou rio efêmero, de secas e enchentes, de cheias
Sou riacho de águas revoltas a caminho do Vapor
Sou Vertente de fé e coragem, sou olho d'água
Sou veio de água salobra que me conduz
a pontos raramente atingidos na terra da Poesia,
Minha Várzea das Acácias!


Meu itinerário parte de um coração desmedido
Numa mínima estrada que é um caminho de terra, pó e poeira
De seixos atirados em curtos poemas, de súbito,
Meu sol brilha em toda Vargem, para todos,extenso e amarelo,
Trilha inteiro ariscos a dentro,
A céu aberto refletido no espelho d'água
Do açude do Calango.


Na cheia o rio Joca invade a vargem,
Enquanto meu Calango sangra e escorre rumo ao rio
Enquanto cabras pastam ali, berrantes e belas.
Enquanto manhãs se precipitam, sem queixa,
A tanger o gado bravo em manadas lustrosas,
Eu corro pelos campos com meus versos afoitos,
Eu vou com o vento a expulsar a aridez das flores.


Eu não deixo a felicidade se esconder nem dali se arretirar
Eu afasto as tristezas, ao compor uma canção que atira longe os males
E com versos simples traço nos vãos mais secretos do meu íntimo
Minha poesia brava e calma, que segura, firme e sem trégua
Essa dádiva que é ser varzeano, essa leva de beleza
Esse plantio dos sonhos na tão sonhada Várzea.
Estes são os frutos da colheita, meus poemas,
Eis aqui minha paixão mediante palavras e sentimentos,
Tudo soa em poesia da mais pura essência.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O VÃO DOS MOLEQUES FELIZES

O VÃO DOS MOLEQUES FELIZES

Autor: João Maria Ludugero.


O açude continua lá sozinho, ao léu,
Digo solitário não, com seus patos,
Sereno, à espera que a noite venha.
Altivo no desvão do tempo a furtar-cores
A espreitar o crepúsculo, o fim da tarde
Amena refletida no espelho das águas
A margear o que se chama simplicidade.


Um açude repleto de memórias
Que não ficaram enterradas no paredão,
Que não ficaram encerradas no sonho feliz
de um magote de crianças, de moleques espertos
Que ainda hoje cirandam feito andorinhas,afoitas
Que juntas fazem acontecer a precisa estação
De verão em verão nos monstrando a certeza
De que melhores dias virão, quem duvida?


A saudade nunca se perde no limo das águas
O musgo toma conta de tudo, de quase tudo,
Só não barra essa coisa que dilacera o peito
e que chamam de saudade.
Mas senti-la não nos deixa desertos,
Eis que nos faz sentir vivos, agradecidos,
saber que se viveu, bem ou mal, isso não importa,
O que conta é saber que não se vegetou apenas,
Isto é o que nos consola, de fato.


E o Calango é sempre um açude aceso
Uma chama unida que cresce no peito deste poeta
Uma chama perene que permanece
no peito deste menino-moleque
e não se apaga ao vento...
É o que nos demonstra que a gente
pode se acabar, ir-se embora,
Mas VARZEAMAR,isto é algo
que não morre nunca,
nem se o açude secar,
nem se o solo rachar sob o sol do agreste,
Porque essa chama é infinda,
assim como não tem fim o mar.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

SOU VARZEANO

SOU VARZEANO!

Autor: João Maria Ludugero.


Eu crio versos
Eu converso com as palavras,
Eu lavro minha poesia
Teço-lhe sentido e signifivado
Eu sinto o verbo a escorrer nas linhas
Eu traço o que meu coração vislumbra,
rabisco desejos e sentimentos, dor e alegria
Eu tinjo além dos cinzas, trago cor e vida.


Eu furto-cores feito um Calango,
Eu driblo a tristeza, não me lamento, nem me prostro
Eu me mostro, eu me desnudo, nada tenho a esconder
Eu faço desabar sobre a cabeça a felicidade, a contento,
Eu sou poeta e não entrego os pontos,
apesar do peito em desalinho, de fato,
Eu persisto, eu batalho com unhas e dentes,
eu construo meu presente, eu alavanco o sonho
Eu dobro a barra do tempo, não durmo no ponto,
eu amanheço e com o sol rejuveneço, revigorado,
Eu arrodeio as pedras, recolho os espinhos,
Eu não fujo da raia, sou varzeano, não desisto.
Quem foi que disse que varzeano morre na praia?



Eu arregaço as mangas e chego junto, de súbito
dou uma rasteira no bicho-papão, enfrento a fera,
Coitado do bicho, quando me avista, cuida de desviar o passo.
Sou varzeano, criado solto e livre na vargem, sem amarras
Eu sou varzeano e conheço bem o caminho das pedras, de pronto
Eu me atiro no açude do tempo, renovo as minhas esperanças
E sem dó nem piedade,sem titubear, não meço o esforço,
boto a tristeza pra correr feito um cabrito.



Eu sol tal quaL aquele borrego criado ali na capoeira, na vargem
Feito um carneiro livre que dá marradas ao vento, que enfrenta
Que não tem medo de touro bravo,segue sua sina com galhardia
Que não foge à luta se está na chuva.


Eu sou varzeano e disso sinto todo orgulho.
Eu sou neto de Dona Dalila Ludugero,
pequena mulher de coragem e fé, de fibra
Que jamais se curvou às agruras da lida,
Custasse o que custasse, fosse o bicho que fosse,
Ela, destemida, de cabeça erguida, seguia seu caminho,
firme e forte, na defesa de um magote de filhos.


E, sem temer adversidades, nem a tormenta se acaso chegasse,
ela botava o medo da vida pra correr, brava senhora varzeana,
Que, de Rosário na mão, rezava um terço, um Credo
só pra agradecer ao apóstolo São Pedro com fé santa,
Por ser dona de tamanha energia, e com a força de Sansão,
Dona Dalila, minha avó paterna, mandava às favas o bicho-papão!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

GRATIDÃO



Autor: João Maria Ludugero.



Sob o olhar atento do poeta
Ao sereno da tarde amena da minha Várzea,
Quando é hora de o sol se deitar
Bate no peito aquela saudade imensa
Que arde em brasa vida a dentro
E maltrata o coração da gente


Já serenou no paredão do açude
Sangrou um mar de lembranças no Calango
O céu ficou laranja-quase-encarnado
É a hora do crepúsculo, ouço o bater
Das cordas do relógio de São Pedro
É a hora do "angelus", Ave-Maria!


Ainda sereno segue o meu coração, batendo
A ouvir uma canção distante, um cântico
Ouço uma música que ninguém mais escuta,
Ouço uma toada de alegria, de contentamento
Uma canção que não carece de tocar no rádio,
pois continua viva e e ressoa alto
bem no fundo da minha cabeça
E prossegue, avança até o lado esquerdo do meu peito
E não tem jeito, sobressaindo da minha pele, poro a poro.


É a cantiga de ninar gente grande que entoa solene
E mantém acesa essa chama de Amor,
É canção que ficou no tempo a me embalar
A canção que fez minha estrela da vida inteira,
Minha mãe Maria, estrela Dalva do meu caminho.
Ouço essa música suave e saudosa
Que não se desfaz ao vento, nunca.


E ao vento me vou, sereno, irresignado,
Eu lento a caminhar,inquieto menino
Poetizando meu sussurro da noite
Poeta varzeano no escuro a filosofar:
Por que anoitece se ela teve que partir, minha estrela?


Mas não tem nada não, não vou sofrer
pelos cantos da casa, se na sala ela não mais está,
Sei que continua viva em minhas veias
E avança até meu coração tão gigante
Que desaba de alegria e felicidade
Quando amanhece o dia tão bonito,
É que não morre esta poesia simples
Em versos que ora lavro, pensando em ti, miha mãe Maria,
Tu que fabricaste a passo firme meu caminhar,
minha adorada estrela-guia,
Tu que me ensinaste que viver vale a pena
E que não é pouco meu louco pensar...
Pensar na vida que posso ter, ser destemido, um bravo
E acreditar na beleza do meu olhar de menino varzeano!


Obrigado,Mãe, por toda vida!
Ave Maria, cheia de toda graça,
Que nos proteja com seu divino manto de Amor!
AMÉM!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

MEU RIACHO DO MEL

MEU RIACHO DO MEL



Autor: João Maria Ludugero.


Desde cedo aprendi a amar incondicionalmente.
Amar as coisas postas no meu caminho
Até mesmo as pedras dispostas no jardim
E as flores que insistem em nascer ali
Bem no meio das pedras, apesar de tudo
Apesar de toda aridez, apesar dos espinhos
Eu aprendi a conviver e sobreviver às pedras
e aos espinhos que tanto nos ensinam, dia após dia.


Existem poemas e poemas, apesar dos cinzas
Porque há quem ainda os mede com o coração,
E na ponta de seu lápis, sem usar a trena
rabiscam palavras e lhes dão sentido, de súbito
Como a saudade que nos faz chorar toda tarde
Quando o sol se deita lá pra's bandas do Calango
A me fazer compor como quem lavra seguindo a ordem
oriunda do meu peito, açude de lembranças.


É sabido que existem poemas e poemas.
Aqueles que, mudos, muito dizem.
Outros pensam e encantam feito o bem-te-vi
Livre e solto no alto do pé de graviola
Como a fazer cantilenas, de vida e de dor
A cortar o silêncio ali na esquina da casa de Seu Odilon.


É gostoso é bonito arregalar os olhos
E ver a alma do poemas que escrevinho
Eu sinto o poema a defender seu espaço, a correr afoito
Assim como o quero-quero, o tetéu que delimita seu terreno
E sob tal continuo a escrever,a tecer com palavras meus versos
Com o véu da tarde amena da minha cidade da simplicidade
que me cobre a tradição de cultivar as coisas boas da vida,
De ainda acreditar no alegria vertente que há naquele lugar.


Abençoados sejam os meus poemas, simples,
abertos sob a chave de São Pedro, apóstolo
Que me dobra os joelhos a agradecer por ali ter nascido
E me pego a dizer de peito estufado, a contento,
Que amo muito esse lugar, de verdade,
e tudo que nele há, apesar das pedras
E dos espinhos, muita coisa existe e me faz acreditar no belo,
na flor que nasce ali sob o sol do agreste, nos lírios do solo
além dos seixos e dos cactos, além das macambiras e dos marmeleiros,
além das lagoas compridas sei que há um riacho de mel
a me adocicar o espírito,a me saciar de beleza,
Digo a me lambuzar o céu e a boca, de fato,
a me fazer sentir riqueza e poder, na força que aflora
No corpo deste poema que ora faço só pra ti,
minha Várzea amada, minha eterna morada, flor do rio Joca.

VÁRZEA: DE PEDRAS, SEIXOS E DE SONHOS ACORDADOS

VÁRZEA: DE PEDRAS, SEIXOS E DE SONHOS ACORDADOS


Autor: João Maria Ludugero



Rua da pedra,
Teu nome mais popular, da boca do povo
porque ali havia uma formação rochosa
Um lajedo, quase uma enorme pedra
Que dava para o beco que dava saída
lá no oitão de seu Antonio Duaca
Sobressaindo já na rua grande,
Dando vazão ao passeio público.


Rua da pedra,
rua da matança dos porcos
lá o quintal da casa de seu Antonio Ventinha
Quem não se lembra do picadinho e do torresmo
Do mais gostoso sarapatel que a dona rosa preparava
Com os miúdos dos suínos abatidos?


Rua da pedra, teu vento vem das quatro bocas
E esconde a face da lendária mulher que chora,
quando as portas e janelas de Várzea se fecham
Quando a lua vara a noite a dentro, madrugada a fora,
Enquanto descansa essa brava gente
Que não mede esforços e vai à luta,a pegar no batente
A tecer seus sonhos acordados, logo-logo ali na rua da pedra.



Rua da pedra, que mantém acesa a chama
de que melhores tempos virão, de fato,
Porque enquanto meu povo descansa,
carrega pedras, com suor e determinação,
Porque ainda acredita na bandeira da fé e da perseverança,
Porque ninguém mais vai lhes roubar o sonho de sonhar.


Rua da pedra, dos paralelepípedos, da garra
Dos Seixos burilados pelo decorrer das horas
dos exilados amores que se foram pra longe,
mesmo não querendo ir embora, debulhados em lágrimas.
objeto em pedra seria o meu coração de te ausente,
Minha Várzea das Acácias, meu amado torrão...
Mas minha alma nunca arredou o pé das tuas crenças,
Meu corpo ainda se ajoelha e reza
nos degraus do pequeno cruzeiro
Só pra te agradecer, minha rua da pedra,
pela orientação precisa, pelo norte, pelo caminho
das pedras que aprendi logo ali no teu cerne.



Rua da pedra, pedra-pão de duro comer,
Pau-pedra corajoso de viver, de arregaçar as mangas
E botar a tristeza pra correr, pedra-pé que dá pé,
Pé-rachado na labuta no roçado, plantas voltadas
faces à terra agreste, seca língua da aridez, bravura
ranhuras de rocha viva, rua da pedra, rua do sonho possível
famílias de pedra, de lutas e de dona Conceição Dama, mãe do Pedro
Nobres famílias, nomes de paz que não morrem nunca, severinos,
Porque a vida está ali, humildemente modesta
Em sua maior riqueza: a beleza de ser varzeano,
A beleza de ser simples e ainda acreditar,
apesar dos pesares, na esperança remota,
Sem abandonar o sentido da pedra, o real significado
da palavra esfacelada em versos, lascas de pedra e sal
que se perdem em graus, mas que sobrevivem na voz
ainda seca na boca do destemido povo varzeano,
Que ainda acredita na força que brota
da terra prometida, além das coivaras ao sol
que queimam lenta e dolorosamente o coração da gente,
De saudades!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

VÁRZEA E A VIDA QUE SE LEVA DO RIO AO VAPOR

VÁRZEA E A VIDA QUE SE LEVA DO RIO AO VAPOR


Autor: João Maria Ludugero.


Eu sei disso muito bem,guardo comigo
Essa coisa bonita de se trazer no peito
Essa maiúscula saudade que me aviva o espírito
E prossegue mesmo seco o rio Joca, efêmero
Eu sei do Vapor que o sol faz subir em cada margem
Eu sei da cruz que está ali plantada num recinto
Numa casinha quase abandonada, sem nenhuma vela,
Eu sei da cruz quase esquecida, a cruz do rio
Eu estive a visitar o leito do Joca, cadê o rio?
Encontrei o rio em poças de águas paradas, no estio


Sabes, amigo, quero que fique aqui escrito
E que seja profundo o modo de pensar, de acreditar
Que galos de campina e canários do chão da minha Várzea
prevaleçam a bater suas asas,
livres de gaiolas dos desvãos das casas
Que ainda reste a força que alimenta o braço do rio
Que nada se perca no caminho do sonho
Que uma asa não deixa de bater
porque cai do corpo de um pássaro,
porque mesmo assim de asa ferida, baleado,
O pintassilgo há de resistir, de persistir
De avançar além do vazio, num voo rasante, corajoso
Fazer dessa avoar o motivo de não ficar prostrado,
De não parar, apesar dos pesares, apesar da asa quebrada


Eu escrevo um poema como quem tem fome e sede
Uso as palavras, dou-lhe sentido, faço uma roça, respiro outros ares
Faço lavoura e arado, atiro sementes ao solo, faço um bonito roçado
Preparo antes o terreno, arranco as ervas daninhas, cavo covas
E reflito sentado à margem do rio Joca, sem cruzar os braços
Sol a pino, traço valas e rasgo leirões,
Eu sou varzeano e ainda acredito na força da terra.


Eu calejo as mãos, eu cultivo amor
Eu trago a certeza de colher bons frutos, arroz e feijão
Eu prezo as minhas raízes, eu acho linda a flor do algodão
Eu honro minha estirpe, sou varzeano de fé e esperança
Um dia eu sei terei que partir deste mundo de Deus,
Mas antes, acho nobre honrar o nome que nos dão, ao nascer,
Que fica nos retratos, nos envelopes intactos,nos simples postais
nos poemas que hás-de escrever,na poesia que ora lhes escrevo,
Assim como cartas de amor e protesto,
no intuito de que um dia me leias.


E o rio joca segue seco a sua sina de efêmero,
E eu sigo rente às suas margens, pensativo, nada quieto,
sem optar pela esquerda ou pela direita,
Persigo o longo caminho verde do rio da cruz, encarnado
Eu ainda acredito nessa luz que assola ao meio-dia
Eu ainda creio na força do coração da minha gente
Que continua firme e forte, apesar dos pesados fardos,
Apesar da aridez do agreste, apesar de tudo.


É a coragem que me faz seguir arregaçando as mangas,
E na vastidão do arisco, de pires na mão, eu acredito
Estou fazendo a minha parte, sem receio de escrever,
Mesmo que minhas palavras sejam lavradas ao vento,
Mas quiça valerão a pena, uma vez que alguém curioso
Vai se aventurar numa leitura simples quase sempre
leve como o vento que me arrasta a escrever.


E eu continuo afoito em minha luta
quase sempre a redigir versos simples,
falando de amor e de contentamento.
Versos que ficarão para sempre,
inquietas palavras, que não morrem nunca,
Que voltam a jorrar na alma da gente,
Seja na seca ou na próxima enchente do rio Joca.


Mas cadê o rio que estava ali?
Aguarde suas aguas vertentes, salobras
Um dia desses elas voltarão com toda força!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

VÁRZEA EM SIMPLES VERSOS DE ESPERANÇA E FÉ

VÁRZEA EM SIMPLES VERSOS DE ESPERANÇA E FÉ


Autor: João Maria Ludugero.


Quando
uma única mesa
uma esperança nova, renovada,
acesa na fé santa, inquebrantável
num vapor vital vertente vivacidade


Quando
um magote de gente a olhar pr'o alto
a apanhar o sonho e o feijão
num mutirão de alegria em campo
a acordar do sonho adormecido
A empunhar essa bandeira
A arregaçar as mangas e ir à luta,
Com toda força nesse braço que alavanca
Que avança destemido com garra e coragem
Nessa vontade de fazer desabar
sobre o homem a felicidade
que só pode ser real
quando compartilhada,
Seja numa única ceia
numa mesa farta num único pão
é o que basta, é o que se carece ter
porque os novos ventos pedem
pra se botar a água na bacia
Que a cara do novo tempo urge
menos por ter e muito mais por ser,
É o tema,é o novo lema,
é o que nos motiva a seguir.


Na verdade, só assim é que
seremos uma única Várzea,
abençoada terra do agreste
por um único São Pedro,
a interceder por nós no céu
perante um único Deus.
Mas quando seremos
uma única Várzea
E um único Cristo,
diga-me, quando?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ERA UMA VEZ UMA VARGEM

ERA UMA VEZ UMA VARGEM


Autor: João Maria Ludugero.


Eu vi a vargem toda cercada,diminuída
O bueiro ainda está lá, esvaído
Eu vi o homem a invadir a vargem
Que vargem? A que deu nome à cidade
A mão do homem cercou aquela área, apropriou-se.


O homem deu vazão ao arame farpado e às estacas
Cadê o juncal e o capim que existiam ali
naquele jardim tão natural?


Quando o açude do Calango se derramava pela vargem
Era bonito ver sua sangria paredão abaixo
Cadê o campinho da Vaŕzea,
cadê a pelada e os borregos?
Quando a chuva voltar
e São Pedro debulhar suas lágrimas
O rio vai invadir de novo aquela área cercada
Como sempre, na cheia, na enchente
vai fazer o bueiro escoar toda sobra,
Mas não esvaziar a aridez do coração do homem,


De sobejo, ficarão bichos criados soltos,
a ruminar inocentes, ovelhas e cabras nos desvãos
A beber turvas águas paradas,
ali na vargem quase destruída
Mansas águas e nenhum junco ou capim,
nenhum magote de meninos soltos.


Cadê os filhos dessa vargem, cercada de arame
e farpas de insensatos outros filhos da terra
quase bichos lentos como as coisas que ficam por ficar,
e por isso mesmo se cercam
Por não saberem o sabor da natureza livre,
e um dia tarde quiçá viverão a chorar a beleza
Que merecia ser preservada,
logo ali frente à estradinha
de chão que leva ao sítio de Zé Canindé.
Cadê a nossa vargem que estava bem ali,
cadê a minha alma, será que foi esticada
no curtume lá do Matadouro?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

2 ANOS DO VNT - OS PARABÉNS SÃO PRA VOCÊS, CAROS LEITORES!


FUJA DA ROTINA, LEIA MAIS, VENHA PARA O VNT E APROVEITE A VIDA AGORA!


Autor: João Maria Ludugero


É consabido que a rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas idolatra tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Já me dizia um velho amigo: felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque). Senão, vejamos: Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotografias (adoro fotos), filmes, etc.

Mude de paisagem, tire férias (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos (eu sou pai de dois, Igor Gabriel e Jordana Majella). Eles destroem a rotina. Sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de 15 anos, comemore datas, faça bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formaturas de sua ou de outras turmas, como formando ou convidado, visite parentes distantes, entre na universidade com 40 anos ou mais, faça pós-graduação, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo. Reinvente coisas, renove-se. Viva o BELO, a vida é bela!

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja diferente.Mude sempre. Mude para você, se olhe mais no espelho, se belisque, faça caretas, ria de você mesmo. Dê-se a língua, estire a língua, morda-se, mande-se flores. A vida é curta e preciosa. Seja quem você for, que seja você, não porque os outros querem que você seja, mas porque você é você. Portanto, é preciso que você seja quem você é, doa a quem doer, goste quem gostar, pois o importante é você. Use mais a cabeça. A que está entre suas duas orelhas, não apenas a que está entre as pernas.

Seja inteligente e não deixe sua vida ser regida pela opinião alheia. Você é o dono do seu nariz. Você é quem paga as suas contas e o mundo não assume as suas dores quando você está com dor. A dor é sua. Logo, a vida é sua e ninguém vai vivê-la em seu lugar. Ou será que você está aqui apenas de passagem feito um marionete nas mãos do seu animador?

Se você tiver dinheiro, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos….. em outras palavras.. V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.E como vai!

E se tiver a sorte de ter alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o… do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu a idéia, não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida..
Venha agora para o VNT, leia mais, atualize-se. Nós estaremos sempre com você, mesmo nas suas constantes mudanças. Porque aquele que nunca muda, não vive, apenas vegeta, esperando a vida passar em brancas nuvens.

Lembro-me de que, no seriado Arquivo X, uma frase abria a imaginação para os acontecimentos que viriam: "a verdade está lá fora". Penso que podemos adaptá-la para "a vida está lá fora". LEIA MAIS e viaje através da leitura, assim você vai nais longe!

Carpe diem!
Sinceramente, meu abraços a todos!

FUJA DA ROTINA E APROVEITE A VIDA AGORA!

FUJA DA ROTINA E APROVEITE A VIDA AGORA!


Autor: João Maria Ludugero


É consabido que a rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas idolatra tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.

Já me dizia um velho amigo: felizmente há um antídoto para a aceleração do tempo: M & M (Mude e Marque). Senão, vejamos: Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotografias (adoro fotos), filmes, etc.

Mude de paisagem, tire férias (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas.

Tenha filhos (eu sou pai de dois, Igor Gabriel e Jordana Majella). Eles destroem a rotina. Sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia).

Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais.

Faça festas de 15 anos, comemore datas, faça bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe do aniversário de formaturas de sua ou de outras turmas, como formando ou convidado, visite parentes distantes, entre na universidade com 40 anos ou mais, faça pós-graduação, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo. Reinvente coisas, renove-se.

Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor, faça diferente.

Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes.

Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes.

Seja diferente.Mude sempre. Mude para você, se olhe mais no espelho, se belisque, faça caretas, ria de você mesmo. Dê-se a língua, estire a língua, morda-se, mande-se flores. A vida é curta e preciosa. Seja quem você for, que seja você, não porque os outros querem que você seja, mas porque você é você. Portanto, é preciso que você seja quem você é, doa a quem doer, goste quem gostar, pois o importante é você. Use mais a cabeça. A que está entre suas duas orelhas, não apenas a que está entre as pernas.

Seja inteligente e não deixe sua vida ser regida pela opinião alheia. Você é o dono do seu nariz. Você é quem paga as suas contas e o mundo não assume as suas dores quando você está com dor. A dor é sua. Logo, a vida é sua e ninguém vai vivê-la em seu lugar. Ou será que você está aqui apenas de passagem feito um marionete nas mãos do seu animador?

Se você tiver dinheiro, vá com seu marido, esposa ou amigos para outras cidades ou países, veja outras culturas, visite museus estranhos, deguste pratos esquisitos….. em outras palavras.. V-I-V-A. !!!

Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo.E como vai!

E se tiver a sorte de ter alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o… do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.

Cerque-se de amigos.Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes.

Enfim, acho que você já entendeu a idéia, não é?

Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida..


Lembro-me de que, no seriado Arquivo X, uma frase abria a imaginação para os acontecimentos que viriam: "a verdade está lá fora". Penso que podemos adaptá-la para "a vida está lá fora".

Carpe diem!

VÁRZEA: SIMPLICIDADE QUE DÁ GOSTO!

VÁRZEA: SIMPLICIDADE QUE DÁ GOSTO!


AUTOR: JOÃO MARIA LUDUGERO.



É tão bom acordar cedo,sentir-se feliz
Sentar na rede e pela fresta da telha, parecer tolo
Ver que a lua ainda no céu passeia, branca e arteira,
A espalhar pela rua José Lúcio Ribeiro
Seu banho de prata nas palhas verdejantes
Das duas palmeiras de São Pedro
Que são sentinelas majestosas
A enfeitar a igreja-matriz do apóstolo


É tão bom acordar cedo,sentir-se contente
Botar o fubá pra inchar,em água e sal, na bacia,
Preparar o cuscuz, assar o queijo de coalho,
Estrelar o ovo caipira na manteiga de garrafa,
Acender o fogão de lenha e sentir o cheiro de café coado
A trazer para a vida da gente esse aroma de felicidade


Isto tudo faz a forma do ser simples caber inteira na palma da mão
Do pilão que tritura, que mistura a mandioca-mole, o coco ralado e o mel de rapadura
pelas mãos de dona Marinan, a temperar de cravos e ervas-doces o famoso bolo preto.
Que delícia é essa iguaria tão varzeana, que maravilha!
Quem ainda não provou não sabe o que está perdendo!


Essas coisas simples têm a cara da felicidade,
Essas coisas simples têm a cara da minha Várzea,
Que nos faz botar a cara na janela,de súbito
Somente pra sentir o aroma da vida que passa, mansa
Só pra ver a cara do dia nascer feliz!