A IGREJA-MATRIZ DE VÁRZEA-RN,
por João Maria Ludugero.
Entre vapores, ao longe, surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol dentro da tarde amena.
A igreja caiada do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca ao acorde do sol
Que desponta além das quatro bocas!
E o sino retumba solene as horas:
"Várzea! Pacata Várzea de Mateus Joca Chico"
O astro radiante segue a eterna jornada.
Uma dourada leva lhe cintila em cada
Refulgente facho de luz alvorecida.
A igreja-matriz do meu sonho,
Onde os meus olhos tão saudosos ponho,
Recebe a bênção de São Pedro Apóstolo.
E o sino retumba solene as horas:
"Várzea! Pacata Várzea de Joaninha Mulato!"
Por entre juncos e verdes beldroegas desce
A tarde esquiva: alaranjada prece
Põe-se o lume a rezar aos jasmins.
A igreja-matriz dos meus acordes
Aparece na paz do céu varzeano
Toda prateada ao luar de tapioca.
E o sino retumba solene as horas:
"Várzea! Pacata Várzea de Ângelo Bezerra!"
O céu azul sem trevas: o vento uiva.
Do Vapor à cabeleira ruiva do dia
Vem açoitar o rosto de São Pedro.
A igreja-matriz do meu sonho alto
Eleva-se no topo de sentinela ao santo
Como um astro que nunca cadencia ao desvão.
E o sino retumba solene as horas:
"Várzea! Pacata Várzea de Mãe Claudina
E da minha avó Dalila Maria da Conceição!"
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