A-MAR-ELO,
por João Maria Ludugero
Minhas pernas são água,
As tuas são lumes
E dão a volta ao universo
Quando se enlaçam no voo
Até se tornarem avanços ao sol.
Eu me animo de te abraçar
Depois de te apertar aos solavancos.
E respiro em ti afluente
Para me saciar a sede
E desperto em tua claridade
Para me colorir inteiro,
Meu sol vertido em lua,
Minha noite alvorecida.
Tu me bebes a contento
E eu me converto em oásis.
Minha pele te veste solene
E ficas ainda mais despida
A me assanhar até os pelos da venta.
E levito, voo de ávida semente,
Para em mim mesmo te plantar
Menos que flor: simples perfume e néctar,
Lembrança de pétala pelo chão de dentro.
Teus olhos marejando os meus
E na minha vida, sou rio a desaguar,
Galgando margens além do desvario
Até tudo ser Amar-elo ao avanço do sol
Nesse mar que só há depois do A-mar!
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