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quarta-feira, 10 de março de 2010

"DES-MUNICIA-MENTO"

Autor: João Maria Ludugero.

Eu disparo palavras de carinho,
Feito uma clavina ou clavinote,
mas sem nenhuma munição, sem pólvora
Eu miro tua retina, desarmado, sem balas.
Eu atiro setas a indicar o caminho, o alvo
Eu acerto teu coração, na mosca, num pinote.

Eu converso, eu faço poesia, eu faço versos.
Eu acordo no meio da noite pensativo
Digo acordo no modo de falar,não me abalo,
Pois passo a noite em claro, a piscar
Sob o sol do teu olhar, dois sóis,
Sem pregar a pestana, eu insisto,
A chorar de contente, eu pelejo,
Eu continuo a teimar, sem queixas.
Sabia que homem também chora?

Sem disfarçar, como gosto de falar
Eu descubro caminhos desconhecidos,
Finco minha bandeira de sonhos, de amores,
de bobeiras e outras coisas mais.
E ainda assim a gente concorda
Em ir lá pra ver o que será,
Por não achar sonho besteira.

Só pra ti, menina-moça faceira,
Por tudo isso é que venho aqui
Afoito a crescer, por tua causa,
Só pra te entregar de bandeja meu coração.

Já sei que és a dona dos meus olhos,
Por isso rogo a Santa Luzia, é claro,
Que proteja minha visão dia e noite,
Que sejas minha Salomé e eu, são João Baptista,
Que dances para mim, astuta odalisca,
Já não me assusta perder a cabeça!

Quero te dar todo meu Amor e carinho,
com raça, com força e determinação.
Chega de rusgas e ressentimentos,
Chega de me atirar no obscuro, quero me declarar.
Quero descambar no teu abraço, beijar tua boca
E morrer de paixão, minha flor do maracujá,
Entregando-te veias, capilares e coração.
Pouco importaria viver
senão fosse pra morrer de amor!

Tudo em razão de teres me mostrado, de fato,
Com todas as letras, com todas as palavras,
o que é viver a vida de verdade.
Viver mais e melhor, a um passo
do paraíso do teu nome, sem desatino,
que une versos em poesia,
sem pecado nem juízo.

Tu que me conduzes ao retiro de seu Olival,
Onde mergulho em águas límpidas, cristalinas.
Tu que és da minha Várzea, meu aconchego,
Tu que és a flor da minha Cidade da Cultura e da simplicidade,
Terra tão repleta de Marias, tão cheia de graças!

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