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sábado, 14 de agosto de 2010

MULHERES DE BARRO


Dona Zefinha e Dona Ana
de Manoel de Anísio
tinham mãos arteiras
que moldavam a argila
como artesãs do dia-a-dia.

Na lida dessa herança cultural
das mais antigas,
elas cavavam e retiravam o barro
ali no chão da minha Várzea;
pisavam no barro
para fazer arte sã
no modelar da sina,
com suor e alegria,
tirando da terra a forma
de vasos, jarras e tinas.

Os olhos enrugados
já não escondiam
as marcas do tempo;
as forças já eram poucas,
mas as louceiras de Várzea,
com suas mãos dinâmicas,
metiam a mão na massa,
digo no barro molhado,
bem mexido e remexido.

Essas senhoras de mãos cheias,
levantavam suas peças de cerâmica,
transformavam barro em louças,
alguidares, potes, bilhas
dentre outros utensílios
de barro cozido, de encomenda ou
pra vender na feira de Domingo.

Tudo isso era feito sob a medida
do olhar, com o escopo e o prazer
de sair bem feito o ofício,
cujas agentes, as famosas louceiras
de barro, trabalhavam a argila,
moldando objetivos vários,
modelando esperanças novas,
burilando a vida e o sonho
na forma das mãos,
no torno do artifício.

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