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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

ARRASTÃO DO CRACK: "TAMOS DE OVÁRIO CHEIO DE VIOLÊNCIA", por João Maria Ludugero

ARRASTÃO DO CRACK: 
"TAMOS DE OVÁRIO CHEIO DE VIOLÊNCIA", 
por João Maria Ludugero

Quando ela nasceu, 
levou tapas da vida. 
Logo se pegou aos berros. 
Valéria aprendeu desde cedo 
a não ter infância. 
Acendeu cigarro 
e não se engasgou nas tragadas. 

Sob os olhos vermelhos 
da mãe desnaturada 
ignorava os malefícios do vício 
e precoce já pitava seus fumos. 
Valéria se criou na rua, 
abandonada aprendeu 
a se quebrar no crack, 
inalando seus frascos de cola 
ali mesmo sob o concreto armado 
do Teatro Nacional de Brasília. 

Seu tio a levou pelo braço 
pra rodoviária do Plano Piloto. 
Seu tio bebeu com ela toda uma garrafa 
de uísque do Paraguai. 
Valéria foi estuprada e, 
tempos depois, acordou grávida 
aos 12 anos de idade. 

O que a vida não ensinou à Valéria? 
A pensar e questionar sua sorte, 
Ou só a impôs em continuar 
de ovário cheio de violência?

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