Seguidores

sábado, 12 de fevereiro de 2011

TERRA-MÃE















VÁRZEA: TERRA-MÃE
Autor: João Maria Ludugero

A lua desce
Só pra roubar um beijo
Do Calango
Que a acolhe inteira
Em sua água verde-musgo
E a lua se deita no açude,
Que não se importa
E deixa as comportas
Escancaradas
A sangrar pelo paredão afora
Até chegar na vargem nua.


Frente ao matadouro,
Sombras tortas de animais
que por ali findaram
Se misturam a cheiros e ruídos
Que provêm da rua da matança,
Onde outrora se salgava a carne
Em varais que penduravam
A alma no curtume, encarnada,
Iluminada pela luz da lua.


E esse quadro vivo
Vira uma loucura, composto
De crianças, Xibimbas
E Picicas a jogar bola,
De marchantes tipo Beja Mulato,
De choupas, de bocas,
De cachorros e ternuras,
De luas-lamparinas espalhadas
Pelo leito do rio Joca,
Que segue seu destino ao mar,

Até chegar o estio, e seguir o seco 
A se abrir em cacimbas e veios, 
Apesar de seu efêmero curso.

4 comentários:

  1. Saudades da terra mãe! Já coloquei o selo no meu blog. Obrigado pela distinção. Um abraço.

    ResponderExcluir
  2. Passei por aqui e estou estudando os seus poemas.

    A lua desce...
    ...frente ao matadouro...
    ...as sombras tortas e as almas mortas....

    As imagens poéticas parece que custam a entender quais luas-lamparinas espalhadas pelo leito do rio.

    Voltarei aqui se me for possível.
    Obrigado pela passagem no «lidacoelho»

    ResponderExcluir
  3. Obrigado, voltem sempre! Gosto de elogios e também das críticas, desses pensares luminosos que mais estimulam a gente a fazer poesia, a viajar no mundo das palavras e fazer a incitação da massa cinzenta de outrem. Que lamparinas e candeias fosforesçam as mentes abertas e ainda mais desnudem suas verves inquietas. Gosto disso, dessas interrogações, dessas reticências, assim a vida caminha mais balanceada, apesar dos fardos e de tantos pesares. Hiper abraço.

    ResponderExcluir
  4. Olá, Caro I.B.G., seja bem-vindo ao meu site! E, se possível, indique-o a outros amigos para que possam seguir-me, se lhes for conveniente. Faça suas críticas, deixe seus coments. São pessoas como vocês que tanto nos incentivam a continuar a fazer poesia, a acreditar que realmente a poesia ultrapassa mundos. Super abraço. João.

    ResponderExcluir