LONGA VARZEANIDADE,
Autor: João Maria Ludugero
Sou assim, uma raiz fincada na Várzea
Desbravando os Ariscos, os Seixos, o Itapacurá,
Desde o Maracujá aos Umbus, das Formas aos Gravatás
Me estendendo no leito de esperanças novas,
Buscando a pura seiva do conhecimento.
Sou assim, um verdejante juazeiro ereto, cabeça erguida,
Voltada para o Vapor de Zuquinha, a correr dentro e alto,
Levando acordes de sonhos pela seara do açude do Calango
Por todo o meu ser de menino João maduro levado da breca.
Sou assim, uma folha escrita além dos manjares da lida,
Cheia de passagens que transportam um caçuá de saudades,
Em bonitas lembranças, imagens importantes a ilustrar
Toda a Várzea de Ângelo Bezerra e de Joaninha Mulato.
Sou assim, um bem-te-vizinho a amor tecer em sua astuta cantiga.
Ontem aquele botão alaranjado do mulungu em flor;
Hoje, desabrochado para a vida, tento colorir meus caminhos
Com a chama viva do pleno amor que me catapulta ao êxito.
Sou assim, sou fruto da plena varzeanidade.
Na casca a coragem, na pele o calor em sedenta euforia.
Nas veias o sangue encarnado de um ávido poeta sonhador,
Que não tem medo da cuca esbaforida sobre o estio do agreste,
Mas se preciso for, sou de assanhar até mesmo os pelos venta!
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