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sábado, 24 de julho de 2010

AZULZINHO


Assinei a tela
de natureza viva

eu  pintei de azul o sonho
azulejei meus versos
E rubriquei com um beijo
ao selar nosso amor, a lacre.

E para pintar meu cartão postal
elegi o azul, pintei nessa cor

a  catedral de São Pedro
não colhi qualquer tinta,
escolhi, sim senhor, 
a mais bela tinta do amor, 
da minha paleta de aquarelas:
se é que o amor é azul.

Elegi o azul
para pintar o amor 

azul da cor do véu da Mãe de Deus 
azul do céu  
que nos teus olhos vejo
toda vez quando te roubo um beijo
toda vez que furto-cores

no por de sol encarnado
ao entardecer lá no Calango 

Colhi uma pena azul pavão
azul paixão que se foi ao Vapor
perto de mim, acendi uma vela
lá no Cruzeiro, fiz a oração

acendi a chama de amar 
chamei a inspiração
de um intenso azul
da terra dos Bentos

desabrochou  no meu peito 
uma flor cheia de graça.
Avé-Maria!
 

Estou a salvo do purgatório
outras velas vou queimar
vou deixar arder 
em meus versos simples
vou plantar esperanças novas,
uma vez que acordei 
do sonho, da utopia, ao cair na real, 
mas, ainda assim, sonhar não foi em vão.

ainda acredito na força que pulsa
que anda comigo, 
além das duras penas,
que carrego, que me seguem a sangrar 
bem no interior, lá dentro do meu coração
de intenso azul varzeano

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