Autor: João Maria Ludugero
Algarobeira velha
Da praça do encontro,
Tantos já se foram entre Louros,
Pereiras, Pau-pedras, Carvalhos
Florêncios, Bezerras e Coelhos...
Tantos já voltaram
E outros já cumpriram
Aqui sua jornada
De uma vez partindo
Pra outra estação,
Enquanto que tu, plantada
Pelas sábias mãos de dona Zilda,
Continuas de pé, enverdecida
No centro do passeio público
Assistindo a tudo sem se revoltar
Renovando as folhas,
Virando a página da vida
Purificando o ar
Da minha Várzea,
A Cidade da Cultura,
Faça sol, faça chuva!
Ó, velha algarobeira,
Sinto que por ti passo
Resistindo ao tempo
Na primavera da lida, dia-após-dia,
Segue meu coração nunca mudo
Nas rédeas dessa poesia
Que jamais se cansa
De tantas viagens
Desde tua sombra
A lúdicas paragens
Eu sei, preciso desopilar,
Eu sei, preciso desacelerar...
Meu corpo carece descansar,
Sentar no banco da praça,
Ser tal qual aquele menino
Da livre, leve, solta e velha infância
Que na rua queria brincar,
Fazer logo girar sua ciranda,
Jogar bolas de gude, teco-teco,
Pra que a alma não ficasse calada
Para que a fantasia não secasse
Para fazer o dia regressar
E a gente poder pintar o sete,
Antes do breu tingir a noite.
Até que toda aquarela
Passe a descolorir
Na ausência dessa luz
Que não vejo noutro lugar
Que abre um clarão necessário
No cerne da nossa Várzea
E faz real o nosso sonho,
Afastando os enfados,
Reavivando as nossas esperanças!
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