“Se não levarmos a poesia e a beleza conosco, é inútil percorrermos o mundo. Em nenhum lugar as encontraremos.” (Emerson)
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sexta-feira, 2 de julho de 2010
PARADEIROS II
autor: João Ludugero
se olhares e não me vires,
procures-me em qualquer lugar
onde eu possa estar
a viver-te mansamente
na saudade de ti ver
procures-me por perto
das duas palmeiras
sob o olhar de São Pedro
no topo da igreja, no alto
ou a atravessar a Brasiliano Coelho
indo por uma rua ou cortando um beco
pode ser que por lá, eu esteja a admirar
tua beleza, que corre longe, léguas e léguas
pelos trapiás, pelos gravatás, a banhar-me
nas águas dos lajedos, nos Seixos
pelos vertentes ariscos do agreste,
muito além das quatro bocas
procures-me nos ventos do Vapor
quem sabe eu seja aquela brisa
que te acaricia o corpo na subida
do açude do Calango,
a fazer tua caminhada de costume
no meio da tarde amena
ou em altas horas
numa madrugada quente
embaixo do pé de graviola
ali de frente à casa de Seu Odilon
procures-me no sol da manhã
que seca as gotas de orvalho
no capim da Vargem onde tudo começou
é bem provável, antecipo, seguramente,
que eu possa ser o calor que sentirás
quando a saudade te aparecer sem avisar,
apertando o peito como uma moenda
de cana-caiana a jorrar garapa pelo chão
a lambuzar o bronze da tua pele
ou quem sabe serei o suor que percorre
teu rosto quando caminhares pelas areias
do rio Joca, ardendo de desejo e sede
de tanta vontade de me matar depressa
de cheiro no cangote, quando passeias
por esse solo fértil de tantas alegrias
mas, se tu olhares e não me vires,
não chores, não te desesperes à toa,
não te desanimes nem percas o prumo,
não canses assim tua beleza, meu amor,
observes ao teu redor, de certo acharás o rumo,
procures-me no cerne do teu coração varzeano,
estarei lá, com absoluta certeza!
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Poeta João Ludugero,
ResponderExcluirEste seu texto soa simplesmente perfeito...
Mudam-se as vontades, mudamo-nos nós - e, mudamos tanto e tão frequentemente...que muitas vezes o vento nos leva longe, mas o coração de quem sabe de nós sabe nos encontrar, por pura necessidade de nos ver, de nos sentir por perto, até qunado longe estamos - outros, por decisão e vontade própria acabam por nos amar. E essas, estão entre as melhores mudanças. As que nos levam ao Amor. Estas podem até doer, doem,mas sentimo-nos crescer leve e profundamente!
Adorei tudo no seu Blog, que tive vontade de comentar aqui, pois sua poesia é muito boa.
Poesia assim nos faz falta; mas, quando te leio - já me bastas...Desculpe-me a franqueza, mas você tem uma forma de escrever que cativa, que nos vicia. Muito bacana, adorável seu jeito de redigir. Tem sentimento que brota na alma, que jorra feito um rio para o coração do poeta.
Não te conheço, mas te admiro pelo que escreves.
Já dizia Camões - ainda: "A verdadeira afeição na longa ausência se prova". Eu adorei seu blog e apesar de ausente e desconhecida queria dizer que virei sua fã.
Euzinha... Manuela Andrade Barreto
1o. de julho de 2010 - UnB - Brasília
Este site é de primeira qualidade, só tem ouro!!!
ResponderExcluirótima poesia que não cansa a gente de ler. O poeta aí pode dizer que é mesmo um poeta de mão cheia. Ele tem o dom de escrever com a alma. Adorei seu Blog, viu? Muito sensato e de impecável desenvoltura nos textos bem feitos, a toque de coração. Amei!!!
Abraço afetuoso,
Eliane Salles
Brasília
Como é bonito o coração de quem ama a vida!
ResponderExcluirDá pra ver seu coração batendo na poesia.
Fantástica mente a sua.
Bela e deliciosa poesia.
Att,
Lídia