foi neste vasto vale
nessa Vargem agreste
nesse pasto
que desce do Calango
que cerquei minha alma
de verde
que me dei a mim
a tua saudade...
e o silêncio do pasto
fiz por merecer,
porque não barrei
meu coração-borrego
que se foi embora,
desgarrado
junto com a mulher que chora
lenda a fora
dentro de um carro encantado
que seguiu descaminhos
com sede e fome de querer
tuas curvas serenas, teus riachos
e a nostalgia que atravessa
os dias que alcançam a calma
que me faz estremecer
só de pensar que não posso mais
te perder em mim, de certo
banho de cavalos soltos,
cheiro de curral, lenha,
fazenda de Ré da Viúva
Seixos e lajedos ao sol
água empoçada, lagoa comprida
ordenha, leite, vasilhas no jirau
e a paz que tenho contigo
mas no peito se agita o coração,
uma égua desvairada
que se contenta com a ilusão;
que prefere essa impostora
a ter que enfrentar seca e arado
no cultivo da terra
que nos dá verso, poesia e chão
minha Várzea quem diria,
agora me causa banzo
de um imenso quase beijo
de um dilacerado desejo
de um coração espantado,
que nunca te disse adeus!
quero amanhecer
nas tuas ruas, nos teus becos,
ter um dedo de prosa ali na venda
de Dona Penha de Seu Olival
preciso sentar no banco da praça
plantar meu olhar
na verdejante algarobeira
sentir o sereno, bons ares
advindos do rio Joca
ir-me ao encontro
do teu Vapor vital
e com as duas palmeiras
da catedral de São Pedro,
a servir de testemunhas,
quero apontar para tuas manhãs,
quero selar meu destino ao teu
com toda força e fé revelada,
convicto de que minhas esperanças
se renovam nessa aliança de amor
que há entre eu e ti,
minha Várzea amada!
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