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domingo, 15 de agosto de 2010

DE ESPERANÇAS E SAMBURÁS
















Autor: João Ludugero

Eu sou de uma terra muito bonita
a que chamam de Várzea
que fica logo ali no Rio Grande do Norte,
um lugar assim onde a gente
aspira viver lá pra sempre
viver mais e melhor no meio da natureza
sentir-se bem à vontade, rico de verdade,
por ser dono de muita coisa não, quase nada,
pois lá nem precisa se vestir de propriedades,
uma vez que já se é dono de tudo isso
gratuitamente, como presente de Deus.

Aliás, Várzea nos ensina a ser dono
do próprio nariz, a curtir esse espaço
como possuidor que somos da paz
que sopra nesse vale fértil
banhado pelo rio Joca.
Ela é mãe que nunca nos abandona.
Ela nos dá o anzol e nos instiga a pescar.

Sou varzeano, ainda acredito na volta
daquele sagrado ritual, o de rever
os samburás cheios de peixes,
do clareio de curimatãs, piabas,
dos cascudos, muçuns, aratanhas e pitus.

Creio na abundância dos frutos da terra,
que, além de dar o pescado,
fornece também os tomates,
o cheiro-verde, o coco seco.
Temperos que acompanham a enfileira
de graúdos jacundás fisgados ali no rio Joca.

E de tal sorte, o varzeano regressava pra casa
contente da vida, satisfeito como quem volta
do mercado, com a feira já pronta.
Mas, como esperança é algo
que se renova, perene chama acesa,
por derradeiro, agradeço
e confio na fé que nos alcança,
porque ainda creio na fartura da mesa,
fazendo minhas orações de cada dia:
Creio em Deus pai.
Creio em Deus filho.
E no Espírito Santo, Amém!
Que abençõem essa terra-mãe,
tão cheia de esperanças,
tão cheia de graças, Ave-Maria!

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