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sexta-feira, 30 de julho de 2010

JOCA CHICO

Autor: João Ludugero

E lá vinha mateus Joca Chico
com a cara toda entisnada
a bumbar o boi das horas,
como se antes, sob o augúrio
dos candeeiros acesos,
tivesse o dom de tanger
de levantar o folguedo

de afastar as sombras
do que fosse tristeza,
como quem com sua dança
afugentasse de uma vez
os maus fluidos do lugar,
paramentado de fitas e espelhos
e outros adereços coloridos,
ressuscitando o lado-boi da vida

Aliando ao seu canto
de palavras interditas,
que soletravam filamentos
de sonhos e cantigas a assegurar a lenda,
capturados, em nome de Catirina
que desejou comer a língua do boi...

Volvendo o bafejo
andarilho das demoras,
o tempo não tinha pressa
E a gente desfiava as meadas
sem perder o fio do contente:
'chegou, chegou seu Jaraguá...'


apesar da vida simples
que por aqui se fazia devagar,
fosse dia ou noite,
sempre sobrava perfume no ar,
como aroma tardio de flores
emolduradas.

Enquanto isso,
lembrando de outrora,
Meu riso prevalece nos meus versos
que não se desbotam nem se perdem.
Ladeira abaixo pela rua São Pedro
vou pedalando pela vida, zabumbando,
resgatando um pouco da história
que atravessa o tempo
e continua em viva memória
pelas ruas da minha Várzea,
Cidade da Cultura.

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