VÁRZEA: SONHANDO JUNTO A GENTE CHEGA LÁ!
Autor: João Maria Ludugero.
Como é grande o meu coração varzeano
Nele cabem tantos desejos
É intenso e nada insosso, tem sabor
Esse Vapor imenso que exala, sem alvoroço
Natural perfume, cheiro de maracujá
Tudo misturado ao cantar do carro-de-boi
Meu coração arisco não se contém
Não se deixa deter e segue vertente afora
Porque ele tem um desejo imenso, inquieto
De ver o pôr-de-sol, de ver o dia adormecer
Sob o crepúsculo lá do paredão do açude
De ver tua lágrima, menina nativa, de alegria
A renascer pelo avesso, numa cantiga
De esperança nova meu coração
Polido seixo, moenda do tempo
Mão de pilão a triturar o milho zarolho
Mão que prepara o cuscuz e a tapioca
Mão que tem o jeito do avoar da arribação
Mãos voltadas para o azul em prece, unidas,
Feito as duas palmeiras de São Pedro Apóstolo
Mãos espalmadas ao céu em agradecimento
Mãos que põem água nos cântaros
Sob o verão de andorinhas!
É ali que o bem-te-vi entoa sua cantiga
Enquanto um magote de patos e gansos
Atravessa as águas verde-musgo do Calango
Enquanto um magote de meninos e meninas
Cirandam a roda do tempo, de tranças soltas
Ao vento, querendo ver o que será
Que cara terá o novo dia, o porvir!
Quero acordar do meu sonho,
Acordado sonhar, acreditar na força
Ao que está querendo vir,no braço forte
Alvejar o que é bonito, senti-lo
Abrir portas, tirar trancas das janelas
Acreditar desde agora, fincar prumo
Nessa Várzea que todos queremos ter
Nessa cidade que nos faz AMAR, simplesmente!
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