ESTOURO DE AMOR E DE OUTROS BICHOS
Autor: João Maria Ludugero
Já me dizia um velho amigo arisco,
Quando ácido desde as entranhas:
Que o amor é como grama
A gente fertiliza, poda, apara, drena,
Irriga todo santo dia-após-dia
E até até arranca as pragas daninhas.
Ela demora a aceitar os cuidados,
Mas, logo que caem as primeiras chuvas
Do céu, a água parece que já vem
Com o adubo necessário,
Na medida exata, certinha.
A grama cresce, linda,
Fica verdinha, verdinha
Verde-esmeralda, fica logo bonita,
Fica bonita demais da conta.
Mas, vem que chega um dia que,
por simples descuido ou cautela,
Num ato comezinho, de fato,
A gente vai e esquece
A porteira aberta.
Aí vem um touro, aí vem uma vaca...
E já se viu o estouro.
E, num instante, danou-se!
Num átimo de segundo,
Acabou-se tudo,
Acabou-se o pasto,
Acabou-se o mundo.
E aí, nessas horas,
Fazer o quê, me diga:
Se atirar no poço até o fundo
Passar das estribeiras
Ou fincar o pé na jaca,
Marcar a letra "e", "f"
Falso ou verdadeiro
Ou nenhuma das alternativas?
Acende-se o cachimbo da paz,
Descortina, faz fumaça
Pede trégua, um tempo e água
Pra levantar bandeira...
Arre, a égua foi pro brejo.
Relaxa-se, vai dar uma volta e meia
No parque da vida, na selva real,
Esfriar a cabeça, arrefecer os ânimos,
Só pra arejar a massa cinzenta,
Enquanto em páginas se revira sua vida
De sapato a gato, uma burundanga,
Eu já vi esse filme, de carteirinha
No aguardo de nova investida
Do tal amor, que de outro modo
De certo, vai nos envolver, ah, se vai!...
Fascinante!!! :D
ResponderExcluirAmei... É lindo!
Tens uma beleza única, querido!
^_^•
Gostei deste também, bom trabalho continua, abraço *
ResponderExcluir"Que o amor é como grama
ResponderExcluirA gente fertiliza, poda, apara, drena,
Irriga todo santo dia-após-dia
E até até arranca as pragas daninhas."
Mas com certeza não podemos descuidar-nos. Muito bom o seu texto. Às vezes você escreve coisas que eu gostava de ter escrito. Um abraço.