PELAS TRILHAS VARZEANAS...
Por João Maria Ludugero
No juazeiro repleto de folhas verdes
Anuns-pretos e anuns-brancos
Tecem seus ninhos de gravetos
Onde botam seus ovos azulados.
O galo-de-campina canta no vale,
Enquanto o arisco canário-do-chão
Faz ninho no capim grosso junto às rolinhas.
Só, na ramagem, um sanhaço calado
Troca do rasante voo a plumagem.
Após a estação das chuvas...
Cai-cai por terra o estio, segue o seco.
Aparecem no rio Joca as cacimbas
De água salobra barrenta-azulada.
O verão chega tão caloroso
De alma solar clara
Com olhar dourado incandescente
Vê, de frente, o Vapor de Zuquinha
E os mulungus em flor ficam tão encarnados,
Alaranjando assim o pôr-do-sol
Que se deita lá do açude do Calango,
Que até parece atear fogo ao céu
Que não é besteira alguém pensar:
- Se o calor do sol da tarde amena
Altera tanto as flores varzeanas,
Tolo é o coração nas sombras a bater
Pulsando tão baixo, resignadamente.
Voa, coração! voa de dentro
Do alto do ninho do agreste verde
E ligeiro vai buscar dona Ana Moita,
Benzedeira de mancheia, destemida,
Trazendo seus ramos, alfazemas e seivas
Para curar logo a dor e os quebrantos
Que se entranham no peito, rezar o banzo.
Porque bateu uma saudade danada
Da nossa terra amada,
Da minha Várzea das Acácias!
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