Seguidores

quinta-feira, 15 de julho de 2010

ALÉM DA LENDA, A PAIXÃO

foi neste vasto vale
nessa Vargem agreste

nesse pasto 
que desce do Calango
que cerquei minha alma
de verde 

que me dei a mim
a tua saudade...


e o silêncio do pasto
fiz por merecer,

porque não barrei
meu coração-borrego
que se foi embora,
desgarrado
junto com a mulher que chora
lenda a fora
dentro de um carro encantado
que seguiu descaminhos

com sede e fome de querer
tuas curvas serenas, teus riachos
e a nostalgia que atravessa
os dias que alcançam a calma
que me faz estremecer
só de pensar que não posso mais 

te perder em mim, de certo


banho de cavalos soltos, 
cheiro de curral, lenha,
fazenda de Ré da Viúva 

Seixos e lajedos ao sol 
água empoçada, lagoa comprida
ordenha, leite, vasilhas no jirau
e a paz que tenho contigo



mas no peito se agita o coração,
uma égua desvairada

que se contenta com a ilusão;

que prefere essa impostora
a ter que enfrentar seca e arado
no cultivo da terra 

que nos dá verso, poesia e chão

minha Várzea quem diria,
agora me causa banzo
de um imenso quase beijo
de um dilacerado desejo
de um coração espantado,

que nunca te disse adeus!

quero amanhecer 

nas tuas ruas, nos teus becos,
ter um dedo de prosa ali na venda

de Dona Penha de Seu Olival
preciso sentar no banco da praça
plantar meu olhar 
na verdejante algarobeira
sentir o sereno, bons ares 
advindos do rio Joca

ir-me ao encontro 
do teu Vapor vital
e com as duas palmeiras 

da catedral de São Pedro
a servir de testemunhas,
quero apontar para tuas manhãs,
quero selar meu destino ao teu
com toda força e fé revelada, 
convicto de que minhas esperanças
se renovam nessa aliança de amor
que há entre eu e ti, 
minha Várzea amada!

Nenhum comentário:

Postar um comentário