AZINHAVRES,
por João Maria Ludugero
por João Maria Ludugero
Cheiros e ruídos invadem a casa,
As molduras dispostas na parede
Ganham cores cinzas, ácidas.
O passado a limpo tanto encharca
Quando encobre de azinhavre as pratas.
Tudo tem um jeito encardido na estante.
A Jarra, o pote, as cabaças, a moringa
A gamela no jirau a secar a puba,
O bisaco de farinha de mandioca
O tacho de cobre, o zinabre
A cela, os estribos, o arreio
O tempo enferruja as catracas
No desapear das horas
Num bater de cascos incansável
Folhas secas pelo chão de dentro
Vento a ventar no riachão,
Bichos soltos a pastar no Vapor
Grito seco da moenda caiana
Caldo de cana nos ariscos
Estouro de saudades da Várzea
No topo da igreja, São Pedro apóstolo
De sentinela a olhar por nós
No peito, prevalece a fé santa
Que não oxida nem corrói
A desatada alma da gente
Que prossegue contente
Em cores vivas!
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