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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

EVAPORATIVO













EVAPORATIVO
Autor: João Maria Ludugero

Eu sou a hora gostosa
Da farta mesa posta,
As guloseimas e a gula.
Eu sou o fiel da balança 
O equilíbrio entre o amargo e o doce
Eu devo ser a acidez do limão
E o agridoce dos tamarindos.
Eu sou o osso colado, o remendo 
Da fratura exposta, a emenda
Sou a madrugada interior
A esperar o canto do galo
Sou o silêncio a soprar
As cinzas da fogueira-vida, 
Que ainda há pouco crepitava 
Aos folguedos da sazonal colheita
Da última estação onde plantamos  
A certeza de que o belo exterior se evapora
E que aquela criatura que se julgava feia
Agora desfila seu efêmero book de fotografias 
De corpo presente, tentando copiar Narciso,
Se ri da própria cara, sentindo-se ausente,
E até se acha que está arrasando, de perfil
Na casa de máscaras, egos e espelhos
Sob a câmara interna que grita:
Sorria, você está sendo filmado!

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