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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GUERRA DE MAMONAS

Auor: João Ludugero 

Sou filho da Várzea de José Lúcio Ribeiro.
Nela reencontro minhas raízes, o meu canto.
Celebro a vida, sou mais um filho da Vargem.
Lembro do meu berço, uma rede do mais puro algodão 
que me esperava no alpendre de simples casa caiada,
onde habitava a felicidade.
E assim a gente aprendia a gostar da terra,
desde muito cedo, na convivência muito se aprendia, 
desde a admirar a natureza a tomar banho de rio no Joca, 
a nadar, a brincar na paz da guerra das mamonas.

Minha avó Dalila cultivava com amor, suor e afinco seu roçado.
Eu via tudo de perto, e muito aprendia no meu silêncio. 
Meus cadernos me acompanhavam, sempre. Recordo-me 
que ficava a estudar nas sombras dos juazeiros, 
cultivando minhas primeiras letras. Plantio de sonhos.
E eu gostava de ver o passaredo a cantar, 
enquanto o ar se enchia do agridoce olor da maniva, 
dentre leirões de tantos outros cultivos de subsistência.

Eu era ainda pequeno, franzino, mas via de perto 
aquela brilhante luz no espelho das águas, 
das salobras águas dos riachos da minha Várzea, 
a margear a roça, fertilizando o vale verde, 
presságio de boas novas e fartura na Várzea, 
terra do cheiro-verde, do viço das hortas fraternas, 
dos samburás cheios de peixes, 
da esperança de vida melhor, 
das farinhadas e dos beijus, 
da colheita da noção do repartir os frutos.

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