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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

DESPOJOS













DESPOJOS
Autor: João Maria Ludugero

Se eu morrer amanhã,
Que seja do coração,
Estou certo disso.
Quero-me ir, tranquilo,
Sem estardalhaço,
Cercado dos perfumes
Dos ariscos
Das juremas
Dos marmeleiros
Das tardes amenas
Da minha Várzea

E sentir, expirando,
As harmonias em lume
Do meu berço agreste
Lá com meus anzóis,
Quero desfalecer ao sereno 
Feito um passarinho
Fora do alçapão,
A ouvir a cantiga solene
Que alegra meu rincão
E faz a festa do passaredo
Pelo Vapor a fora,
Pelo rio de Nozinho
Pelo riacho do mel

Quero espalhar meus poemas,
Sair de mim mesmo, expirar-me, 
Desencarnar,
Abandonar-me
Ao teu solo por amor,
Sem algaravia, sem choro,
Desapegar-me da matéria,
Desencantar-me de vez,
Antes que a vida me leve
De uma vez pra longe

Quero deixar o legado
Da minha alegria,
Meu desvelo, minha poesia,
Em cada canto da minha casa
Em cada canto do meu lugar,
Em cada canto da minha Várzea,
Para todo o sempre!

2 comentários:

  1. Belo poema! Um abraço. Eu, quando me for, nem sei como quero ir.

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  2. JML visita meu blog... Tenho um selo lá para você! www.krolrice.blogspot.com
    Abraços!

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