NUDEZ POÉTICA, por João Maria Ludugero
Aprendi a desnudar as palavras
ou revesti-las de nudez poética.
E assim me expresso
a tirar a roupa
bem apanhado,
sem aquela vergonha
de expor minha língua
a múltiplos orgasmos.
Posso fecundo tocar
com firmeza e bem estar
na beleza que posso criar,
ao consentir me despir, sem pressa
mostrar meus atributos na lida,
de todos os lados
de frente e verso,
sem ultraje, uma vez que
a linguagem bem me dota,
pega-me em cheio, reveste,
veste, deveste, apronta,
desnuda e me esfrega
a partir do eu escondido
em face do que reflete o espelho.
De tal sorte, sinto na pele
toda nudez nua e crua,
dentro das formas da carne
que a poesia insinua.
Sem preconceito,
penetro no cerne
das palavras lidas,
Capto a olho nu, a rigor
e com a mente aberta,
o que a vida vem me dizer,
o que dela se aflora naturalmente,
que até me esqueço de ver
que o mundo lá fora fica desprevenido,
quando tenho muito ainda a dizer
não com palavras desprovidas de sentimento,
não com palavras desnudas de emoção,
mas bem ditas com o tesão buscado
bem lá no fundo da poesia
que ora me agasalha
sem roupa, com palavras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário