Eu nasci perto do rio Joca
na terra de Cícero Caíco
com o rio aprendi a correr
contornar a seca, o estio
cavei cacimbas,
cavei cacimbas,
peguei na rodilha
carreguei o pote
apanhei água no riacho,
me benzi diante da cruz
de madeira amarrada
com arame farpado
eu vi ali na minha Várzea
secas e cheias,
enchentes de alagar
a rua do arame
até o oitão de São Pedro
eu vi roças e roçados
o milharal deitado
pela força das águas
e jerimuns serem carregados
pela correnteza
eu vi o solo ser fertilizado,
Vapor, vale abençoado
Vapor, vale abençoado
terra da lenda da mulher
que chora, chora e some,
mas ali não se morre de fome
apesar de atraírem
mas ali não se morre de fome
apesar de atraírem
para outras terras
propostas sedutoras,
pode-se até correr o mundo,
ir-se parar nos cafundós de Judas,
propostas sedutoras,
pode-se até correr o mundo,
ir-se parar nos cafundós de Judas,
mas sempre se há de voltar um dia
para a terra de dona Zidora
onde a gente enterrou o umbigo,
onde se pode contemplar
o mais belo cenário, de fato,
onde o vento faz a curva no riacho
a nos trazer a brisa do açude...
seria inútil o apelo do mar,
seria inútil o apelo do mar,
se o Calango nos chama,
'vambora' pra Várzea dos Caícos!
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