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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MEIA VOLTA INTEIRA, VOLVER!
















MEIA VOLTA INTEIRA, VOLVER!
Autor: João Maria Ludugero

Várzea, Várzea!
Eis o teu filho de antigamente:
Aqui o tens restituído.
Não faças cerimônia,
Não tenhas medo
Podes chegar,  faças cafuné,
Pois ele é de casa.

À porta, nem precisas bater,
Podes entrar, aproximar-se
Sem requerer maiores cuidados,
Ele já se alojou na sala de estar
Sacudiu a poeira, o pó dos retratos,
Armou a rede de algodão, assoviou,
Improvisou cantigas, em alto e bom tom
E largou seu coração pelos corredores,
Pelos vãos da casa de dona Dalva,
Agora, no céu estrela, sim, ela mesmo,
A inesquecível dona Maria de Seu Odilon

Tenha medo, não, pois o coração
Deste homem não é de vidro.
Senão, há muito tempo
já teria virado cacos.

Ele foi construído
Sob a amálgama varzeana
Nessa matéria que é barro, água e areia
Caso contrário, numa queda,
Fragmentar-se-ia
De forma incrível.

Eis o teu homem, minha Várzea!
Pouco mudado:  mais experiente.
Nem mais altivo, nem mais cansado.
Continua aquele eterno menino varzeano,
Apaixonado, que, sob a pele morena,
Volta pra reabastecer seu espírito
Na paz que só existe no seu lugar.
Ciente de que conheceu tanta coisa lá fora,
Deu a volta no mundo, fez longas viagens.
Estranho, mas no seu corpo, não satisfeito,
Navegando em suas veias,
Refletida no seu rosto,
Bateu uma saudade danada

E não houve outro jeito:
Selou seu destino, montou na garupa,
Num bater de cascos incansáveis,
Volveu os olhos dilacerados,
Sacudiu seu baú de lembranças
E num galope desatinado,
Veio ao encontro da sua Várzea.
E quem foi que disse que algum dia
A alma deste homem saiu dali,
Do colo da sua terrinha mais que amada?

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