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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

DE ONDE EU VENHO

















DE ONDE EU VENHO
Autor: João Maria Ludugero

Venho de um lugar de ruas calçadas de paralelepípedos e de becos entortados. Venho de uma terra de uma gente tão bonita e modesta, tão rica que faz festa até das coisas simples. Como é hospitaleira a minha Várzea das Acácias!

Meu pai Odilon tem sua casinha lá, de onde nunca pretendeu sair. E se um dia tiver que ir embora, será de vez para encontrar sua amada Maria, que foi morar no andar de cima. É que minha mãe Maria Dalva de seu Odlion, tinha nome de estrela, e era uma delas, voltou a se firmar no céu, a nos orientar de lá. Na verdade, a brilhante estrela dalva é o planeta Vênus, conhecido como estrela da manhã (Estrela d'Alva) ou estrela da tarde (Vésper). Dona Maria, estrela dalva a alumiar a minha vida inteira!

Eu me criei na Vargem entre roça, roçados, galos de campina, canários de chão, bodes, cabras, borregos, aves, pessoas humildes, árvores, cajueiros e mangueiras, riachos e Vapor. Aprecio viver em lugares assim, por gosto de estar entre lajedos, pedras, lagartos, preás e macambiras.

Agora estou em Brasília, vivendo no cerrado em pleno Planalto Central, prestes a publicar meu livro de poesia "Memórias de Um Menino Varzeano", sinto-me deveras honrado com isso, e, sempre que me sinto só e a saudade me bate, apanho, mas fujo para a minha Várzea, onde sou abençoado por São Pedro Apóstolo, padroeiro do meu lugar.

Continuo a escrever e não abro mão desse ofício, nem acho isso besteira. Sinto-me a escorrer pelo papel, quando discorro meus versos que me salvam de mim mesmo, da incessante busca da vida arteira, de uma paz que se procura todos os dias nas coisas, e não se acha — a poesia é que me salva.
Sei que estou aqui de passagem. Não estou infeliz, nunca tive o espírito pobre porque herdei a curiosidade. Busco alma nas palavras e as engenho, reinvento sentidos e viajo nelas. A poesia me recria. Sou sobrevivente cresço, procuro renascer até no ocaso! No meu morrer de fênix tem uma dor pungente que me dispõe a brotar depois das queimadas, que provém do bater de cascos incansável ou seria da ferradura do tempo?

2 comentários:

  1. Ter em suas terras as raízes, forças nutridas de veracidade!!!

    Que lindo isso aqui, me senti em tua cidade!!!

    ^_^•

    Brincado de pés descalços, sentindo o vento das tardes...

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  2. Quero lhe parabenizar sempre dizendo que és iluminado,lemos esta mensagem eu e seu irmão compadre francisco e até ficamos muito emocionados e ao mesmo tempo questionamos perguntando um para o o outro,como é que vc sabe expressar todo esse sentimento lindo, muito bonito,te adimiro de mais e sempre estou ao lado não só de vc e compadre mais estou presente em toda família.de seu amigo Rosinaldo

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