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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

NÓS DESATADOS, por João Maria Ludugero


NÓS DESATADOS, por João Maria Ludugero

És a minha paisagem
Por colorir
Um poema iridescente
Que nunca escrevi
A noite que não sonhei
Ainda acordado em sonho
Amor tecido nas cores todas
Que me furtaram...

Abrupta interrupção!
Desci do astuto voo.
Quero o chão do interior
Que, para mim, ávido cresce
Além do instante alinhavado
Sob a nudez de uns calcanhares
Desistentes após as havidas asas.

Então se percebe de vez
Que o amor e a amizade
São mais que isso:
Não encabrestam,
Não prendem,
Não escravizam,
Não apertam,
Não dilaceram,
Não sufocam,
Não minam, não esbugalham as flores,
Apesar de outrora me ninarem o passo
Na estripulia de um menino medonho
Entretido a desatar os fios
Na meada do audaz labirinto
Porque quando viram nó,
Já deixou de ser um laço...
E o bem-te-vizinho se ofusca
Além do devastado voo do sanhaço só!

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