PRA/TO DO DIA: MOQUECA POTIGUAR!
Por João Maria Ludugero
A panela vai sendo aquecida, lenta e
Delicadamente, em fogo brando além
De toda mesa, o namorado de sentinela
Temperado com amor, espera decente.
Potiguar, comedor de camarão,
Papa-jerimum animado na lida,
Afoito alguidar e cuia pretinha
De barro, filha de índio nativo,
Seu colo acolhe frutos do mar,
Fervilhante emana seus odores,
Esperam-na, todos, eufóricos
Em deleitantes delícias à mesa.
Uma boa caipirinha de retoque,
Um alarido respeitoso, cachaça sem anúncio
Pelas quatro bocas anseiam e marejam
Como velas errantes ao mar aberto,
Pleno rebuliço de todas as bandas,
A correr dentro e alto da estripulia.
E o namorado vai sendo devorado,
De todos os lados, eiras e beiras,
Transubstanciado, pode-se sentir
O prato do dia no céu da boca.
Divina moqueca potiguar às gulas.
Não há do que se reclamar
Nem pigorar a dica de furdúncio.
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