Autor: João Ludugero
Calejo as mãos na colheita do milho
apanho feijão, debulho favas
paçoca no pilão, rapadura e gergelim
cocadas da branca e da preta
numa cuia de sonhos remendados
as rapadeiras de mandioca lidam
com a massa, entoam cantigas
mandioca na prensa
esperanças sangrando
manipueiras e cheiros
balaios de desejos encostados
vão resistindo à aridez do agreste
entre farinhas, beijus e tapiocas
Acreditando que além das cercas verdes
das cancelas do curral
tem sempre o sol amarelo
que se deita alaranjando na boca da noite
só pra esperar nascer de novo a alvorada
e com ela uma revoada de passarinhos
a enfeitar a paisagem varzeana
As lavadeiras do rio acordam e cantam
ao peso da sorte, a encher seus potes,
de límpidas águas de cacimba
enquanto coqueiros e velhas palmeiras
assoviam uma canção de liberdade
porque ainda acreditam no porvir
ainda cavam sonhos possíveis
Enquanto esse menino nativo
escava poemas simples assim
que falam um pouco da garra
da lida dessa gente que acredita
que não dorme no ponto
de partida, à espera de um dia
ainda beber na fonte
nesse riacho doce da felicidade
Uau! Adorei o poema... Parece tanto com meu povo...
ResponderExcluirValew!
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Abraços
Marcello