NAS ASAS DO MEU AMOR PASSARINHEIRO
Autor: João Maria Ludugero
Gaiola requer pássaro preso
A desaprender a arte do voo.
Pássaros cativos, engaiolados
Longe dos estilingues
Longe das baladeiras,
Mas pássaros sob controle
do laço do passarinheiro,
Das arapucas e do alçapão.
O seu dono pode, passarinho,
levá-lo para onde quiser.
Porque pássaro engaiolado
sempre tem um dono,
Apesar de deixar de ser pássaro.
Porque a essência-mor
dos pássaros é o voo.
E o amor é essa asa que liberta,
Asa delta num céu de brigadeiro,
Ou uma vela aberta em alto-mar
Que enseja a manha do bem navegar
Na arte do bom e do belo,
Dentro do melhor da vida-amar.
De uma coisa eu tenho certeza:
O amor me abriu portas, portões
E janelas da minha casa
Para o sol entrar.
Prezo minha casa
Aprecio meu lar.
Porque casas que se prezam
Dão asas, braços alados à total liberdade,
Asas abertas a acolher pássaros soltos.
Minha casa não possui gaiolas, não.
Não aprecio pássaros engaiolados.
O que amo são pássaros em voo.
Dou-lhes impulso. coragem para voar.
Curo suas feridas, colo suas asas, sem cera.
Aprendi a não gostar de alçapão.
Já ensinar o voo, isso a gente não pode fazer,
Porque o voo já nasce dentro dos pássaros.
O voo não pode ser ensinado.
Só pode ser encorajado.
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