PLENA DESCENDÊNCIA DA BELEZA:
O RIO JOCA QUE LÊ OS OLHOS DAS VARZEANINHAS,
por João Maria Ludugero
Abro os olhos esbugalhados de escrever versos,
Revejo as páginas de folhas de reverdecidos juazeiros,
Sustento o gosto pela leitura, a correr dentro e alto,
Pelas cores que pintam os trilhos da nossa existência.
Vibro com as ilustrações dos pincéis da vassourinha,
Vejo nas mãos das varzeaninhas uma flor de boa noite.
Vaso de amor, hibisco florido na janela do tempo,
Vestido bordado de sonho escancarado de bonito.
Vontade de ganhar o mundo na vertente, e ainda
Sorrio a desaguar no rio Joca da felicidade da Várzea.
Belo canteiro em flores no quintal varrido de manhãzinha,
Dentre galos, galinhas e patos no terreiro da sobrevivência,
Nhambus e canarinhos silvestres fazendo outros ninhos!
Rolinhas aninhando os seus rebentos ao léu.
Seu cão fiel dando afoitos latidos em quilates,
Entre assovios de um cabido bem-te-vizinho.
Ó quão fértil era a lagoa comprida da Várzea!
A seara dos cajás, das mangas, peixes e cajus amarelinhos.
O sabiá encantado mirando o açude do Calango,
Pintassilgos no clarão da lua voando alegremente!
Falantes papagaios anunciando um novo dia.
O rio Joca lê os olhos das faceiras varzeaninhas,
Sabe que seus corações extrovertidos vão além
Dos seixos e das pedrinhas advindas dos lajedos,
Letrinhas e letrinhas em renovadas esperanças.
É o mesmo rio Joca que espalha a calmaria
A espelhar sem distinção o achado fio da meada
Da matriz à descendência da beleza varzeana!
Nenhum comentário:
Postar um comentário