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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O GORRO DO SACI
















Autor: João Ludugero

Num dia ensolarado,
eu agarro tua trança
que me faz balançar
entre o açude e o rio
seguro de mim
faço poesia ao mergulhar
sereno
no Calango

Ainda que a luz interior
não me trabalhe o olhar
eu enxergo, em sintonia
com a paisagem agreste
eu vejo de perto
o passaredo no ar
a entoar cantigas,
que o vento junto assovia
a me remeter à saudade
que leva meu coração-pintassilgo
a passear longe da solidão
perto dos teus riachos,
fora do deserto
que fica quando estou
a léguas e léguas de ti.

Eu dobro a barra do tempo
penso em ti
que enlevas meu mundo,
penso em ti
que fazes o orbe girar, girassol
sem me deixar sair do lugar

Carrego sempre no bolso
um punhado de cores,
eu vou pelo caminho da roça, do roçado
eu reacendo o cachimbo da paz
eu insisto em pegar o gorro do saci,
jogando a peneira no redemoinho
no pó, na poeira da estrada de chão,
vou pulando só pra encontrar
a tal da égua da felicidade.
Eu vou andar e acabo voando
feliz pelo verde Vapor de Zuquinha
que cria suas nuvens esfiapadas,
nas quais invento carneiros no céu
usando a imaginação eu voo
quando quero viajar
pelas ruas da minha Várzea,
quando uma mão contente
me dá norte e prumo, a tua
feito uma estrela-guia, de certo.

Eu pinto de paz aquelas casas caiadas
afastando as sombras e os nós-cegos
do que fomos, sem mágoas,
agora abro portas e cancelas,
trago um tempo bom de brisa
de ares puros que embevecem
a alma de qualquer ser vivente,
energizando-me de sobra
em dádivas e sol amarelo,
sorrindo-me feliz, sadio
preser/várzea/ando-me,
antes de ser do/ente.

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