Calejo as mãos
na colheita do milho
apanho algodão
debulho favas e feijão de corda
arranco amendoim;
no pilão, a paçoca
carne de sol com farinha seca.
No rosto cortado de rugas
insiste uma lágrima
de cebola roxa;
noutro, rapadura e gergelim
Na forma, as cocadas
da branca e da preta
numa cuia, sequilhos e
um punhado de sonhos
quase nunca acordados
As raspadeiras de mandioca
lidam com a rotina
descascam, lavam
e ralam as raízes,
tiram a goma, o polvilho
lidam com a rotina
descascam, lavam
e ralam as raízes,
tiram a goma, o polvilho
decorrente da massa,
e ainda sobra tempo
e ainda sobra tempo
de entoar cantigas;
mandioca na prensa,
esperanças sangrando
manipueiras e cheiros
Balaios e cestos
de esperanças
encostadas, vão resistindo
à aridez do agreste
entre farinhas,
beijus, tapiocas e desejos
Isso que é saber retratar a dura realidade e transformá-la em uma bela poesia.
ResponderExcluirVocê tem o dom - E EU SOU TUA FÃ!!!
Prezadissimo Joao, parabens pelas poesias, sao lindas! Adoro saber que amigos ainda escrevem, ainda se sensibilizam com coisas singelas neste mundo cada vez mais insano. Um grande abraco, voce eh uma pessoa admiravel!!!
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