Autor:João Ludugero
Olé, olá,
venha cá, Zé Camarão,
venham moças e rapazes
que a alegria vai entrar
venham devagar
com a dança
balançar o coqueiral,
venham afastar o banzo
venham logo pro salão.
Não se demorem, se avexem,
venham mais do que ligeiro
quebrar o coco da esperança
e balançar o ganzá;
aprocheguem-se,
venham animar a festa
que a morena varzeana
tem pena da gente, não!
Venha embolado, oxente!
seja menino ou menina,
seja lá que bicho for,
seja velho ou seja moço,
traga junto o seu pandeiro
que essa noite será leve
feito uma eterna criança
Venha, seu Zé Camarão,
segurar o coco de embolada.
vamos tocar o tambor
deixar bater o coração
formando uma grande roda
baixar a descontração,
no balanço do ganzá
dançar, cantar, arrastar pé
bater na palma da mão,
até ver o sol raiar!
“Se não levarmos a poesia e a beleza conosco, é inútil percorrermos o mundo. Em nenhum lugar as encontraremos.” (Emerson)
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
JOCA CHICO
Autor: João Ludugero
E lá vinha mateus Joca Chico
com a cara toda entisnada
a bumbar o boi das horas,
como se antes, sob o augúrio
dos candeeiros acesos,
tivesse o dom de tanger
de levantar o folguedo
de afastar as sombras
do que fosse tristeza,
como quem com sua dança
afugentasse de uma vez
os maus fluidos do lugar,
paramentado de fitas e espelhos
e outros adereços coloridos,
ressuscitando o lado-boi da vida
Aliando ao seu canto
de palavras interditas,
que soletravam filamentos
de sonhos e cantigas a assegurar a lenda,
capturados, em nome de Catirina
Volvendo o bafejo
andarilho das demoras,
o tempo não tinha pressa
E a gente desfiava as meadas
sem perder o fio do contente:
apesar da vida simples
que por aqui se fazia devagar,
fosse dia ou noite,
sempre sobrava perfume no ar,
como aroma tardio de flores
emolduradas.
Enquanto isso,
lembrando de outrora,
Meu riso prevalece nos meus versos
que não se desbotam nem se perdem.
Ladeira abaixo pela rua São Pedro
vou pedalando pela vida, zabumbando,
resgatando um pouco da história
que atravessa o tempo
e continua em viva memória
pelas ruas da minha Várzea,
Cidade da Cultura.
E lá vinha mateus Joca Chico
com a cara toda entisnada
a bumbar o boi das horas,
como se antes, sob o augúrio
dos candeeiros acesos,
tivesse o dom de tanger
de levantar o folguedo
de afastar as sombras
do que fosse tristeza,
como quem com sua dança
afugentasse de uma vez
os maus fluidos do lugar,
paramentado de fitas e espelhos
e outros adereços coloridos,
ressuscitando o lado-boi da vida
Aliando ao seu canto
de palavras interditas,
que soletravam filamentos
de sonhos e cantigas a assegurar a lenda,
capturados, em nome de Catirina
que desejou comer a língua do boi...
andarilho das demoras,
o tempo não tinha pressa
E a gente desfiava as meadas
sem perder o fio do contente:
'chegou, chegou seu Jaraguá...'
apesar da vida simples
que por aqui se fazia devagar,
fosse dia ou noite,
sempre sobrava perfume no ar,
como aroma tardio de flores
emolduradas.
Enquanto isso,
lembrando de outrora,
Meu riso prevalece nos meus versos
que não se desbotam nem se perdem.
Ladeira abaixo pela rua São Pedro
vou pedalando pela vida, zabumbando,
resgatando um pouco da história
que atravessa o tempo
e continua em viva memória
pelas ruas da minha Várzea,
Cidade da Cultura.
TENTAÇÃO
Teu rosto de perto
mais parece uma rosada romã
fora do alcance da mão,
fruto maduro, bendito,
ensaio do beijo roubado
que ainda não te dei
mas já adivinho, no improviso,
minha boca na tua,
pressinto teus cheiros,
encarnado desejo e volúpia.
Meu coração vive sedento
a salivar teu gosto,
bela romã, oásis no deserto,
venha saciar minha sede, de sabores,
deixe-me unir meu corpo
ao teu sem dono, tentação,
ousa olhar-me nos olhos
e ler meu coração afoito!
Trilha-me este sal,
leva-me ao riacho do mel
lava-me a alma.
Estou disposto
a morrer de amores,
só se for no teu seio,
minha doce romã,
conduza-me ao céu
da tua boca-suprassumo,
mostra-me um meio,
leva-me a Roma, a Várzea
ou a qualquer lugar,
seja minha tábua
de salvação...
pois, sem tua presença,
o purgatório é aqui!
quinta-feira, 29 de julho de 2010
DONA DA BELEZA
Autor: João Ludugero
Aprochegue-se, não tema,
ela é de carne e osso.
A sua beleza é própria.
Não sai com água e sabão.
Desfila segura de si,
com firmeza, pé no chão,
porque não tem medo
de ir para a luz, lúcida,
de corpo, alma e coração
O nome dela é alegria
e como é que isso se produz?
Talvez fosse melhor perguntar
àquela moça bonita
da minha Várzea das Acácias,
que traz uma trança
iluminada na cabeça
Ela tem um sorriso verdadeiro
que não se acaba quando a noite chega,
apesar de tudo se acabar um dia,
apesar do improviso,
apesar das regras,
apesar das luas,
apesar das cobras e lagartos,
apesar dos sapos
que tem que engolir, da vida,
apesar de tudo,
também sente dor
e tem carinho, de sobra.
Ela ousa pintar seu quadro atual
sob luz própria, apesar de todo flash,
ela brilha sob o foco da harmonia
e seu riso prevalece até mesmo
depois do "olha o passarinho!"
Porque ela vive o agora,
de noite e de dia.
de resto, tudo pode acotecer
depois do ensaio, do imprevisto
no impreciso instante
em que se rasga a fantasia!
Aprochegue-se, não tema,
ela é de carne e osso.
A sua beleza é própria.
Não sai com água e sabão.
Desfila segura de si,
com firmeza, pé no chão,
porque não tem medo
de ir para a luz, lúcida,
de corpo, alma e coração
O nome dela é alegria
e como é que isso se produz?
Talvez fosse melhor perguntar
àquela moça bonita
da minha Várzea das Acácias,
que traz uma trança
iluminada na cabeça
Ela tem um sorriso verdadeiro
que não se acaba quando a noite chega,
apesar de tudo se acabar um dia,
apesar do improviso,
apesar das regras,
apesar das luas,
apesar das cobras e lagartos,
apesar dos sapos
que tem que engolir, da vida,
apesar de tudo,
também sente dor
e tem carinho, de sobra.
Ela ousa pintar seu quadro atual
sob luz própria, apesar de todo flash,
ela brilha sob o foco da harmonia
e seu riso prevalece até mesmo
depois do "olha o passarinho!"
Porque ela vive o agora,
de noite e de dia.
de resto, tudo pode acotecer
depois do ensaio, do imprevisto
no impreciso instante
em que se rasga a fantasia!
quarta-feira, 28 de julho de 2010
...E TUDO COMEÇOU ALI
Autor: João Ludugero
Eu ainda era um menino, um franzino menino varzeano, mas, aos doze anos, o prefeito Silva Florêncio me confiou, como menor aprendiz, a incumbência de tomar conta da Biblioteca Municipal Ângelo Bezerra, situada ali na rua da escola Dom Joaquim de Almeida.
Sinceramente, nunca antes tinha visto tanto livro junto assim num só recinto. Jamais, na minha vida, eu vira tantas letras, tantas obras. Foi sem procurar a cultura, a erudição, o saber, que eles vieram a mim, chegaram ao alcance da minha mão, encarregado de organizar livros e mais livros, responsabilzado na minha lida diária, eu viajei diante daquele patrimônio, corri o mundo todo sem sair de Várzea, dei a volta em sua geografia, conheci muita sabedoria nos livros, avancei na história a partir dali. Curioso, li e reli teorias, dei formas ao que vi... Isto sem nunca ter saído de Várzea! Comecei ali a saber o que era o Rio Grande do Norte, conheci o Brasil, dando a volta ao mundo, com os pés no chão, mas tendo ao alcance da vista números e mapas disposto ali, bem na minha frente; eu que via Várzea como um pequeno ponto no mapa do Brasil.
Várzea, a terra onde eu piso, onde eu sinto, onde eu ando, de onde eu iniciei a percorrer o pouco que hoje sei, mas, ainda estou a caminho, renovando a minha sede de saber. Eu, eterno aprendiz de poeta, escritor varzeano, amante dessa terra abençoada de Ângelo Bezerra, minha querida Várzea, Cidade da Cultura e da Felicidade!
MISS VÁRZEA
Autor: João Ludugero
E lá vem ela, digna,
toda faceira, morena
bronze da cor do pecado
tão linda, desnuda, franzina,
tão mimosa, inquieta borboleta,
bela virgem a dançar na luz
toda dourada, preciosa e fina
jovem miss, joia rara.
Cheia de graça, diva menina,
envolta num véu de expectativas
e asas de anjo do desejo.
Com seu esperançoso olhar
de mulher fatal, musa de en/canto
ela recria em nós todo um mundo
de entusiasmo, de alegria,
e tanto nos orgulha em vê-la,
assim toda vestida de cor e simpatia.
Diante do espelho, a olho nu,
dona da mais singular beleza,
que enche os olhos varzeanos
ao desfilar diante de nós
seu corpo majestoso de rainha,
assim como uma luminosa estrela.
Quem é ela, quem é ela?
terça-feira, 27 de julho de 2010
O RETORNO
Autor: João Ludugero
Oh, minha Várzea!
Como dói ficar longe de ti.
É triste a partida,
e se a volta é demorada
a viagem só de ida
é dolorida.
Só aquele sujeito
que nunca partiu
sente menos...mas a dor
é dor do mesmo jeito,
dói a torta e a direita
dói por dentro e por fora,
corrói até pelo avesso.
Mas um dia o bom filho
à casa torna, e ao rever
a paisagem, de cara,
o açude do Calango nos arrebata
de entusiasmo o peito
numa alegria sem fim,
nos toma de assalto o coração
e não há nada igual, de fato.
A gente fica demais satisfeito
ao pisar o chão de Várzea
e perceber, num sorriso,
que nossas raízes ainda estão lá,
fincadas, nutridas,
profundas, entrelaçadas,
robustas, cada vez mais fortalecidas.
Por causa de quê?
em razão da lógica do Amor
que nunca arreda o pé
do interior da gente.
Eis o segredo!
VÁRZEA, EU SOU DA TUA LAIA!
Autor: João Maria Ludugero
Sou da terra do milho
da pipoca, do estouro
da boiada, do curral
do cheiro da farinhada
do coalho, do queijo
da manteiga de garrafa
da melhor carne-de-sol
estendida no jirau
Sou da terra do xerém
do feijão verde de corda,
da fava, do mungunzá,
da macaxeira enxuta
da massa da mandioca
da urupema, da goma
do pilão de dona Sinhá
do grude assado na palha
da bananeira, do babau
da batata-doce de paul
da ramada do maxixe
da melancia e do jerimum
Sou do riacho do mel
da manga, do umbu-cajá
da cana-caiana do brejo
da garapa do caju
das macambiras, do trapiá,
do anum, do inhambu,
do tejuaçu e do preá,
do vaqueiro destemido
do gado pegado à unha
dos acordes da sanfona
da terra de Cícero Cego
Eu sou conterrâneo
de dona Ana do Rego,
sou varzeano de estirpe
minha origem não nego
sou da pele morena,
dos olhos castanhos
do vale fértil do meu Itapacurá
de dona Rosa Cunha.
Levo minha vida nessa sina
com muito orgulho eu carrego
a alegria de pertencer à laia de lá!
EM PLENO VOO
Autor: João Ludugero
Sou eterno viajante.
vagueio pelos campos
pelas trilhas do Maracujá
pelas trilhas dos Seixos
pelas macambiras
à deriva de rios e riachos
a me achar nos ariscos
em solitária busca,
embora nunca esteja sozinho.
Que busco?
Eu vou me encontrar
onde se acha do sol
buscar meu mundo,
viver meu tempo!
sou aquele eterno poeta
buscando me reconhecer
na paisagem
aqui é o meu lugar
quem sou?
sou varzeano,
a buscar meu ambiente
no meio da natureza agreste!
Sou eterno viajante.
vagueio pelos campos
pelas trilhas do Maracujá
pelas trilhas dos Seixos
pelas macambiras
à deriva de rios e riachos
a me achar nos ariscos
em solitária busca,
embora nunca esteja sozinho.
Que busco?
Eu vou me encontrar
onde se acha do sol
buscar meu mundo,
viver meu tempo!
sou aquele eterno poeta
buscando me reconhecer
na paisagem
aqui é o meu lugar
quem sou?
sou varzeano,
a buscar meu ambiente
no meio da natureza agreste!
JOCA
Ah, Meu rio Joca,
oh, meu riacho da Cruz
Oh, meu rio de Nozinho
de onde vens, que acumulas
afluentes de velhas esperanças novas
poço cheio de tanta saudade
Que emerge desde lá
do meu tempo de criança
brincando nas tuas águas,
onde o vigor faz a dança
onde o vento faz a curva
onde o Vapor toma forma
Hoje carrego comigo
tua imagem esparramada
no verde que beira o rio
e se alastra no coqueiral
a dentro, em banhos
de rio e cacimba,
de rio e cacimba,
perfeitos banhos de bica,
água apanhada na cuia
dentro da minha lembrança
É doce falar de ti,
meu rio de água salobra!
Rio Joca, rio Joca,
riacho da minha Várzea
tão repleto, rio de mim
das mais diversas histórias
onde o poeta registra
sobre o livro de memórias
a beleza do seu povo varzeano
revestida de mil glórias!
BANHO DE RIO
Autor: João Maria Ludugero
Já decidi ir nadar,
tomar banho de rio
ir até lá, além do açude,
deixar-me mergulhar
pra te ver sorrir
ser meu rimar,
de frente e verso
Assovia vento, assovia!
traga teu bico, quero-quero
só pra dimunir meu penar
com asas de aço
serei pássaro prateado
e nunca mais sairei
do caminho que me leva a ti,
minha Várzea amada!
Que troço é poesia,
se não traço de amor,
de dor e alegria?
hoje sou todo saudade
sentado à margem de mim,
deixo meu coração vertente
sangrar e escorrer pela vargem...
Sem pressa de sair dali,
de pisar no chão, desnudo
e sentir os cheiros
e os ruídos que descambam
bueiros afora
até chegar ao rio Joca
e nadar na calma de sua correnteza
juntar-me aos peixes e seguir
até a cachoeirinha dos Damas,
onde se acham muçuns,
jacundás, aratanhas e saudades
Já decidi ir nadar,
tomar banho de rio
ir até lá, além do açude,
deixar-me mergulhar
pra te ver sorrir
ser meu rimar,
de frente e verso
Assovia vento, assovia!
traga teu bico, quero-quero
só pra dimunir meu penar
com asas de aço
serei pássaro prateado
e nunca mais sairei
do caminho que me leva a ti,
minha Várzea amada!
Que troço é poesia,
se não traço de amor,
de dor e alegria?
hoje sou todo saudade
sentado à margem de mim,
deixo meu coração vertente
sangrar e escorrer pela vargem...
Sem pressa de sair dali,
de pisar no chão, desnudo
e sentir os cheiros
e os ruídos que descambam
bueiros afora
até chegar ao rio Joca
e nadar na calma de sua correnteza
juntar-me aos peixes e seguir
até a cachoeirinha dos Damas,
onde se acham muçuns,
jacundás, aratanhas e saudades
segunda-feira, 26 de julho de 2010
SÓ PRA VER DE PERTO A BELEZA
Autor: João Ludugero
Um dia seria cacto.
Outro dia seria flor.
Cacto um dia acaba por dar flor
no meio dos espinhos
e ambos convivem muito bem.
Quiçá um dia serei um jardim?
Se eu chegar a ser uma flor/esta,
quero respirar no seio da terra
sentir o cheiro do mato
encher de bons ares minha vargem
sentir todo o vapor
que resvala rio Joca a fora
quero beber a seiva
das árvores fortes e belas.
Quero o passaredo
cantando nas minhas frondes
quero dar sombra e água fresca
até ao mais simples sebite
quero ser oásis-verde, cacimba
no meio da aridez do agreste
saciar a sede e abrigar a todos
que precisarem de sossego.
Minhas raízes são profundas
fincadas em solo fértil, de beleza,
tão enraigadas que não é qualquer
ventania que virá a arrancá-las.
Deixarei sementes para os próximos
filhos da terra varzeana
e, com eles, delegarei
meus sonhos da natureza.
Um dia seria cacto.
Outro dia seria flor.
Cacto um dia acaba por dar flor
no meio dos espinhos
e ambos convivem muito bem.
Quiçá um dia serei um jardim?
Se eu chegar a ser uma flor/esta,
quero respirar no seio da terra
sentir o cheiro do mato
encher de bons ares minha vargem
sentir todo o vapor
que resvala rio Joca a fora
quero beber a seiva
das árvores fortes e belas.
Quero o passaredo
cantando nas minhas frondes
quero dar sombra e água fresca
até ao mais simples sebite
quero ser oásis-verde, cacimba
no meio da aridez do agreste
saciar a sede e abrigar a todos
que precisarem de sossego.
Minhas raízes são profundas
fincadas em solo fértil, de beleza,
tão enraigadas que não é qualquer
ventania que virá a arrancá-las.
Deixarei sementes para os próximos
filhos da terra varzeana
e, com eles, delegarei
meus sonhos da natureza.
VÁRZEA: DOCE TEMPO DE LEMBRANÇAS!
Autor: João Ludugero ( em 17/07/2009).
Já são duas e meia da tarde,
O sol já alaranja o poente,
Assombreando o açude do Calango.
Eu e Antonio Picica de Xinene Paulino
Percorremos as ruas a vender
Já são duas e meia da tarde,
O sol já alaranja o poente,
Assombreando o açude do Calango.
Eu e Antonio Picica de Xinene Paulino
Percorremos as ruas a vender
pastéis de queijo e de carne-seca;
A estas alturas do crepúsculo,
Abimael já afinara as canelas
Desde às quatro bocas da rua grande,
A vender pirulitos no tabuleiro cheio de furos,
Além dos doces de banana e goibada.
.
Não me recordo de quem vendia
Quebra-queixo, puxa-puxa, língua-de-sogra...
Mas havia disso também...
Ah, isso também se vendia.
Eram vendidas tapiocas de coco,
Grudes, beijus, cocadas, docinhos de jaca,
Eram vendidos biscoitos, sequilhos, soldas,
Pães de mel, brotes, queijos de coalho,
Pés-de-moleque, além de castanhas de caju assadas
Bolachas regalias, caldo de cana,
Dindim e picolés de coco queimado,
Sem me esquecer dos famosos bolos de Seu Biga, pai da Edilza.
.
De um tudo se vendia ali
Na minha Várzea das Acácias...
E o tempo-laranja descascava mexericas,
Laranjas-cravo e rolinhos de cana-caiana;
E o tempo-doce-de-coco não enjoava a vida da gente.
.
E o tempo passava lento, lentamente...
Como que a dizer que a vida não precisa de tanta pressa
Como que a nos sobreavisar que viver a vida é assim
Não ameno de amar, não de Amor a menos.
Que a vida ia se deslanchando na tarde amena
Da minha pequena Várzea de Ângelo Bezerra.
.
E de puxa-puxas a outras guloseimas,
De babas-de-moça a açúcar queimado,
De caramelos a balas caseiras de Dona Zidora
A gente ia lambuzando o céu da boca,
Em doces nuvens de algodão-doce!
E eram tantos os manjares a nos deliciar a alma,
A nos embevecer o espírito de coisas simples...
.
E o mel a escorrer pelos quatro cantos da boca
Da Travessa Brasiliano Coelho de Oliveira,
E o cheiro de pão quentinho vaporizando
Toda a cidade de São Pedro apóstolo,
Não escondendo o êxtase de viver com simplicidade.
.
Com açúcar, com afeto, com farinha,
Apesar dos suores e dos pesares,
Toda a maravilha, todo encanto
Que só existe neste lugar
A estas alturas do crepúsculo,
Abimael já afinara as canelas
Desde às quatro bocas da rua grande,
A vender pirulitos no tabuleiro cheio de furos,
Além dos doces de banana e goibada.
.
Não me recordo de quem vendia
Quebra-queixo, puxa-puxa, língua-de-sogra...
Mas havia disso também...
Ah, isso também se vendia.
Eram vendidas tapiocas de coco,
Grudes, beijus, cocadas, docinhos de jaca,
Eram vendidos biscoitos, sequilhos, soldas,
Pães de mel, brotes, queijos de coalho,
Pés-de-moleque, além de castanhas de caju assadas
Bolachas regalias, caldo de cana,
Dindim e picolés de coco queimado,
Sem me esquecer dos famosos bolos de Seu Biga, pai da Edilza.
.
De um tudo se vendia ali
Na minha Várzea das Acácias...
E o tempo-laranja descascava mexericas,
Laranjas-cravo e rolinhos de cana-caiana;
E o tempo-doce-de-coco não enjoava a vida da gente.
.
E o tempo passava lento, lentamente...
Como que a dizer que a vida não precisa de tanta pressa
Como que a nos sobreavisar que viver a vida é assim
Não ameno de amar, não de Amor a menos.
Que a vida ia se deslanchando na tarde amena
Da minha pequena Várzea de Ângelo Bezerra.
.
E de puxa-puxas a outras guloseimas,
De babas-de-moça a açúcar queimado,
De caramelos a balas caseiras de Dona Zidora
A gente ia lambuzando o céu da boca,
Em doces nuvens de algodão-doce!
E eram tantos os manjares a nos deliciar a alma,
A nos embevecer o espírito de coisas simples...
.
E o mel a escorrer pelos quatro cantos da boca
Da Travessa Brasiliano Coelho de Oliveira,
E o cheiro de pão quentinho vaporizando
Toda a cidade de São Pedro apóstolo,
Não escondendo o êxtase de viver com simplicidade.
.
Com açúcar, com afeto, com farinha,
Apesar dos suores e dos pesares,
Toda a maravilha, todo encanto
Que só existe neste lugar
Abençoado de esperanças novas
De dona Tonha de Pepedo,
Na minha Várzea de Silva Florêncio,
Na nossa Terra da Felicidade!
Na minha Várzea de Silva Florêncio,
Na nossa Terra da Felicidade!
sábado, 24 de julho de 2010
AZULZINHO
Assinei a tela
de natureza viva
eu pintei de azul o sonho
azulejei meus versos
E rubriquei com um beijo
ao selar nosso amor, a lacre.
E para pintar meu cartão postal
elegi o azul, pintei nessa cor
a catedral de São Pedro
não colhi qualquer tinta,
escolhi, sim senhor,
a mais bela tinta do amor,
da minha paleta de aquarelas:
se é que o amor é azul.
Elegi o azul
para pintar o amor
azul da cor do véu da Mãe de Deus
azul do céu
que nos teus olhos vejo
toda vez quando te roubo um beijo
toda vez que furto-cores
no por de sol encarnado
ao entardecer lá no Calango
Colhi uma pena azul pavão
azul paixão que se foi ao Vapor
perto de mim, acendi uma vela
lá no Cruzeiro, fiz a oração
acendi a chama de amar
chamei a inspiração
de um intenso azul
da terra dos Bentos
desabrochou no meu peito
uma flor cheia de graça.
Avé-Maria!
Estou a salvo do purgatório
outras velas vou queimar
vou deixar arder
em meus versos simples
vou plantar esperanças novas,
uma vez que acordei
do sonho, da utopia, ao cair na real,
mas, ainda assim, sonhar não foi em vão.
ainda acredito na força que pulsa
que anda comigo,
além das duras penas,
que carrego, que me seguem a sangrar
bem no interior, lá dentro do meu coração
de intenso azul varzeano
quinta-feira, 22 de julho de 2010
VÁRZEA: A MENINA DOS MEUS OLHOS
Autor: João Ludugero
É gratificante ver o rio Joca, ávido,
deixar o sereno molhar o rosto
ver de perto a menina dos olhos,
minha Várzea de dona Rosa
de Seu Antonio Ventinha.
Há dias que essas coisas simples
Portanto, deixo o silêncio poetizar assim.
É gratificante ver o rio Joca, ávido,
ir lá e enterrar os pés na areia,
partir rumo ao Vapor,
abrir os braços ao vento,deixar o sereno molhar o rosto
ver de perto a menina dos olhos,
minha Várzea de dona Rosa
de Seu Antonio Ventinha.
Há dias de vida que me sabem o sol
já acordo e dou de cara com a luz,
de pronto, desperto e vou direto
ao encontro das tintas de Deus
de pronto, desperto e vou direto
ao encontro das tintas de Deus
ver o que a minha terra tem de sobra: beleza
Há dias que essas coisas simples
aumentam tanto meu tempo, não fazes ideia,
que permaneço boquiaberto, admirado
diante de tantas dádivas, de presente,
que sou incapaz de lhes acrescentar palavras,
pois logo saberiam a redundância.
Portanto, deixo o silêncio poetizar assim.
Eis-me calado, descalço, de pés na areia,
sem pressa, mais uma vez, faço versos
com o intuito de aquecê-la, minha Várzea.
Logo, desprezo o talento misterioso
de fazer correr o tempo.
Deixo ele passar a seu tempo...
enquanto vou limpando a vista
contemplando esse chão de estrelas.
sem pressa, mais uma vez, faço versos
com o intuito de aquecê-la, minha Várzea.
Logo, desprezo o talento misterioso
de fazer correr o tempo.
Deixo ele passar a seu tempo...
enquanto vou limpando a vista
contemplando esse chão de estrelas.
SONHO ACORDADO
O cheiro do mato desce
pelas tuas veredas
balança ao vento
as tuas verdes entranhas,
agita o coqueiral do rio Joca
e continua a irrigar tua paisagem.
O calor da tarde amena faz de mim
um varzeano pensativo
de impressões vivas, positivas.
Ainda há dias sonhei contigo, a dormir,
foi um sonho companheiro;
hoje, vejo-me acordado a sonhar.
Tive um sonho simples,
tendo as mãos livres para o inventário
da flor da pele, de quimeras
de escrever meu livro de memórias
e dos aromas da liberdade
de renovadas esperanças,
de passear pelos teus campos agrestes
a decifrar teus segredos,
eu sei dos teus passos,
da tua alegria luminosa
que sempre me contaste.
Em tal sonho eu ficava assim
a olhar para ti, formosa e bela,
a ouvir-te ou a deixar falar o silêncio.
Ficava mudo e quieto, contemplativo,
apenas de mãos soltas à espreita
do doce sossego da tua presença,
oh, minha amada Várzea
de Severino 'Silva' Florêncio!
O CARRO-DE-BOI
lá na subida da ladeira,
espreitar a tua chegada.
Eu via o voo dos pássaros ao longe,
Eu via o voo dos pássaros ao longe,
perto do horizonte, muitos,
até apareceres lá nas lonjuras
e eu não via o tempo passar.
Vinhas a léguas e léguas,
e eu já te ouvia cantar, carro-de-boi,
e já te antevia entrar no verde caminho
que ronda a beira do rio Joca,
lugar aonde se tem que vir, a propósito,
nem que seja para molhar os pés,
e lavar a alma.
Ali a gente sentia
o cheiro do mato verde,
da estrada de terra molhada,
da lenha nas chaminés
da casa-de-farinha do arisco
de dona Clarice de Seu Nilton
de dona Clarice de Seu Nilton
E eu ali, de prontidão,
só de admirar a paisagem,
ficava embevecido,
oh, carro-de-boi,
a escutar a cigarra estridente
a disputar com tua cantiga.
logo eu caía na real, mais leve,
e tratava de voltar pra casa
contente da vida,
ainda ouvindo teu canto
como que a embalar
a vida simples que a gente levava
ali no meu Varzeão
da saudosa madrinha Onélia
de Seu Raimundo Rosas.
SIMPLESMENTE FELIZ
Aqui tem perfume de pitangas
e de terra verde,
solo fértil favorável
ao plantio de bananeiras
olhos d'água, vertentes
vapores do agreste
a visitarem-me a pele.
Aqui a gente é feliz,
de ficar à vontade,
simplesmente a comer
cajus direto no pé,
chupar cana-caiana,
mangas maduras
chupar cana-caiana,
mangas maduras
e outras frutas silvestres.
No arisco de seu Virgílio
o dia parece curto
de sol a sol, de certo,
a gente se aventura
a correr pelos campos,
pelas estradas de terra
sentindo-se donos de nada,
mas príncipes naquele mundo
impregnado de perfume de Várzea.
Quem ainda duvida que felicidade
tem a ver com essas coisas simples?
Acordar nesses dias varzeanos,
desde cedo, apetece a alma da gente
pois são de dar água na boca
de qualquer ser vivente, à beça.
Eis aqui a minha marca do Amor.
Eu acredito nisso tudo.
E esse tempo volta,
sempre que encosto
o rosto no teu peito,
e, de perto, sinto
que te respiro entre beijos.
Sinto tua respiração ofegante,
e fecho os olhos, de súbito.
O PERFUME QUE FICA
No jardim da escola Dom Joaquim,
o pé de jasmim limita-se florir.
E isso me basta.
Nos intervalos das chuvas de verão,
brilham sóis no meu Jardim.
e ali a gente aprende
a brincar de viver
a levar pra vida toda
essa lição de casa.
Essa dádiva faz-me acreditar
em quase tudo.
Na minha Várzea,
a esperança aparece
vestida de simplicidade
até na mais simples de todas
as flores do canteiro.
Que maravilha nosso pé de jasmim!
Ele tem um perfume sem igual
que ultrapassa os muros e vai
longe vai levar seus cheiros
e encanto, além das horas
das alamedas do recreio
da nossa velha infância,
além da algarobeira
da praça do encontro,
além das cabeças
dos dias atuais
da escola Dom Joaquim
de Almeida.
O pé de jasmim limita-se a florir.
e isso nos basta. Por que
vestidas de simplicidade estão
as grandes maravilhas do mundo.
Já parou para reparar
o jasmineiro em flor?
quarta-feira, 21 de julho de 2010
ROTA
autor: João Ludugero
belo como sonho e, fato, é isso:
deparo-me com o açude,
fecho meus olhos
sonho acordado
lembrando o Calango
eu sinto remoer
no peito uma dor
é a saudade que chega
é o resumo das boas lembranças
que tenho da minha Várzea
pra minha saudade
não há despedida,
acordo sozinho,
saio do ninho,
contemplo o cenário
percorro a Vargem
aprendo a voar
e vou, pro ar,
eVAPORar...
canário de chão,
alma de passarinho!
belo como sonho e, fato, é isso:
deparo-me com o açude,
fecho meus olhos
sonho acordado
lembrando o Calango
eu sinto remoer
no peito uma dor
é a saudade que chega
é o resumo das boas lembranças
que tenho da minha Várzea
pra minha saudade
não há despedida,
acordo sozinho,
saio do ninho,
contemplo o cenário
percorro a Vargem
aprendo a voar
e vou, pro ar,
eVAPORar...
canário de chão,
alma de passarinho!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
REZAS, SOLDAS E OUTRAS CANTIGAS
Autor: João Ludugero
eu queria curar meus quebrantos
procurei a casa de Ana Moita
que me benzeu ao rezar com seus ramos
invocando credos e santos
saí do recinto com a alma mais leve
como que por encanto, ela operou milagres
e num instante a dor se dissipou
e na minha face o sorriso voltou
a fazer-me de bem com a vida
eu queria provar umas soldas, uns sequilhos
e fui direto visitar dona Carmosina
e, como era de se esperar, saí de lá saciado
a carregar comigo um pacote de brotes
de pães de mel, manjares de Deus
e papos de anjos
eu queria cantar, fazer uma canção bem simples
e descobri que ela estava o tempo todo ali
na garganta de seu odilon, meu pai,
com suas cantigas entoadas a qualquer instante,
canções de ninar gente grande e os inocentes
canções sem hora para acordar a alegria
buriladas nos acordes do coração-sinfonia
acho que aprendi desde cedo a cantar
com Seu Odilon, meu pai,
que sempre inventa algo para en/cantar
na sua santa paciência
com os seus versos tirados da manga do repente
ele canta onde seja a boca livre,
onde haja ouvidos limpos
ele canta não apenas no chuveiro,
ele canta para espantar a tristeza
de almas afeitas a escutar com suas pelejas
para enganar o tempo – ou distrair
criaturas já de si tão mal atentas,
ele canta… para des/en/cantar
canta apenas quando dança,
nos olhos dos que lhe ouvem, a esperança
eu queria curar meus quebrantos
procurei a casa de Ana Moita
que me benzeu ao rezar com seus ramos
invocando credos e santos
saí do recinto com a alma mais leve
como que por encanto, ela operou milagres
e num instante a dor se dissipou
e na minha face o sorriso voltou
a fazer-me de bem com a vida
eu queria provar umas soldas, uns sequilhos
e fui direto visitar dona Carmosina
e, como era de se esperar, saí de lá saciado
a carregar comigo um pacote de brotes
de pães de mel, manjares de Deus
e papos de anjos
eu queria cantar, fazer uma canção bem simples
e descobri que ela estava o tempo todo ali
na garganta de seu odilon, meu pai,
com suas cantigas entoadas a qualquer instante,
canções de ninar gente grande e os inocentes
canções sem hora para acordar a alegria
buriladas nos acordes do coração-sinfonia
acho que aprendi desde cedo a cantar
com Seu Odilon, meu pai,
que sempre inventa algo para en/cantar
na sua santa paciência
com os seus versos tirados da manga do repente
ele canta onde seja a boca livre,
onde haja ouvidos limpos
ele canta não apenas no chuveiro,
ele canta para espantar a tristeza
de almas afeitas a escutar com suas pelejas
para enganar o tempo – ou distrair
criaturas já de si tão mal atentas,
ele canta… para des/en/cantar
canta apenas quando dança,
nos olhos dos que lhe ouvem, a esperança
A MENINA E O GIRASSOL
autor: João Ludugero
O girassol na janela
faz girar o sol
e o meu pensamento
logo, logo vai longe
girando girando a pino,
acendendo um lindo sol
de verão no meu peito
amanheço sereno e afoito
bem querendo ir aonde vai o sol
ao encontro da menina varzeana
ela que corre junto com as borboletas,
levando mais esperanças ao dia-a-dia,
de graça, ensina-me a fitar
a beleza da flor amarela
exposta às mudanças,
à transformação,
g-i-r-a-s-s-o-l
girassol, gira mundo, gira tudo
vai girando mudando a estação,
gerando emoções verdadeiras
ao passo que no peito dela
bate um coração varzeano
que possui asas próprias, natas
que ainda esperam, sem cera,
fazer a vida ficar mais bela
brilhando nos olhos de Nena,
que rega seu jardim
todo santo dia, sem pressa
que planta suas alfazemas
e acorda disposta ao solene costume
de ver suas mudas, ávidas,
seus botões entreabertos aliados
ao voo das borboletas no canteiro,
tudo se abrindo ao sol de um novo dia
enquanto giram girassóis, em sintonia
a bordar a saia rodada da menina
que pendura sonhos no varal
que juntos se extendem aos brancos lençóis
domingo, 18 de julho de 2010
VÁRZEA, A CULTURA TEM BERÇO
o jasmineiro não se demora
a enfeitar sua primavera
de sentinela, o apóstolo padroeiro
no topo da igreja, a olhar por nós,
diante das duas palmeiras,
alvorada e aurora,
nos fita com céu
que seu povo venera
Várzea, terra prometida,
berço de Ângelo Bezerra,
um sutil ritual a faz genuína
generosa mãe não se põe a chorar
nunca desampara os filhos seus
ela sacia sede e fome
até em nome da lenda
não dá lugar à mulher que chora
arreda a tristeza num instante,
pois esta vira miragem e vai embora,
desaparece por esse mundo de Deus
e quando chora essa menina,
chora de um jeito
que guarda seu pranto
no açude do Calango
Várzea, cidade da cultura,
vertente de valores,
resgate de nossas raízes,
campo nunca ingrato,
que possui as bênçãos
da catedral azul de São Pedro
e a crença nascida
da mescla da raça varzeana
que compõe a alma
desse povo forte e hospitaleiro
solo sagrado do agreste, vale fértil
terra abençoada de Capitão Gonçalo
e da inesquecível Joaninha Mulato
a enfeitar sua primavera
de sentinela, o apóstolo padroeiro
no topo da igreja, a olhar por nós,
diante das duas palmeiras,
alvorada e aurora,
nos fita com céu
que seu povo venera
Várzea, terra prometida,
berço de Ângelo Bezerra,
um sutil ritual a faz genuína
generosa mãe não se põe a chorar
nunca desampara os filhos seus
ela sacia sede e fome
até em nome da lenda
não dá lugar à mulher que chora
arreda a tristeza num instante,
pois esta vira miragem e vai embora,
desaparece por esse mundo de Deus
e quando chora essa menina,
chora de um jeito
que guarda seu pranto
no açude do Calango
Várzea, cidade da cultura,
vertente de valores,
resgate de nossas raízes,
campo nunca ingrato,
que possui as bênçãos
da catedral azul de São Pedro
e a crença nascida
da mescla da raça varzeana
que compõe a alma
desse povo forte e hospitaleiro
solo sagrado do agreste, vale fértil
terra abençoada de Capitão Gonçalo
e da inesquecível Joaninha Mulato
sábado, 17 de julho de 2010
CON-VERSOS EM FLOR
A vida me fez assim:
um eterno aprendiz de poeta,
munido de palavras
num mundo de palavras
vou con-versando com elas,
lembrando de podá-las
como às minhas roseiras,
sempre que necessário
para a troca de aromas
para a troca de aromas
dos ares da cidade
que me enquadra
no casulo-moldura,
só conseguindo sair
desse uni-verso
que me redoma,
através da poesia
que me redime
que me restaura
que me retoca
que me renova
que me inspira
que me retoca
que me renova
que me inspira
que me traz à tona
que me revigora
e não me exaure,
que me revigora
e não me exaure,
porque a mais antiga flor
do meu esperançoso jardim
sobrevive a tudo,
ensina-me
a recomeçar
por entre os espinhos
TEMPORADA
autor: João Ludugero
o tempo bateu na porta
eu abri sem receio, de vez
escancarei também as janelas
deixei que seguisse caminho
soltei os cachorros
virei as latas
e deixei o sol entrar
de passagem, ele se foi
de mãos dadas com a solidão
não pedi para ele parar
cansei de esperar o tempo
na beira da estrada
larguei mão da dúvida
e peguei carona
na rosa dos ventos
na boleia da dor
antes havia esquecido a direção
agora achei meu rumo
e aquela luz no ponto de partida
deu-me o devido prumo e a sensatez,
lembrei-me daquela canção do rouxinol
que me embalou, fez-me acordar
e desistir de ser atropelado
pelo caminhão do tempo
estou salvo, graças a Deus,
cansei de ter um coração suicida
e agora não conto as horas
para ser feliz. ponto.
sexta-feira, 16 de julho de 2010
VÁRZEA MENINA
autor: João Ludugero
como negar
que és minha estrela
minha pequena
menina bonita,
minha artista e arteira,
arte fato, arte sã,
estrela da manhã
estrela vespertina
minha estrela-guia?
se até a lua
desce para em ti
a prata derramar,
até quando meia
se banha inteira
se esparrama faceira,
nas águas espraiadas
seja no leito do rio Joca
seja no espelho verde-musgo
das águas do Calango
menina diva,
divina dádiva
que se lambuza
em riachos
do mais puro mel,
feliz cidade
que se enfeita
com laços e fitas,
que canta e dança
que deveras encanta
que abraça sorrindo
a todos que vão chegando
hospitaleira terra-mãe,
dona da coragem e fé santa,
abençoado vale fértil
que transforma em realidade
outros sonhos acordados
e outras tantas esperanças
quinta-feira, 15 de julho de 2010
ALÉM DA LENDA, A PAIXÃO
foi neste vasto vale
nessa Vargem agreste
nesse pasto
que desce do Calango
que cerquei minha alma
de verde
que me dei a mim
a tua saudade...
e o silêncio do pasto
fiz por merecer,
porque não barrei
meu coração-borrego
que se foi embora,
desgarrado
junto com a mulher que chora
lenda a fora
dentro de um carro encantado
que seguiu descaminhos
com sede e fome de querer
tuas curvas serenas, teus riachos
e a nostalgia que atravessa
os dias que alcançam a calma
que me faz estremecer
só de pensar que não posso mais
te perder em mim, de certo
banho de cavalos soltos,
cheiro de curral, lenha,
fazenda de Ré da Viúva
Seixos e lajedos ao sol
água empoçada, lagoa comprida
ordenha, leite, vasilhas no jirau
e a paz que tenho contigo
mas no peito se agita o coração,
uma égua desvairada
que se contenta com a ilusão;
que prefere essa impostora
a ter que enfrentar seca e arado
no cultivo da terra
que nos dá verso, poesia e chão
minha Várzea quem diria,
agora me causa banzo
de um imenso quase beijo
de um dilacerado desejo
de um coração espantado,
que nunca te disse adeus!
quero amanhecer
nas tuas ruas, nos teus becos,
ter um dedo de prosa ali na venda
de Dona Penha de Seu Olival
preciso sentar no banco da praça
plantar meu olhar
na verdejante algarobeira
sentir o sereno, bons ares
advindos do rio Joca
ir-me ao encontro
do teu Vapor vital
e com as duas palmeiras
da catedral de São Pedro,
a servir de testemunhas,
quero apontar para tuas manhãs,
quero selar meu destino ao teu
com toda força e fé revelada,
convicto de que minhas esperanças
se renovam nessa aliança de amor
que há entre eu e ti,
minha Várzea amada!
nessa Vargem agreste
nesse pasto
que desce do Calango
que cerquei minha alma
de verde
que me dei a mim
a tua saudade...
e o silêncio do pasto
fiz por merecer,
porque não barrei
meu coração-borrego
que se foi embora,
desgarrado
junto com a mulher que chora
lenda a fora
dentro de um carro encantado
que seguiu descaminhos
com sede e fome de querer
tuas curvas serenas, teus riachos
e a nostalgia que atravessa
os dias que alcançam a calma
que me faz estremecer
só de pensar que não posso mais
te perder em mim, de certo
banho de cavalos soltos,
cheiro de curral, lenha,
fazenda de Ré da Viúva
Seixos e lajedos ao sol
água empoçada, lagoa comprida
ordenha, leite, vasilhas no jirau
e a paz que tenho contigo
mas no peito se agita o coração,
uma égua desvairada
que se contenta com a ilusão;
que prefere essa impostora
a ter que enfrentar seca e arado
no cultivo da terra
que nos dá verso, poesia e chão
minha Várzea quem diria,
agora me causa banzo
de um imenso quase beijo
de um dilacerado desejo
de um coração espantado,
que nunca te disse adeus!
quero amanhecer
nas tuas ruas, nos teus becos,
ter um dedo de prosa ali na venda
de Dona Penha de Seu Olival
preciso sentar no banco da praça
plantar meu olhar
na verdejante algarobeira
sentir o sereno, bons ares
advindos do rio Joca
ir-me ao encontro
do teu Vapor vital
e com as duas palmeiras
da catedral de São Pedro,
a servir de testemunhas,
quero apontar para tuas manhãs,
quero selar meu destino ao teu
com toda força e fé revelada,
convicto de que minhas esperanças
se renovam nessa aliança de amor
que há entre eu e ti,
minha Várzea amada!
quarta-feira, 14 de julho de 2010
'VAMBORA' PRA TERRA DOS CAÍCOS
Eu nasci perto do rio Joca
na terra de Cícero Caíco
com o rio aprendi a correr
contornar a seca, o estio
cavei cacimbas,
cavei cacimbas,
peguei na rodilha
carreguei o pote
apanhei água no riacho,
me benzi diante da cruz
de madeira amarrada
com arame farpado
eu vi ali na minha Várzea
secas e cheias,
enchentes de alagar
a rua do arame
até o oitão de São Pedro
eu vi roças e roçados
o milharal deitado
pela força das águas
e jerimuns serem carregados
pela correnteza
eu vi o solo ser fertilizado,
Vapor, vale abençoado
Vapor, vale abençoado
terra da lenda da mulher
que chora, chora e some,
mas ali não se morre de fome
apesar de atraírem
mas ali não se morre de fome
apesar de atraírem
para outras terras
propostas sedutoras,
pode-se até correr o mundo,
ir-se parar nos cafundós de Judas,
propostas sedutoras,
pode-se até correr o mundo,
ir-se parar nos cafundós de Judas,
mas sempre se há de voltar um dia
para a terra de dona Zidora
onde a gente enterrou o umbigo,
onde se pode contemplar
o mais belo cenário, de fato,
onde o vento faz a curva no riacho
a nos trazer a brisa do açude...
seria inútil o apelo do mar,
seria inútil o apelo do mar,
se o Calango nos chama,
'vambora' pra Várzea dos Caícos!
MEU PASTORIL VARZEANO
de novo caminharei pela rua
da saudade, sem pressa,
pelos becos da poesia,
reviverei sem segredos
brincadeiras e folguedos
que dão de cara com as pastorinhas
de seu Joaquim Rosendo
vou tanger boas lembranças
e dançar junto, fazer farra
encarnando a alegria
vou azulejar meu espírito,
banhar-me na brisa mansa
da cantiga que esbarra devagar
lá, onde o céu teve de alongar-se
para tocar as barbas de São Pedro
meu pulso está firme,
o coração ritmado
a bailar com a lua branca
que derrama sua prata na ilusão
pelas tranças de fitas multicoloridas
das meninas varzeanas,
que borboleteiam na luz
a purpurinar a alma da gente
afastando dores, entretendo
suplicando por festa, trabalho e pão
no doce encanto desse solo sagrado
de areia brilhante
de alegria, minério raro,
vou batendo os punhos no peito,
agradecendo e louvando a vida,
pedindo licença pra mais uma dança
carregado de leveza, vou vivendo
aprendendo com a minha gente
que de alma pacata
caminha de volta pra casa
de corpo feliz da vida,
simplesmente prosseguindo
por ter/ser o que desejara,
dançar junto, de perto,
festejar o bom da lida
aliado ao pastoril
de Bita Inácio e
de seu Joaquim Rosendo
oh, senhores donos da casa,
dai-nos licença, para a festa começar
com as bênçãos azuis do apóstolo
vamos puxar os cordões,
só pra ver a alegria encarnar
fazendo a felicidade desabar
de vez sobre os homens!
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