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domingo, 21 de março de 2010

A TARRAFA E O PESCADOR DE ILUSÕES



Com a fieira ligada ao pulso esquerdo
fiz duchas com a mesma mão,
prendi as chumbadas guarnecidas aos dentes
com todo capricho e força,
passei a mão direita por debaixo das demais
conservei metade delas sobre o antebraço...


Colhida a tarrafa, a rede, o nylon,
dei um balanço no corpo para a esquerda,
descrevi com o braço direito um rápido arco
de círculo horizontal no azul,
o que chamam de panear...
lancei-me no espaço para a direita,
de corpo e alma a céu aberto, desnudo.


Arremessei-me no espaço, lentamente
abracei o rio, recolhi-me na rede
agarrei o mundo que coube inteirinho
nos meus braços. Dono do mundo, fiquei
Assim feito peixe fora d'água
na malha do tempo que se abriu bem
dentro das águas da saudade,
crescente malha.


Agora eu tento tarrafear
com alguma prática, a contento,
atento pra não ficar embaraçado,
pois apreender o ofício é dureza,
Assim como esquecer daquela criatura
demanda muita prática e jogo de cintura.


O rio Joca sabe disso,
o coração é que não sabe se cabe mais sem ti.

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