LUA-DE-MEL
Autor:João Maria Ludugero
Sentado à beira do rio,
Respiro fundo, sentindo o vapor
No meu rosto esperançoso,
Sem perceber o tempo que escorre
Entre as finas areias do Joca
Que ampulhetam meus pensamentos,
Que me fazem viajar, ir-me longe e perto
A andar, na altura do arrebol, de certo,
Eu desfaleço no teu colo
Que me reanima, me acalma,
Que me acolhe, que me nina,
A voar, voar solenemente afoito.
Eu mudo de penas, ganho asas novas,
Faço versos, de frente, converso.
Engenho simples poema,
Açudeio nas águas mornas
Do Calango, de sorte
Mergulhado nas lembranças
Alaranjadas do crepúsculo,
Onde já aponta no céu
A lua toda branca, cheia,
Que aguarda o sol se pôr,
Só pra ela se acender inteira,
Só pra ela se enluarar pomposa,
Só pra ela se derramar faceira
Numa entrega total, em êxtase,
Toda nua, quando ele, dourado,
Atingirá o clímax,
Num lusco-fusco angelus,
Ao suprir suas carências,
Ao folheá-la de prata e mel.
"Mergulhado nas lembranças
ResponderExcluirAlaranjadas do crepúsculo, [...]"
Sabes mesmo o que fazes, quando deitas a tua poesia no colo céu que a tomará...
^_^•
Prezada Kiro, Vou te dizer uma coisa: Você é que é um monstro-sagrado na arte de decifrar com poucas letras o cerne de um poema. Você vai fundo e arrebata as cores, pinta-lhes de verdade, sem tingir o autêntico sentido do poema. Daí, diante de uma interpretação assim, digamos, visceral em sua percepção, a poesia, que tem alma, só pode ganhar a imensidão e voar, voar alto, e chegar aonde só chegam os sonhadores que põem o céu no chão. Você é uma criatura linda demais! Obrigado, sua visita de todos os dias me faz muito bem, deixa meu blog mais perfumado. Abraços.
ResponderExcluirQue lua-de-mel bem poetizada!!
ResponderExcluirParabéns
Abraço
OA.S