GARAPA,
por João Maria Ludugero
Badala o sino de São Pedro,
O tempo condutor apruma o agito,
Solta o eco a uivar aos gritos,
Põe-se logo a varzeamar…
— Vou danado lá para o Arisco,
Vou danado para o Itapacurá,
Vou danado para a Forma
Com vontade de chegar...
Mergulham Maracujás,
No agreste do rio Joca ao desvão,
Magote de meninos levados da breca
Venham vê-los a passar pelo Riachão
— Adeus-se!
— Adeus-se!
Mangueiras, coqueiros, pitangueiras
Cajueiros em flor pelo riacho do Mel,
Cajueiros com frutos encarnados e amar-elos
Já bons de chupar...
— Adeus menina faceira do cabelo cacheado!
Mangabas maduras,
Pitangas vermelhas,
Ácidos tamarindos,
Doces carambolas,
Mamões amarelos,
Que amostram molengos
As mamas macias
Além das melancias
Pra a gente se amarrar
— Vou danado lá pra Várzea,
Vou danado lá para os Seixos,
Vou danado para o Umbu
Com vontade de chegar...
Na boca da mata
Há flores bonitas
Que em coisas incríveis
Nos fazem pensar:
— Ali dorme o Xamã-da-Mata!
— Ali é a casa de Ana Moita!
— Vou danado para o Vapor de Zuquinha,
Vou danado lá para o Agreste
Vou danado lá pra Zé Canindé
Com vontade de chegar...
Meu Deus! Já deixamos
A Vargem tão longe…
No entanto avistamos
Bem perto outra Lagoa Comprida...
Danou-se! Se move,
Se arqueia, faz corrente...
Que nada! É um canavial
Já bom de cortar...
— Vou danado lá pra Várzea,
Vou danado para o Agreste
Vou danado para o Alto dos Rodrigues
Com vontade de chegar...
Cana caiana pra caldo de cana,
Cana roxa pra fazer garapa,
Cana fita, curimbatória,
Cada qual a mais bonita,
Todas boas de chupar...
— Adeus menina do cabelo cacheado!
— Ali dorme o Pai-da-Várzea!
— Ali é a casa dos Caicos!
— Vou danado Lá pra Várzea,
Vou danado para o rio Joca
Vou danado para o agreste
Com vontade de chegar...
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