O SUMIÇO DO BANCO DE SEU BITA
Autor: João Maria Ludugero
De manhã, o vazio.
O banco de madeira
Tomou um chá de sumiço.
Banco antigo
Banco antigo
Que me viu criança.
Banco amigo
Que desbancou o tempo
Que viu nascer
Toda uma geração,
Banco do inesquecível
Geraldo Anacleto, Seu Bita.
Banco relíquia nossa de cada dia,
Banco que guardava lembranças.
Quantos não descansaram ali a assuntar,
Botar o papo em dia, jogar conversa fora
Desopilar dos grilos da lida, dourar a pílula,
Desancar problemas, saber notícias do mundo
E por que não dizer dos namoros comprimidos,
Daqueles falados amassos no interior
Que fazem até banco gemer... digo ranger.
Desopilar dos grilos da lida, dourar a pílula,
Desancar problemas, saber notícias do mundo
E por que não dizer dos namoros comprimidos,
Daqueles falados amassos no interior
Que fazem até banco gemer... digo ranger.
Quantos não se encostaram no assento
E saíram da farmácia São Geraldo
Com a cabeça menos pesada,
Mais distante das cefaléias da vida?
O banco de madeira foi furtado.
Quem fez isso não está feliz, coitado,
Está vergonhoso da cara de pau!
Dá até tristeza, decepção.
Não pelo valor material,
O banco não valia dinheiro, não.
Mas visto pelo lado sentimental...
Não fosse assim, digo,
Outro tomaria seu lugar.
Mas como substituí-lo,
Se coisas móveis existem,
Que de tanto marcar uma paisagem
Fazem parte da vida da gente,
Incorporam-se a determinado lugar,
Deixam de ser individuais,
Deixam de ser alheias,
Tornando-se coletivas,
Um bem que pertence a todos
Como relíquias espalhadas
Dentro do peito da gente?
Não adianta se furtar a isso:
Essas coisas estão contidas
Dentro da alma varzeana.
O que causa indignação subtraí-las.
Quem dele se apoderou, repense bem,
Valerá a pena a devolução do banco.
E sobre o sujeito da ação
Não recairá nenhuma pena.
Caso contrário, resta-lhe a sanção,
A decisão é toda sua,
A sopesar na sua cabeça,
Cuja consciência ditará a sentença.
Leia-se, publique-se, dê-se ciência.
E saia logo do banco dos réus
Ou prefere ser julgado à revelia,
Não dormir direito, insone ficar,
Sentindo-se como que seu nome
Estivesse lançado no rol dos culpados?
E saia logo do banco dos réus
Ou prefere ser julgado à revelia,
Não dormir direito, insone ficar,
Sentindo-se como que seu nome
Estivesse lançado no rol dos culpados?
Eu também queria sentar-me e agora?
ResponderExcluiruma boa semana, amigo!
Boa tarde.
ResponderExcluirO cenário se incorpora sim, às nossas vidas. Cada peça guarda muitas histórias, que ficam nas nossas lembranças.
Um grande abraço.
Tenha uma linda semana.
Maria Auxiliadora (Amapola)
Que delicia!!! ^_^•
ResponderExcluirAssim namorar num banco de outrora, e ter-se furtado da parte da história...
Triste!
Lindo lindo, querido ♥